Maria Padilha estreou seu primeiro monólogo em 2018, comemorando seus 40 anos de carreira. E dá continuidade à comemoração em curta temporada em São Paulo, no Sesc 24 de Maio |
“Não é, absolutamente, um diário íntimo, mas tão apenas o diário de uma hospiciada, sem sentir-se com direito a escrever as enormidades que pensa, suas belezas, suas verdades. Seria verdadeiramente escandaloso meu diário íntimo.” (Maura Lopes Cançado)
O espetáculo é um relato autobiográfico que a escritora fez nos sanatórios e clínicas em que esteve internada, enquanto vivenciava o horror dos tratamentos psiquiátricos da época. “O que Maura escreve sobre a natureza humana, loucura, sanidade e religiosidade impressiona pela assustadora lucidez com que aborda os temas”, descreve Módena.
A escritora mineira de São Gonçalo do Abaeté, que faleceu há 25 anos, foi festeja pela nata da literatura brasileira quando estava prestes a completar 90 anos. Segundo o escritor Otto Lara Resende, “Maura é um testemunho de que a vida é muito forte, sobretudo quando se encarna em alguém da qualidade e do talento que ela tem. Maura é única e insubstituível”. Para o poeta Ferreira Gullar, “um dos mais contundentes depoimentos humanos já escritos no Brasil”. Segundo Carlos Heitor Cony, Maura é maior que a autora de "A Hora da Estrela". “Clarice, de certa forma, viveu em sua redoma: Maura não. Maura não é peixe de aquário: é peixe de oceano, que vai fundo.”
Nascida em uma família rica e importante de Minas Gerais, Maura Cançado aos 7 anos de idade já tinha o hábito de inventar personagens para si mesma. Foi nesta época que os ataques epiléticos começaram. Diagnosticada como psicótica, passou por diversos sanatórios e clínicas psiquiátricas. Em seu diário contava fatos determinantes de sua vida antes e durante sua internação, denunciando os terríveis métodos de tratamento praticados. Estreou em 1959 como escritora no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil. Em 1965 foi publicado "Hospício É Deus". Em 68, "O Sofredor do Ver".
Os títulos foram reeditados pela editora Autêntica em 2015. Teve seu nome maculado na história da literatura ao matar por estrangulamento uma interna grávida. Após o episódio, Maura parou de escrever e foi esquecida por formadores de opinião e escritores. Solta em 1980, ainda passou por outras clínicas nos últimos anos de sua vida. Faleceu no dia 19 de dezembro de 1993 devido a um infarto.
O cenário não realista de André Cortez propõe a visão de Maura em relação ao espaço cênico; como esta “mulher poeta” enxerga o quarto do hospício. Camas de hospital se transformam nas páginas do diário, janelas que são espaço de liberdade e prisão. Os elementos do hospício são componentes da narrativa. O figurino de Marcelo Pies segue a mesma estética. Um uniforme de hospiciado bem longo, que evoca também religiosidade. A trilha de Marcelo H é atemporal e cria atmosferas, ruídos e sonoridades, como se o som reverberasse da cabeça de Maura. O iluminador Paulo César Medeiros completa a ficha técnica.
"Diários do Abismo"
Sesc 24 de Maio (216 lugares)
Rua 24 de Maio, 109 - República
Transporte público: Estação Brigadeiro do Metrô – 350m
Informações: 3350-6315
Bilheteria: terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h
Vendas online a partir de 26 de fevereiro, às 12h.
Vendas nas unidades a partir de 27 de fevereiro, às 17h30
Ingressos à venda pelo Portal sescsp.org.br e em toda rede Sesc SP
Quinta a Sábado às 21h | Domingo às 18h
Ingressos: R$ 40
R$ 20 (meia-entrada: estudante, servidor de escola pública, +60 anos, aposentado e pessoa com deficiência)
R$ 12 (credencial plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes)
Duração: 70 minutos
Recomendação: 12 anos
Gênero: monólogo
Estreou em setembro de 2018 no Rio de Janeiro
Estreia dia 15 de março de 2019
Curta Temporada: até 7 de abril
Ficha Técnica:
Obra original: Maura Lopes Cançado
Dramaturgia: Pedro Brício
Elenco: Maria Padilha
Direção: Sergio Módena
Iluminação: Paulo César Medeiros
Cenário: André Cortez
Figurinos: Marcelo Pies
Projeções: Batman Zavareze
Trilha sonora e composição original: Marcelo H
Assessoria de imprensa: Morente Forte Comunicações
Direção de produção: José Luiz Coutinho e Wagner Pacheco
Realização: Cena Dois Produções Artísticas
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