segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

.: Flávio Renegado comemora 10 anos de carreira com relançamento


Rapper mineiro apresenta releitura da capa do disco "Do Oiapoque a Nova York" e lança o trabalho em vinil e nas plataformas digitais

O rapper Flávio Renegado comemora 10 anos de trajetória na cena musical, tendo como marco o dia 29 de outubro, data que marca o lançamento do seu primeiro disco, "Do Oiapoque a Nova York", lançado de forma independente em 2008 e que vendeu mais de 20 mil cópias e o levou para turnê internacional por Cuba, França, Inglaterra, Espanha, Estocolmo, Amsterdã, Austrália e Estados Unidos, onde fez um show memorável no Central Park, em Nova York, além de percorrer dezenas de cidades brasileiras, somando um total de 148 shows em dois anos de tour. 

Para celebrar este marco, o artista fez o relançamento do disco em vinil e nas demais plataformas digitais, que até então não disponibilizaram o trabalho. Disco seminal da música brasileira contemporânea, "Do Oiapoque a Nova York", obra que se mantém atual e provocativa, será relançada com direito a releitura da capa realizada pela dupla Denis Leroy e Leonardo Cesario, os mesmos que realizaram a primeira edição em 2008. As fotos da capa e divulgação são assinadas por Marcio Rodrigues. E de surpresa, Flávio com sua inquietude, nos apresenta a cantora e sambista Manu Dias, interpretando "Meu Canto", como fez há 10 anos, revelando a cantora Aline Calixto.

Produzido por Daniel Ganjaman, e pré-produzido por Flávio e o Mestre Gil Amândio, Do Oiapoque a Nova York e Flávio são considerados, no rap, como um dos primeiros artistas e trabalhos, a misturar ritmos brasileiros e formação clássica de banda de rock. Pode-se dizer que Flávio saí da zona de conforto e arrisca e com sua inquietude o CD de estreia levou Flávio aos quatro cantos do mundo.

Beats calibrados, nas 13 faixas do álbum, percebemos a construção subjetiva de um artista — ou, antes disso, de um morador do Alto do Vera Cruz — em busca de sua identidade (múltipla que seja) e da própria sobrevivência, à revelia das dificuldades impostas pelo mundo e pelas circunstâncias. É um canto torto, feito faca, que envolve um lirismo urbano próprio do rap e do hip hop, mas flerta com a ancestralidade africana e com a estética afrofuturista, extraindo das questões sociais e raciais uma poesia de afronta e empoderamento.

A obra reflete uma característica intrínseca à obra de Flávio Renegado: o hip hop atravessado por diversas influências musicais. As parcerias do disco apontam para o seu labirinto de sonoridades e ecos musicais: do hip hop paulista vieram Funk Buia (Z'Africa Brasil) e Max B.O; da MPB mineira, Aline Calixto e Júlia Ribas; e da música latino-americana os cubanos Alayo, que vieram ao Brasil especialmente para gravar o disco, e Cubanito, que reside em BH. A obra conta ainda com a participação da delicadeza das Meninas de Sinhá, vindas da comunidade do Alto Vera Cruz.

O cantor iniciará uma turnê comemorativa que passará por São Paulo, com a participação especial do seu amigo Simoninha, duas datas no Rio de Janeiro, com dividindo palco com João Cavalcante e Pretinho da Serrinha, Brasília e, claro, sua terra natal, Belo Horizonte, no festival Somos Todos Black.

O mundo é esse lugar lindo, porém difícil. Mas o que se faz com isso? Como ultrapassar as condições desiguais que submete a tantos? Como desalojar-se do medo, da miséria e das opressões que ordenam muitas das vidas. Se a pergunta for dirigida ao cantor e compositor Flávio Renegado, a provável resposta será: — É com amor e com arte!

Este mineiro, nascido no Alto Vera Cruz, periferia de Belo Horizonte (MG), é um artista iluminado pelas luzes da favela. Foi aos 15 anos que começou a exercer suas rimas, ao mesmo tempo em que deu início à sua atuação em movimentos sociais. Esses dois gestos — a estética e a política — definem até o hoje a vida e o trabalho de Flávio Renegado. Em 1997, foi um dos fundadores do seu grupo de rap e em 2007 fez seu primeiro show solo, e o sucesso de público o incentivou a cair na estrada com seu trabalho solo.

Veio, então, o seu disco de estreia, inigualável em sua carpintaria artística, um marco da música mineira, "Do Oiapoque a Nova York". E o primeiro grande reconhecimento de seu trabalho, com o prêmio Hutúz, o maior do gênero hip hop na América Latina, nas categorias "Artista Revelação" e "Melhor Site".

"Do Oiapoque a Nova York" é um trabalho inquieto, vivo, dançante — e convoca os corpos para o prazer e para a luta. É hora de comemorar uma década do primeiro grande passo de uma carreira cheia de grandes conquistas por parte um artista engenhoso e perspicaz, cuja voz é a de um guerreiro em tempos de guerra.

Flávio já prepara seu próximo projeto especial que faz parte desta comemoração pra abril do próximo ano, logo após o carnaval, a sua Suíte Masai, em parceria com a Orquestra Ouro Preto, trazendo ineditismo para o hip hop, misturando rap e o erudito, o mano e os maestro.

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