segunda-feira, 26 de novembro de 2018

.: Noir lança biografia de Carlos Zéfiro, o maior pornógrafo brasileiro


Escrito por Gonçalo Junior, autor de A Guerra dos Gibis (Cia das Letras), livro “O Deus da Sacanagem”, traz revelações surpreendentes sobre a história do quadrinhista maldito que driblou a censura durante a ditadura militar.

Por décadas, o pacato funcionário público carioca, Alcides Caminha, viveu no subúrbio de Anchieta e de lá escondeu de todo mundo, inclusive da polícia, que era o desenhista Carlos Zéfiro, autor das famigeradas revistinhas pornográficas em quadrinhos conhecidas como “catecismos”. 

Entre as décadas de 1950 e 1970, principalmente com suas narrativas de sexo explícito, Zéfiro fez a alegria de adolescentes, jovens e adultos, do sexo masculino, que pouca ou nenhuma informação tinham sobre sexo, em uma época de forte repressão moral, promovida por entidades conservadoras, políticos, juízes, educadores e religiosos. Primeiro, suas revistinhas foram consagradas por todo o Rio de Janeiro. Depois, espalhou-se pelo Brasil, com um detalhe: eram sempre vendidas às escondidas.

Agora, Alcides Caminha tem sua vida devassada, em 384 páginas do livro "O Deus da Sacanagem - A Vida e o Tempo de Carlos Zéfiro", escrito pelo jornalista Gonçalo Junior, que já biografou nomes importantes como Assis Valente (Civilização Brasileira), Rubem Alves (Planeta), Vadico (Noir) e o cantor brega Evaldo Braga (Noir), além de ter publicado uma série de obras sobre quadrinhos, como "A Guerra dos Gibis" (Cia das Letras), que virou referência para estudiosos de todo país. “É um livro em que nada deixou de ser mostrado, inclusive a polêmica sobre o outro suposto Zéfiro, o desenhista Eduardo Barbosa”, explica o autor.

Com contracapa de Ruy Castro, que recomenda a obra, "O Deus da Sacanagem" foi escrito a partir de meticulosa pesquisa e entrevistas com dezenas de pessoas, inclusive familiares do artista. Além de narrar suas origens, a infância sofrida e adolescência cheia de incertezas, essa biografia, bem cuidada e meticulosa, revela como Zéfiro foi caçado de modo implacável pela ditadura militar - sem jamais ser preso - e se tornou um ícone da liberdade sexual no Brasil. Até chegar à revelação da sua identidade pelo jornalista Juca Kfouri, editor da revista Playboy, em novembro de 1991. Ao mesmo tempo, Gonçalo traça o mais rico e completo painel sobre o mercado editorial de revistas de sexo no país ao longo de todo o século XX. Ao final, o leitor terá uma preciosa fonte de pesquisa sobre o tema e uma referência indispensável.

Sobre o autorGonçalo Junior é jornalista. Trabalhou nos jornais Gazeta Mercantil e Diário de S. Paulo. Foi editor das revistas Personnalité (Trip) e Brasileiros. Colaborou em Playboy, Trip, Entrelivros, Bravo!, MAG, Nossa História e no jornal Folha de S. Paulo. É autor dos livros: "O Homem-Abril" (Opera Graphica), "A Guerra dos Gibis" (Companhia das Letras), "Enciclopédia dos Monstros" (Ediouro), "Alceu Penna e as Garotas do Brasil" (Manole), "E Benício Criou a Mulher" (Opera Graphica), "Maria Erótica" (Peixe Grande), "A Morte do Grilo" (Peixe Grande), "Quem Samba Tem Alegria" (Civilização Brasileira) e "É Uma Pena Não Viver" (Planeta).

"O Deus da Sacanagem - A Vida e o Tempo de Carlos Zéfiro"
De Gonçalo Junior
Editora Noir
Formato 14 x 21 cm
384 Páginas - R$ 59,90

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