Pinturas hiper-realistas de Pedro Campos e Craig Willie |
A mostra traz pinturas, esculturas, vídeos e instalações interativas de 30 artistas contemporâneos, como John De Andrea, Ben Johnson, Craig Wylie, Javier Banegas, Ralph Goings, Raphaella Spence, Simon Hennessey e os brasileiros Fábio Magalhães, Giovanni Caramello, Hildebrando de Castro e Regina Silveira.
A exposição “50 anos de realismo - Do Fotorrealismo à Realidade Virtual” abre ao público no dia 7 de novembro no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo. Com curadoria de Tereza de Arruda, a mostra apresenta um acervo inédito e abrangente da realidade e sua representação em diversos segmentos da arte contemporânea nas últimas cinco décadas.
“A proposta possui um caráter de ineditismo, pois o fenômeno da representação da realidade nunca foi tratado a partir do fotorrealismo, sendo este aprimorado através do hiper-realismo, seguido da perspectiva de expansão futura através da realidade virtual”, diz a curadora. Para Arruda, imagem e realidade, assim como a verdade e realidade, parecem ser, à primeira vista, idênticas. “Justamente por essa aproximação, surge um certo estranhamento e desconforto no momento em que nos perguntamos o que é a realidade e qual sua importância na representação artística”, acrescenta.
Com cerca de 90 obras, entre pinturas, esculturas, vídeos e instalações interativas, de 30 artistas internacionais e brasileiros, a mostra ocupará todos os espaços expositivos do CCBB São Paulo. Confira abaixo o percurso sugerido. Em cartaz em São Paulo até o dia 14 de janeiro, a exposição segue para o CCBB Brasília e CCBB Rio de Janeiro em 2019.
Do fotorrealismo à realidade virtual
Paisagens urbanas são tema de obras de Ben Johnson e Hildebrando de Castro
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A primeira etapa da exposição se dá no 4º andar do prédio do CCBB São Paulo, com a pioneira geração de pintores do foto e hiper-realismo, incluindo nomes que participaram da “Documenta” de Kassel em 1972, precursora a dar visibilidade a essa tendência no campo internacional.
Entre eles, está o inglês John Salt (nascido em Birmingham, Inglaterra, 1937, onde vive e trabalha), que se mudou para os Estados Unidos na década de 1960 e retratou em suas pinturas paisagens suburbanas ou parcialmente rural do país, como carros abandonados e trailers dilapidados, contrastando com a natureza imaculada e meticulosa da execução da obra. Também desta fase é o norte-americano Ralph Goings (Califórnia, EUA, 1928 – 2016). Suas obras a óleo e aquarelas frequentemente representam o estilo de vida da classe operária americana, incluindo pinturas de caminhonetes, restaurantes populares e naturezas-mortas de produtos triviais, como embalagens de ketchup e mostarda.
A exposição segue com pintores de vários países e épocas, dedicados às linhas contemporâneas do hiper-realismo. Neste segmento, que se apresenta entre os 3º e 2º andares, as obras são subdivididas em paisagem e paisagem urbana, retrato e natureza-morta.
Na primeira categoria, estão incluídos os britânicos Ben Johnson (nascido no País de Gales, em 1946, vive e trabalha em Londres, Inglaterra), que há mais de 40 anos, desenvolve pinturas em grandes dimensões baseadas em espaços arquitetônicos e urbanos, desprovidas da presença humana, e Raphaella Spence (nascida em Londres, Inglaterra, em 1978, vive e trabalha na Úmbria, Itália), que também cria pinturas hiper-realistas de paisagens e paisagens urbanas em grandes dimensões, usando tinta a óleo, e ultimamente tem se concentrado em cenas naturais. Outro exemplo é o brasileiro Hildebrando de Castro (nascido em Olinda, PE, em 1957, vive e trabalha em São Paulo), que desde 2010, se dedica a representações geométricas inspiradas em fachadas de prédios modernistas.
Em retratos, destaque para o africano Craig Wylie (nascido em Masvingo, Zimbábue, em 1973, vive e trabalha em Londres, Inglaterra), conhecido pela presença surpreendente e profundidade psicológica de suas pinturas, e o inglês Simon Hennessey (nascido em Birmingham, Inglaterra, em 1976, onde vive e trabalha), que apresenta em suas pinturas detalhes intricados do rosto humano. Ele registra e descreve mais informações que o próprio olho humano, ao aumentar seu material de referência fotográfica, a ponto de chegar ao pixelado.
Dentro da categoria natureza morta, está o espanhol Javier Banegas (nascido em Madri, Espanha, em 1974, onde vive e trabalha). Ele produz representações no estilo natureza-morta, em close-up e cores brilhantes, de objetos alterados pela presença de seres humanos – geralmente objetos encontrados em seu ateliê, tais como aparas de lápis e potes de tinta.
Já o baiano Fábio Magalhães (nascido em Tanque Novo, BA, em 1982, vive e trabalha em Salvador) mescla, em uma única obra, retrato, natureza-morta e paisagem. Sua representação do corpo humano transmite desconforto, transbordando, sem pudor, os limites entre fotografia e pintura.
Também nos 3º e 2º andares do CCBB São Paulo, serão exibidas obras tridimensionais de escultores do hiper-realismo de diferentes gerações, que mostram a representação realista do ser humano. Postas lado a lado com o público, essas esculturas criam um diálogo desconfortável entre ser e aparentar.
São três os artistas deste segmento, incluindo Giovani Caramello (nascido em Santo André, SP, em 1990, onde vive e trabalha), o único brasileiro com produção escultural no âmbito do hiper-realismo. Com caráter autobiográfico, sua obra aborda questões relacionadas ao tempo e efemeridade e nos convida a pensar sobre a impermanência e entrar em um processo de desaceleramento.
O norte-americano John De Andrea (nascido em Denver, EUA, em 1941, onde vive e trabalha) foi um dos pioneiros ao criar figuras humanas de um realismo impressionante, usando plástico, poliéster, fibra, vidro e cabelo natural com precisão fiel à natureza. Já o dinamarquês Peter Land (nascido em Aarhus, Dinamarca, em 1966, vive e trabalha em Malmö, Suécia) explora, de maneira humorística e burlesca, padrões humanos de comportamento, com os quais o espectador pode se identificar, notadamente em representações bizarras, onde ele é o único ator.
Na etapa final de “50 Anos de Realismo”, obras de realidade virtual são expostas no 1º andar e subsolo em monitores, projeções espaciais ou mesmo com o uso de equipamentos especializados, como óculos de realidade virtual. Elas propagam, em sua concepção e existência, elementos e temas semelhantes aos abordados pelas pinturas e esculturas selecionadas pela mostra.
Fazem parte deste segmento artistas como o japonês Akihiko Taniguchi (nascido em Tóquio, Japão, em 1983, onde vive e trabalha), que desenvolve modelos detalhados em 3-D de espaços do cotidiano e os insere na realidade virtual de sua obra, onde ele surge como principal protagonista, a alemã Bianca Kennedy (nascida em Leipzig, Alemanha, em 1989, vive e trabalha em Berlim), que nos últimos dois anos, criou uma série tendo a figura principal imersa em uma banheira, como em um processo de reversão ao útero materno, além da francesa Fiona Valentine Thomann (nascida em 1987, vive e trabalha em Colmar, França, e Berlim, Alemanha), cujas obras da série TRACKER permitem que diferentes dimensões e visões sejam experimentadas através do uso de modelos 3-D de realidade aumentada.
Ainda em realidade virtual, destaque para a brasileira Regina Silveira (nascida em Porto Alegre, RS, em 1939, vive e trabalha em São Paulo). A artista multimídia utiliza desde 1970 mídias distintas em uma mesma obra, sendo precursora em trabalhos com vídeo, fotografia, colagem, xerox e postais. Na exposição, apresenta um vídeo animação digital.
O piso térreo do CCBB São Paulo será ocupado por obras de Craig Wylie, Simon Hennessey e Giovani Caramello. Veja no documento anexo as biografias de todos os artistas participantes da mostra.
Escultura de John de Andre e pintura do baiano Fábio Magalhães |
Sobre a curadora
Nascida em São Paulo, em 1965, Tereza de Arruda é uma historiadora de arte e curadora independente que trabalha junto a instituições, museus e bienais. Estudou história da arte na Freie Universität Berlin, onde mora desde 1989. Entre as exposições com sua curadoria estão: 2018 Ilya und Emilia Kabakov, Two Times, Kunsthalle Rostock; José De Quadros, A Beleza do Inusitado, Sesc Santo André; 2017 Sigmar Polke, Die Editionen, me collectors room Berlin; Chiharu Shiota, Under the Skin, Kunsthalle Rostock; 2016 In your heart | In your city, Køs Denmark; Clemens Krauss, Little Emperors, MOCA – Museu de Arte Contemporânea de Chengdu; Kuba Libre, Kunsthalle Rostock; 2015 Bill Viola, Three Women, Bienal Internacional de Curitiba; InterAktionen Brasilien in Sacrow, Schloss Sacrow / Potsdam; 2014 ChinaArte Brasil, Oca Museu da Cidade, São Paulo; Wang Qingsong: Follow me!, Køs Museum for Kunst, Copenhague; 2013 Bienal de Curitiba; 2012/2011 Índia lado a lado, CCBB Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília; 2010 Se não neste período de tempo – Arte Contemporânea Alemã 1989-2010, Masp – Museu de Arte de São Paulo. Cocuradora e assessora da Bienal de Havana desde 1997. Cocuradora da Bienal Internacional de Curitiba desde 2009.
"50 Anos de Realismo - do Fotorrealismo à Realidade Virtual"
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
Período da exposição: até 14 de janeiro de 2019 – Entrada gratuita
Horário: quarta a segunda, das 9h às 21h
Telefone: (11) 3113-3651
Acesso e facilidades para pessoas com deficiência | Ar-condicionado | Cafeteria e Restaurante | Loja
Clientes do Banco do Brasil têm 10% de desconto com Cartão Ourocard na cafeteria, restaurante e loja
Estacionamento conveniado: Estapar Rua Santo Amaro, 272
Traslado gratuito até o CCBB. No trajeto de volta, a van tem parada na estação República do Metrô
Valor: R$ 15 pelo período de 5 horas
É necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB
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