Por Luiz Gomes Otero*, em maio de 2019.
Nana Caymmi sempre rejeitou o rótulo de diva da nossa música popular. Mas a cada ano que passa ela acaba se tornando um pouco dessa definição. E nesse seu mais recente lançamento, com composições do mestre da fossa, Tito Madi, ela chega a beirar a perfeição como interprete, transbordando emoção e talento com sua poderosa voz, aos 77 anos de idade.
Tito Madi faleceu em 2018. Mas ainda em vida chegou a ouvir a prévia desse disco e fêz questão de dar o seu aval para o projeto de Nana. Dá para imaginar a emoção do homenageado ao ouvir seus clássicos na voz dessa estrela na nossa MPB, que há dez anos não lançava um disco.
No repertório há aquelas canções obrigatórias em uma coletânea de Tito Madi, como "Cansei de Ilusões", "Balanço Zona Azul" e "Chove Lá Fora", que se mesclam com outras menos conhecidas. Mas mesmo essas acabaram se encaixando perfeitamente na voz de Nana.
José Milton, produtor dos discos da cantora há 25 anos, assume mais uma vez essa função. Dori Caymmi, irmão que Nana define como uma pessoa-chave em sua trajetória, e o pianista Cristóvão Bastos, um dos autores do sucesso "Resposta ao Tempo", assinam os arranjos.
É impossível apontar uma faixa como a preferida do disco. O trabalho tem uma forte carga emocional em todas as 11 composições escolhidas. Gostei de descobrir as menos conhecidas como "Sonho e Saudade". A produção deu um toque de bossa nova dos anos 60, um som sofisticado e ao mesmo tempo simples, com a mensagem poética característica de Tito Madi. Uma justa homenagem de Nana a um dos mestres compositores da nossa MPB.
"Cansei de Ilusões"
"Chove Lá Fora"
"Balanço Zona Sul"
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