Por Helder Moraes Miranda, em julho de 2019.
O mundo anda muito sério. Às vezes até pesado demais com a disseminação de ódio - muitas vezes gratuito - que as pessoas emanam e disparam, na maioria das vezes, pela internet, sem o perigo do cara a cara. Há algumas maneiras de levar a vida e, geralmente, dois caminhos: o daqueles que amanhecem reclamando da vida e os que se levantam da cama dispostos a resolver os problemas com o mínimo de esperança.
O mundo não está fácil, os políticos que disparam boçalidades da mesma maneira que respiram, a crise econômica não é muito animadora e tudo parece conspirar para o mau-humor. Um dos antídotos, no entanto, ainda está na cultura. Só ela é um sopro de luz nesses tempos sombrios e, em um sábado à noite, até o próximo dia 27, no Teatro Folha, está a "Terça Insana".
Liderado por Grace Gianoukas, o espetáculo, que completou maioridade, vem fazendo sucesso na noite paulistana e, nesta temporada, lotando o Teatro Folha. Tal fato pode ser explicado por duas razões: o espetáculo é realmente bom e as pessoas andam desesperadas para rir. Ou rir um pouco mais nesse cotidiano insalubre em que parecem cada vez mais "irritadiças" e, ao mesmo tempo, bobas.
"Terça Insana" é crítico sem ser pessimista, é ácido sem ser amargo, é engraçado sem ser bobo. Não era de se esperar menos com um elenco que reúne Grace Gianoukas, Roberto Camargo, Agnes Zuliani, Mila Ribeiro, Darwin Demarch e Silvetty Montilla, a "Rupaul Brasileira", além de sempre um ator convidado que não faz feio. Fazer rir nesses tempos, além de ser uma dádiva, requer muito talento e um pouco de presença de espírito.
Juntando os dois, a mistura pode ser imbatível e é isso que faz de "Terça Insana" o melhor programa que você pode ter em um sábado à noite - por mais absurda que possa parecer um espetáculo chamado "Terça" ser apresentado aos sábados. Mas, se parar para pensar, "terça" é um escapismo e absurdo é a piada diária que o retrocesso desses políticos está servindo aos olhos mais atentos. Até isso serve de matéria-prima para esse grandiloquente espetáculo. Em tempos difíceis, a arte e a comédia são muito bem alimentadas e se tornam ainda melhores.
*Helder Moraes Miranda é bacharel em jornalismo e licenciado em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura, pela USP - Universidade de São Paulo, e graduando em Pedagogia, pela Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Participou de várias antologias nacionais e internacionais, escreve contos, poemas e romances ainda não publicados. É editor do portal de cultura e entretenimento Resenhando.
Encerramento do espetáculo
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