terça-feira, 23 de abril de 2019

.: Crítica de "Billy Elliot - O Musical": espetáculo sobre sonhos e adversidades

Por Helder Moraes Miranda, em abril de 2019.


Após o musical arrasa-quarteirão "Annie", o Atelier de Cultura traz para o público outro espetáculo que tem tudo para ser um grande sucesso. Trata-se de "Billy Elliot - O Musical", em cartaz até dia 31 de maio no Teatro Alfa, que, como se não bastasse, ainda tem músicas de Elton John. 

O musical conta com três meninos no papel-título: Pedro Souza, Richard Marques e Tiago Fernandes - este último, o protagonista na apresentação em que o Resenhando assistiu, e a sensação é a de que se está presenciando o surgimento de um astro que, lá na frente, brilhará nos palcos em papéis cada vez mais desafiadores. Billy Elliot foi o primeiro deles, porque Tiago canta e dança como sem demonstrar nenhuma dificuldade e fazendo com que o público tivesse a ilusão de que isso era a coisa mais fácil do mundo, tamanha a naturalidade que ele demonstrava.

Desenvolto, também, é o jovem talento Paulo Gomes - que divide o personagem Michael Caffrey com outros astros mirins: Felipe Costa e Tavinho Canalle. O personagem de Paulo é o alívio cômico do espetáculo e, com ele, o público sorri mesmo diante das mazelas de Billy Elliot e dos desafios que ele precisa enfrentar para se aproximar de seu verdadeiro amor: a dança. Se com Paulo Gomes o público consegue retirar a graça necessária para acompanhar o espetáculo com otimismo, a avó de Inah de Carvalho também faz o público rir ao abordar o drama das pessoas que sobrem do Mal de Alzheimer. O riso, nesse caso, é de ternura.

Mas diante de um cenário de greve e miséria do início dos anos 80, agarrar-se a qualquer coisa não seria uma espécie de salvação? Não. Sendo assim, o personagem principal teria se agarrado ao boxe, esporte que não apresentaria nenhuma resistência, nem precisaria colocar em cheque os preconceitos da comunidade, do pai e do irmão. Por falar na família de Billy Elliot, Carmo Dalla Vecchia, recém-saído de um protagonista de "Malhação", dá consistência a um papel mais maduro. 

Já o ator convidado Beto Sargentelli (o Zezé di Camargo em "Dois Filhos de Francisco"  - crítica neste link - e o protagonista de "Os Últimos Cinco Anos", crítica neste link) é garantia de qualidade em qualquer espetáculo. Sargentelli vem conquistando espaços cada vez mais interessantes em sua trajetória como ator de teatro musical e essa espécie de vilão defendido por ele em "Billy Elliot" mostra uma faceta diferente dos mocinhos que ele vem apresentando ao público ao longo desses anos. Vanessa Costa, como a enérgica Mrs. Wilkinson, também traduz o amor pela arte em uma atuação forte e, ao mesmo tempo, afetiva.

Sara Sarres, que emendou um dos papéis principais em "Annie" com "Billy Elliot", dá a interpretação na medida certa ao papel de uma mãe que está morta, mas que guia o público a momentos dramáticos. Em uma espécie de pacto com o público, ela empresta suavidade e doçura a momentos que poderiam ser extremamente pesados. 

Tudo em "Billy Elliot", no entanto, desde os cenários grandiosos até os figurinos dos anos 80 - muito bem executados - foram construídos para que o público perceba a mensagem de que ninguém pode ser detido se estiver firme na busca de um sonho. Necessário e mágico ao mesmo tempo. Um antídoto para as mazelas dos noticiários, uma dose de otimismo para os tempos modernos e uma injeção de ânimo, música e arte para aqueles que têm ou precisam encontrar um objetivo na vida.

Serviço
O Teatro Alfa fica na rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 - São Paulo. Sessões às sextas-feiras, às 20h30, aos sábados, às 15h e às 20h, e aos domingos, às 15h e às 19h (no próximo domingo, dia 28 de abril, as sessões começam às 14h e às 18h30). 



*Helder Moraes Miranda é bacharel em jornalismo e licenciado em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura, pela USP - Universidade de São Paulo, e graduando em Pedagogia, pela Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Participou de várias antologias nacionais e internacionais, escreve contos, poemas e romances ainda não publicados. É editor do portal de cultura e entretenimento Resenhando.

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