Rede atualmente possui 17 salas distribuídas em quatro complexos entre Santos, São Vicente e Cubatão
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O Roxy é caso raro de cinema que acompanhou a transformação da maneira de se exibir um filme: dos primeiros e grandes rolos de película ao sistema digital. Essa rica trajetória se deve à perseverança e o senso empreendedor da família Campos: de pai para filho, chegou ao atual diretor do Roxy, Antônio Campos Neto, o Toninho Campos.
Nos anos 80, o empresário dirigiu a clássica casa noturna "Heavy Metal", que faria 35 anos em 2018. Foi responsável também pelos primeiros e mais importantes shows do rock nacional na região, inclusive o último da banda Barão Vermelho com o vocalista Cazuza, ocorrido em Santos. Toninho transformou o antigo Roxy num espaço com cinco salas detentoras da melhor tecnologia cinematográfica. A modernização, aliada à tradição, transformou o Roxy no principal cinema do litoral paulista, fato que lhe rendeu quatro vezes o Prêmio ED, o “Oscar” dos exibidores e distribuidores de filmes do Brasil.
Panorama
Santos é, atualmente, uma das cidades que leva, proporcionalmente, mais pessoas ao cinema por ano no Brasil. São 1,5 milhão de espectadores nesse período. Quase quatro idas ao cinema por pessoa. Desse público, que atinge todas as idades e classes sociais, 50% vão às salas do Roxy, localizadas no tradicional Roxy 5 e no Roxy 4 do Pátio Iporanga.
Em São Vicente, não é diferente. Criado há 12 anos, o Roxy Brisamar transformou o município em um dos que atrai mais pessoas às salas de projeção, anualmente. São 600 mil espectadores por ano.
Depois, em 2012, foi a vez do Roxy 2 – Parque Anilinas surgir para saciar a vontade da população de Cubatão, que não tinha um cinema na cidade há quase vinte anos. A nova unidade foi somada às demais, entre elas a do Pátio Iporanga, de foco mais artístico e inaugurada no fim de 2009. Todas as unidades fazem da rede Cine Roxy, a única do país com salas de projeção em cinema de rua, shoppings e no meio de um parque.
Evolução
A capacidade de inovar do Cine Roxy vem desde sua origem, em 15 de março de 1934, quando exibiu “O Cântico dos Cânticos”, baseado no romance do escritor alemão Hermann Sudermann, e estrelado por Marlene Dietrich. Inicialmente, o cinema comportava mais de 3 mil pessoas.
Nessa época, o Roxy já encantava o público santista por apresentar uma infraestrutura aos moldes das grandes salas dos EUA, incluindo o moderníssimo ar condicionado. Na segunda metade da década de 1950, o cinema passou por grandes reforma e modernização, finalizada em outubro de 1957. Reabriu para exibir “Ilha dos Trópicos”, dirigido por Robert Rossen e estrelado por James Mason e Joan Fontaine.
Totalmente remodelado, passou a contar com 1500 confortáveis poltronas instaladas em sala devidamente inclinada e uma das maiores do país. O tratamento acústico da sala recebeu revestimento de Eucatex e som estereofônico com quatro faixas magnéticas.
Na virada dos anos 90 para os 2000, chegaram as salas de cinema em shoppings, menores do que o costume, no sistema multiplex. O Roxy não ficou atrás e a partir de 2003 passou a contar com cinco salas no tradicional endereço da Avenida Ana Costa.
O filme que ficou mais tempo em cartaz
Nesses quase 85 anos, o filme que ficou mais tempo em cartaz foi “Ghost: do Outro Lado da Vida”, exibido durante quase um ano e meio entre o Roxy e o Cine Indaiá, quando este último foi dirigido por Toninho Campos.
O Roxy acompanha os principais lançamentos, desde os blockbusters até filmes premiados e independentes, bem como espetáculos musicais e competições esportivas. Colabora no fomento cultural e artístico, através de parcerias com festivais, projetos, produtores culturais, cineastas e artistas.
Por isso, costuma ser a escolha das distribuidoras e produtoras para as avant-premières em Santos, cujos resultados superam ou igualam aquelas feitas em capitais. E não deixa de incentivar a produção local, cedendo espaço para estreias de trabalhos realizados na Baixada.
A cada estreia, o Roxy coloca em prática um forte trabalho de divulgação na mídia regional, mediante ações de marketing e assessoria de imprensa, para disseminar informações dos filmes que serão lançados. Após o debute do longa, segue-se um trabalho que visa mantê-lo na lembrança do público.
Por exemplo, nos últimos lançamentos da franquia “Star Wars”, o Cine Roxy 5 contou com apresentações da Banda Marcial de Cubatão (em formato orquestra) levando ao público a trilha sonora da saga, ao ar livre, em frente ao cinema, além das presenças de cosplayers devidamente trajados como os personagens dos filmes. Esse tipo de ação acontece com frequência e é destaque na cidade, nos veículos de comunicação, e repercutem nacionalmente, visando divulgar as estreias.
Atores como Alexandre Borges, Alessandra Negrini, Milhem Cortaz, Emílio Orciollo Netto, Suzana Pires, Leandra Leal, o elenco mirim de Detetives do Prédio Azul, a banda Titãs, o Rei Pelé, entre muitos outros artistas e profissionais de destaque, lançaram seus respectivos filmes no Cine Roxy.
Durante todos os anos, o Cine Roxy abre espaço para lançamentos de produções locais, de curtas, médias e longas-metragens. Foi sede e recebe festivais como Santos Film Fest, Curta Santos, itinerâncias do Festival Sesc Melhores Filmes, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, É Tudo Verdade, etc.
Calçada da Fama
Em 24 de junho de 2004, mais de 10 emissoras de tevê estrangeiras, além de dezenas nacionais, marcaram presença no Cine Roxy. Foi quando estreou “Pelé Eterno”. Na ocasião, o Rei do futebol esteve presente e registrou suas mãos na Calçada da Fama do Cine Roxy.
Com estrelas distribuídas pelo hall de entrada do cinema, o espaço cujo nome é referência ao irmão mais velho hollywoodiano, valoriza profissionais que levam o nome da Baixada Santista a todo o país.
Na Calçada da Fama do Cine Roxy estão imortalizados, por exemplo, o jogador Neymar, o cantor Chorão, o crítico Rubens Ewald Filho, os atores Nuno Leal Maia, Sérgio Mamberti, o produtor Toninho Dantas, o maestro Gilberto Mendes, os surfistas Cisco Araña e Picuruta Salazar, entre outros.
Um ano de cinema gratuito
Para celebrar os 85 anos, o Cine Roxy promoverá uma grande ação nas redes sociais que irá ao ar no dia 15 de março e cujo premiado terá direito a um ano de cinema gratuito, em qualquer das unidades do cinema. Também serão realizadas, durante o ano, as tradicionais pré-estreias.
Foto: Nara Assunção |
Antonio Campos Neto, o Toninho Campos, 66 anos, é paulistano de nascimento, mas santista de vida e coração: se mudou para a cidade praiana ainda aos dez anos. Chegou a ser dono de cinemas no Rio Grande do Sul. Mas foi em Santos que fez história.
Graças a ele e sua casa noturna "Heavy Metal", os santistas puderam ver, no início dos anos 80, shows de bandas como Paralamas do Sucesso, Titãs, Gang 90, e muitas outras. No Caiçara Clube, realizou, entre tantos, shows da legião Urbana, Camisa de Vênus (que resultou num clássico álbum ao vivo) e o último do Barão Vermelho com Cazuza.
É no cinema em que sua vida tem sido dedicada. Seu avô, Antonio Campos Junior, fundou o Cine Roxy em 1934, inspirado no cinema homônimo de Nova York. Seu pai, Francisco, manteve a força e a tradição do cinema. E, mesmo com a chegada dos multiplex, Toninho não apenas manteve vivo o Cine Roxy, o último da era de ouro dos cinemas de bairros da cidade, como o reformulou, expandiu e o transformou num dos mais queridos entre distribuidores, produtores e cineastas do país. Sede de pré-estreias com presenças de grandes diretores e atores. Mantém unidades em Santos, São Vicente e Cubatão. É fã do clássico “Doutor Fantástico”, e de “Sparcatus”, ambos de Stanley Kubrick.
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