quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

.: Crítica: "O Retorno de Mary Poppins" é muito mais do que "a spoonful of sugar"

Por Mary Ellen Farias dos Santos
Em dezembro de 2018


Desde quando começaram os burburinhos de que os estúdios Disney faria um novo filme para a encantadora Mary Poppins, torci a cara. Estava certa de que seria apenas um caça-níquéis e nada mais. Ao anunciarem a atriz Emily Blunt para o papel que foi muito bem assumido por Julie Andrews em "Mary Poppins" (1964), tentei ver algo de mágico nela e, confesso, não ter encontrado um grão de "a spoonful of sugar"

Nesse ano, nas redes sociais, diante de teasers e trailers de "O Retorno de Mary Poppins", minha opinião começou a mudar. A verdade é que, sem sombra de dúvida, a nova produção Disney para a fantástica Mary Poppins é honrosa e de encher os olhos. Emily Blunt é uma perfeita Mary Poppins, sim! Inovando, mas sem sair do clássico de 1964, a produção apenas acrescenta, confirmando o título do filme.

Para quem, assim como eu, duvidava haver alguma cena no estilo do carrossel, em "O Retorno de Mary Poppins", há uma tigela de porcelana que se encarrega de explodir na telona os tracejados dos desenhos antigos no colorido característico da Disney, além da fascinante interação de humanos com as animações, seja um cachorro ou uma carruagem. Até o pinguim voltou! A dica da história do filme que está sendo assistido e de quem é o verdadeiro vilão é dada aí! Basta se atentar à voz de Colin Firth (no original).




Retornar à Rua das Cerejeiras com toda a tecnologia moderna e a brilhante atuação de Emily Blunt é um presente aos fãs e admiradores de tal obra cinematográfica, com direito a olhos marejados e arrepios de pura emoção. Outra grande surpresa é a bela voz de Lin-Manuel Miranda -que lembra a de Gerard Butler, em "O Fantasma da Ópera"-, na pele de Jack, o acendedor de luminárias das ruas de Londres.

Há o talento de Meryl Streep como a prima Topsy Poppins, numa participação especial, com direito a cantoria. Já Colin Firth, dá vida ao mau-caráter William Weatherall Wilkins que agita a vida dos Banks. Outra grande participação é a de Dick Van Dyke como Sr. Dawes Jr., que inclui uma dança em cima da mesa do Fidelity Fiduciary Bank -ele que foi o Bert, limpador de chaminés e amigo da protagonista, em "Mary Poppins"

É inevitável a expectativa de uma simples aparição de Julie Andrews, tal qual fazia Stan Lee, nos filmes de heróis da Marvel. A primeira atriz a dar vida à Mary Poppins nas telonas não aparece, nem mesmo no reflexo da bexiga vermelha, em que a protagonista se observa, ao final do filme. Andrews foi convidada a fazer uma participação especial na sequência, mas recusou a oferta alegando que o filme seria "o show de Emily". Nesse ponto, ela estava certíssima. "O Retorno de Mary Poppins" é o show de Emily Blunt!

O novo longa que chega com pinta de clássico, é uma belíssima reverência à produção de 1964. Embora siga a estrutura e magia da produção original, o retorno é uma sequência, pois acontece na década de 1930, com os habitantes de Londres, Michael (Ben Whishaw) e Jane Banks (Emily Mortimer), já adultos. Ele viúvo, com três filhos (Pixie Davies, Nathanael Saleh e Joel Dawson) e a governanta Ellen (Julie Walters), moram na casa de Cherry Tree Lane. Diante de dificuldades financeiras, Michael e Jane são agraciados com a volta de Mary Poppins para a vida da família Banks. 



Assim, para encantar de modo certeiro, os pequenos Banks -que não curtem a chegada da babá-, Mary Poppins, de início, os leva a um passeio espetacular, na banheira de casa -algo que muito remete aos videoclipes da cantora Katy Perry, devido ao colorido magnífico. No retorno, Poppins, amiga do acendedor de lampiões Jack -personagem agente que faz a trama seguir em frente de modo suave e bastante ágil- também visita uma prima excêntrica com os jovens Banks. Garantindo magia de ponta-cabeça.

"O Retorno de Mary Poppins" é perfeito. Seja pela forma que Emily Blunt se apoderou da protagonista -inclusive cantando-, as participações especiais de Meryl Streep e Dick Van Dyke, o uso da animação tradicional que inclui interação com os atores, assim como a adaptação da clássica cena com bailarinos e Bert. Enquanto que no primeiro, são os limpadores de chaminés que marcam com sombras, durante a noite, uma dança inesquecível no telhado, no novo, são os acendedores de luminárias que emocionam o público pedalando bicicletas, com chafariz, bastões de fogo e fazendo Poppins brilhar ainda mais.



E como descrever a cena final de "O Retorno de Mary Poppins"? Belíssima e completamente fascinante, que ainda remete ao curta "The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore", vencedor do Oscar na categoria em 2012. O filme abrilhantado por Emily Blunt é, indiscutivelmente, imperdível! Até porque "nada se vai para sempre, apenas muda de lugar"!



Filme: O Retorno de Mary Poppins (Mary Poppins Returns)
Elenco: Emily Blunt como Mary Poppins, Meryl Streep como Topsy Poppins, Colin Firth como William Weatherall Wilkins, Emily Mortimer como Jane Banks, Angela Lansbury como a senhora dos Balões
Dick Van Dyke como Sr. Dawes Jr.
Lin-Manuel Miranda como Jack
Ben Whishaw como Michael Banks
Gênero: Fantasia/Aventura
Duração: 2h 12m
Ano: 2018 


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm





Sobre o Cine Roxy: Em oito décadas, o Roxy é caso raro de cinema que acompanhou a transformação da maneira de se exibir um filme: dos primeiros e grandes rolos de película ao sistema digital. A rica trajetória se deve à perseverança e o senso empreendedor da família Campos: de pai para filho, chegou ao atual diretor do Roxy, Antônio Campos Neto, o Toninho Campos. A modernização, aliada à tradição, transformou o Roxy no principal cinema do litoral paulista, fato que rendeu a Toninho o Prêmio ED 2013 na categoria Exibição -Destaque Profissional de Programação, considerado o principal do país nos segmentos de exibição e distribuição. E o convite para ser diretor cultural do Santos & Região Convention Visitors Bureau.

Trailer


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