Nos meses de agosto e setembro, o público de São Paulo terá a oportunidade de assistir novamente, depois de 45 anos, ao primeiro musical assinado pelo cantor e compositor Oswaldo Montenegro. Trata-se de “João Sem Nome”, que será encenado nesta nova versão por um elenco especial, formado por 25 artistas em cena, entre eles 13 cadeirantes e dois deficientes visuais, alunos do projeto Mix Menestréis, da Oficina dos Menestréis.
Com direção e concepção de Deto Montenegro, “João Sem Nome” terá seis apresentações, nos dias 31 de agosto e 1º, 07, 08, 14 e 15 de setembro (sábado, às 21h e domingos, às 20h), no Teatro União Cultural.
Concepção
“João sem Nome”, o primeiro musical de Oswaldo Montenegro, foi criado em 1975, tendo como parceiro o compositor Arlindo Carlos Silva da Paixão, o Mongol, co-autor de vários sucessos da carreira do cantor. O espetáculo foi concebido durante o auge da ditadura militar e, com trechos proibidos pela censura, inicialmente foi dirigido por Hugo Rodas, coreógrafo e diretor uruguaio, que influenciou muito a estética de Montenegro nos musicais.
Trata-se de uma peça de temática nordestina, que fala da ânsia de querer ir embora e da ilusão que existe nisso, como retratado no poema “Metade” que, por exemplo, mostra a ilusão criada pela mídia, de que nas grandes cidades todos irão se dar bem.
Foi por meio de “João sem Nome”, que chegou ao Rio de Janeiro em 1976 e já contava com Madalena Salles, José Alexandre, Mongol e outros, que o grupo foi batizado pelo crítico do Jornal do Brasil, Yan Mishalsky, de “Os Novos Menestréis”.
“Decidi remontar ‘João sem Nome’ enquanto procurava um novo texto para encenar na Oficina dos Menestréis. Então reencontrei esta peça, mais antiga, de Oswaldo Montenegro e Mongol e o que mais me empolgou, primeiramente, foram as músicas. Em seguida, os textos, que são muito bonitos, pois falam da ideia do personagem João, de querer tentar a vida na cidade grande. O espetáculo apresenta algumas dúvidas com que o espectador se identifica, pois não trata-se apenas de ir embora de algum local específico, mas também de deixar alguma situação ou companhia que não se quer mais ter”, afirma o diretor Deto Montenegro.
Já a proposta de montar o espetáculo dentro do projeto Mix Menestréis, que reúne no palco cadeirantes e deficientes visuais, Deto explica seu olhar como diretor: “A ideia é de interação no palco, que os cegos sejam as pernas dos cadeirantes, e os cadeirantes sejam os olhos deles”.
Emoção
O autor, Oswaldo Montenegro não esconde sua alegria em saber que seu primeiro texto ganharia uma nova versão. “Para mim foi uma surpresa a notícia de que ‘João Sem Nome’ seria remontado. Eu não havia mais pensado neste texto e Deto Montenegro, curiosamente, tinha guardado a peça, como a guardou no coração. Saber que vai ser remontado é uma alegria muito grande, principalmente por se tratar do projeto Mix Menestréis, um tipo de evento que me proporciona uma emoção maior”, ressalta Oswaldo Montenegro.
O autor completa, destacando que “considero o trabalho do Deto, em geral, maravilhoso, mas a parte social é indescritível de tão bonito. É uma honra muito grande saber que essa ideia será revivida”.
Oficina dos Menestréis
Em 1981, o cantor e compositor Oswaldo Montenegro passou a trabalhar com um novo método para dirigir seu elenco de atores, cantores e bailarinos, a fim de atingir maior agilidade, maior noção de conjunto e atenção redobrada dos atores. Desta maneira, ele criou alguns exercícios baseados no método do reflexo e atenção para o treinamento de seus elencos.
Deto Montenegro, irmão e ator de suas peças, desenvolve e adapta para profissionais de todas as áreas este treinamento artístico, acreditando que o desenvolvimento do reflexo, da percepção e da capacidade intuitiva melhoram as condições de vida do indivíduo. Em 1986, monta sua primeira turma de Teatro Musical no Rio de Janeiro, estabelecendo um trabalho de sucesso nos anos seguintes. Em 1991, desembarca em São Paulo junto com a Companhia Oswaldo Montenegro, criando sua primeira turma na cidade, que resultou no musical “Noturno”, em cartaz até hoje na cidade de São Paulo.
Em 1993, Deto Montenegro estabelece sociedade com o ator Marco André Brandão de Magalhães (Candé), cria-se desse encontro a Oficina dos Menestréis, escola livre de teatro musical, com linguagem original e vocabulário próprio, contribuindo para a formação de público para o gênero.
Ficha Técnica: "João sem Nome"
Autoria: Oswaldo Montenegro e Mongol
Direção e concepção: Deto Montenegro
Assistência de direção: Matheus Perkmann e Paula Ferrari
Direção musical: Fábio Baptista
Assistente de coreografia: Aline Leony
Elenco: Alê Machado, Alessandra Bonfim, Aline Leony, Ana Almeida, André George, Andrey Coutinho, Ane Medeiros, Ed Cotrim, Fábio Baptista, Fenando Passos, Guilherme Rocha, Katynha, Lalá Cotrim, Márcia Jordão, Matheus Montenegro, Matheus Perkmann, Myrna Melo, Naisy Costa, Nathalie Taylor, Patrícia Pattaro, Paula Ferreira, Ricardinho, Rodolfo Ferrim, Selma Rodeguero, Tato Amorim.
Convidados: Roseli Behaker e Iza Molinari.
Figurinos: Ju Sanches
Direção de produção: Evelyn Klein
Produção executiva: Rony de Vita e Kátia Bortoletto
Assistência de produção: Vivian Oliveira
Serviço
"João sem Nome"
Dias: 31 de agosto e 1º, 07, 08, 14 e 15 de setembro (sábado, às 21h e domingos, às 20h)
Local: Teatro União Cultural
Capacidade: 276 lugares
Ingressos: R$ 70 ou R$ 35 (meia-entrada)
Endereço: Rua Mario Amaral, 209, Paraíso, São Paulo
Telefone: (11) 2148-2923
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