Por Luiz Gomes Otero*, em fevereiro de 2019.
Falecida em 2017 aos 70 anos, a cantora Célia teve lançado um CD e DVD de um show realizado dois anos antes de sua morte. E o lançamento póstumo confirma o que já se sabia: ela foi uma interprete de voz forte e afinada que sempre mereceu um espaço maior na mídia.
"O que Não Pode Mais se Calar" é o nome do DVD+CD idealizado e produzido pelo DJ Zé Pedro, dirigido por Murilo Alvesso, com arranjos e direção musical de Rovilson Pascoal. Mas a estrela realmente é Célia, que deu uma intensidade na medida certa para uma série de composições, algumas delas desconhecidas do grande público.
Entre essas músicas, há "Abrace Paul McCartney" (de Joyce Moreno, 1971), "Vida de artista" (Zé Rodrix e Luiz Carlos Sá, 1972), "Na Boca do Sol" (Arthur Verocai e Vitor Martins, 1972), "Abandono" (Ivor Lancellotti, 1974), "Mãe, Eu Juro" (samba de Peteleco e Marques Filho, de 1957) e "Cigarro" (Zeca Baleiro, 2005).
Ficou ótima a versão de Célia para "Se o Caso é Chorar", de Tom Zé, com a batida irresistível do samba contrastando com a melancolia da letra do genial compositor baiano. E dispensa comentários a sua versão de "Muito Romântico", de Caetano Veloso. Simplesmente genial.
Célia é um daqueles casos que são difíceis de se explicar na nossa música popular. Como é que alguém com um talento tão visível pode ter ficado tanto tempo afastada dos holofotes da mídia? Em que pese que sua carreira sempre se desenvolveu de forma ininterrupta, mesmo sem uma divulgação maior de seu trabalho.
Esse lançamento, ainda que póstumo, faz justiça para a obra dessa genial intérprete. Espero que consigam relançar os álbuns de estúdio dela, que tem muitos momentos marcantes e outras interpretações geniais.
"Se o Caso é Chorar"
"Muito Romântico"
"Crua"
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