Por Luiz Gomes Otero*, em maio de 2019.
.: Entrevista: Roberta Campos é do mundo, é Minas Gerais
A mineira Roberta Campos está divulgando o seu mais recente lançamento, o DVD "Todo Caminho É Sorte", registro de uma apresentação ao vivo que sintetiza de certa forma os seus dez anos de carreira na música. O repertório do DVD inclui seus maiores sucessos como "De Janeiro a Janeiro", "Abrigo" e "Minha Felicidade", além da elogiada releitura de "Casinha Branca", do compositor Gilson.
Ela conta que vem buscando expandir sua música para o cenário internacional. Já fez apresentações recentemente na Europa, que obtiveram boa aceitação do público e da crítica. Em entrevista para o Resenhando, ela explica como foi sua trajetória na música e fala sobre esses novos projetos que pretende desenvolver nos próximos meses. "Sinto que abri as portas para o mundo".
RESENHANDO - Com esse DVD ao vivo, você marca seus dez anos de carreira. Que balanço você faz desse primeiro período da carreira?
ROBERTA CAMPOS - Esse DVD não só comemora esses dez anos de carreira discográfica, mas principalmente é uma celebração de toda minha vida! Todos os objetivos traçados e alcançados. Eu venho de uma cidade de Minas Gerais, uma cidade pequena e pobre, de uma família pobre também. Enfrentei muitas dificuldades para ter acesso à cultura, para ter um bom instrumento, para divulgar a minha arte... Superei tudo isso, busquei muito ter contato com tudo o que eu gostava e queria aprender. Todo esse crescimento reflete em minha vida, reflete muito nas minhas letras, no meu violão, no meu jeito de cantar, de falar... O meu DVD é um marco, em que esse crescimento, esse amadurecimento, é comemorado e visível!
RESENHANDO - No repertório há diversas canções que fizeram parte de trilhas de novelas com sucesso de público e crítica. Como foi que surgiu essa sua relação com essas produções da TV? Foi algo planejado ou aconteceu naturalmente?
R.C. - Foi tudo acontecendo naturalmente, nunca fiz música pensando num trabalho, nunca fiz por encomenda, as músicas cabem no tema das novelas e elas acabam entrando. Na verdade, acho que isso se deve por minhas canções serem imagéticas e terem também uma poesia fácil e muito direta. Acredio que isso ajuda na tradução da imagem, da cena. Assim tenho tido essa sorte e felicidade de sempre fazer parte das trilhas sonoras das telenovelas.
RESENHANDO - O amor é a tônica da maioria de suas composições, que tendem sempre para mostrar o lado positivo da vida. Seria esse o segredo para esse seu sucesso junto ao público? O que você pensa sobre isso?
R.C. - Eu gosto de falar de amor, amor num todo! Sinto que as pessoas precisam receber palavras e mensagens que levam a elas sentimentos bons, acalento, um abraço... Eu faço isso de uma forma natural, escrevo assim porque me faz bem, antes de tudo. E acredito que pode ser um dos motivos que faz com que minha música seja cada vez mais conhecida e querida pelas pessoas! Além disso, eu recebo tanta mensagem me contando o quanto minha música ajudou num momento difícil e que leva sentimentos tão bonitos e verdadeiros, gosto muito desse caminho por isso também!
RESENHANDO - Você surgiu em um momento de transição da indústria fonográfica, que ainda tenta se adaptar a realidade dos downloads pela internet. Que análise você faz dessa nova realidade que o mercado enfrenta?
R.C. - Há muito tempo não se ganha dinheiro com discos. Eu penso que agora é o momento de cada vez mais entender como as pessoas escutam a minha música e como chegar a elas. Seja para levar minhas canções, trazer elas para as redes sociais e criar cada vez mais interesse em tudo que faço e claro, principalmente contar onde os shows estão acontecendo!
RESENHANDO - Você teve algumas parcerias bem interessantes nesses dez anos, com Nando Reis, Marcelo Camelo e Marcelo Jeneci. Você pensa em produzir algo em parceria com eles ou outros músicos no futuro?
R.C. - Com o Nando foi algo bem diferente para ele como compositor! Eu fiz "De Janeiro a Janeiro" em 1999, vim a convidar ele para gravar no meu disco, cantar comigo, em 2010, no meu álbum "Varrendo a Lua". O Nando está acostumado a fazer músicas e que as pessoas gravem as músicas dele. Dessa vez, ele cantou uma música minha. E foi super positivo e muito interessante. Ele até acabou incluindo no show dele. A música teve uma grande repercussão e aceitação do publico, tanto que as pessoas acabaram achando que a música era de composição dele... Chamei o Marcelo Camelo para dividir os vocais na minha música "Amiúde", canção que gravei no meu álbum de 2015, o "Todo Caminho É Sorte", disco que me deu muitas coisas boas. Quatro músicas em novelas e uma indicação ao Grammy como "Melhor Album de Música Popular Brasileira" em 2016. Essa é uma música que fiz, depois de uma conversa com meu outro eu. Foi muito importante ter o Camelo cantando comigo. Sempre fui muito fã do Los Hermanos, em especial dele quando fazia a música, chegava ouvir sua voz cantando! Quando fiz a produção da música, chamei o Jeneci para gravar piano. Ele teve ideias ainda maiores e acabou colocando também órgão de tubo e cravo, deixando o arranjo ainda mais florido e bonito! Realmente fiquei muito bem acompanhada nessa minha viagem!
RESENHANDO - Você é mineira e há vários anos esse estado mantém a sina de revelar novos talentos para a música. O que será que Minas Gerais tem de tão especial para que isso aconteça?
R.C. - Eu acredito que Minas Gerais tem uma simplicidade que acaba fazendo com que a gente veja o mundo de uma forma mais poética. Isso traz uma riqueza para a nossa vida e reflete na arte que fazemos. O simples é difícil, porque precisa ter a clareza de que a simplicidade carrega uma riqueza enorme!
RESENHANDO - Em uma entrevista recente, você disse que seu próximo passo seria conquistar o mercado internacional. Como e quando você pretende realizar esse projeto?
R.C. - Estive na África e Portugal em abril. Foram shows incríveis e sinto que abri as portas para o mundo! Sempre sonhei em levar minha música para o mundo, e o primeiro passo foi dado! Toquei primeiro em Cabo Verde, participei de um importante festival na cidade de Praia, o Kriol Jazz, representando o Brasil! Em Portugal, fiz um trabalho de divulgação e fiz três shows, o primeiro em Lisboa, no Time Out, depois fui para Coimbra me apresentar no Salão Brazil e fechei a minha passagem por Portugal e me apresentei em Porto, na Casa da Música.
RESENHANDO - Você vem compondo canções novas para um álbum de inéditas?
R.C. - Eu estou sempre compondo... Mas ainda não sei exatamente se meu próximo trabalho será um álbum, mas já tenho músicas prontas para mais de um álbum!!
"De Janeiro a Janeiro"
"Casinha Branca"
"Minha Felicidade"
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