Foto: Ricardo Borges
Nunca foi tão importante falar de arte como nestes tempos. Por isso, é muito oportuno o espetáculo Procópio, que – depois do sucesso da estreia no Teatro Sesc Copacabana – volta ao cartaz, agora no Teatro Municipal Serrador, na Cinelândia. Idealizado pelos atores/produtores Kadu Garcia e Paulo Giannini, com texto de Carla Faour, que também colaborou na concepção do projeto, e direção de Dani Barros, Procópio volta em temporada de 2 a 24 de novembro, de quinta a sábado, às 19h30.
A reestreia no Teatro Serrador tem um gostinho a mais. O título da peça é uma homenagem ao magistral ator Procópio Ferreira (1898-1979), pai da maravilhosa Bibi Ferreira. E está aí a coincidência: o espetáculo de inauguração do Serrador foi justamente da companhia de Procópio, que havia arrendado o teatro. A abertura foi no dia 1º de março de 1940, com a peça de Joracy Camargo Maria Cachucha, em três atos, divididos em 6 quadros, com Procópio Ferreira à frente de grande elenco. Aliás, o teatro tem mesmo tudo a ver com a família. Foi lá que, em 1941, Bibi Ferreira fez sua estreia profissional na comédia La Locandiera, de Goldoni.
Então, é uma feliz coincidência encenar o espetáculo no Teatro Municipal Serrador, depois da bela acolhida de público e crítica, que renovou “Procópio” e confirmou para os artistas envolvidos no espetáculo que eles traçaram um caminho de verdade e emoção para agradar todo tipo de espectador. O crítico Rodrigo Fonseca, por exemplo, escreveu que a peça “crava nos palcos o punhal da erosão ética de nossa memória estética”. E prosseguiu: "Numa precisão cirúrgica do limite entre fábula e piquete, a direção de Dani Barros potencializa a dimensão filosófica deste 'Amarcord' carioca da dramaturga Carla Faour, com delicadas atuações".
Também a crítica Ida Vicenzia, da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT, encantou-se com o “fascinante jogo de cena” e empolgou-se com a proposta do espetáculo: "Ideia ótima, essa, de trazer para o nosso palco um assunto tão vibrante e atual – a decadência da nossa cultura".
PROCÓPIO: No futuro, os moradores de uma praça são afetados por um “decreto” que muda a vida de todos. Toda e qualquer manifestação artística está proibida. Neste contexto, dois estranhos se encontram no interior de um prédio abandonado. A tensão da convivência forçada e suas opiniões divergentes sobre a ordem estabelecida provocam situações que vão revelando – com humor, poesia e humanidade – as mudanças na vida desses dois homens.
Para onde estamos caminhando? O que é passado? O que foi presente? Em que parte da história estamos? O futuro já chegou?
Procópio propõe um exercício sobre o futuro e uma provocação sobre o nosso tempo e nossa história. Em cena possíveis consequências na vida de dois homens que buscam sobreviver em meio a profunda aridez cultural. No nome do espetáculo, uma homenagem ao ator, diretor e dramaturgo Procópio Ferreira, considerado um dos grandes nomes do teatro brasileiro, que, em 62 anos de carreira, interpretou mais de 500 personagens em 427 peças.
Com texto de Carla Faour e direção de Dani Barros, o espetáculo é o segundo projeto dos atores Kadu Garcia e Paulo Giannini, já premiados pelo trabalho anterior, a peça Galápagos.
“Galápagos – texto premiado, escrito a partir de argumento nosso com a autora Renata Mizrahi – estreou em 2014. Em 2015, nós dois começamos a pensar no novo projeto, dando prosseguimento ao nosso compromisso com a dramaturgia brasileira – mais um texto inédito para dois atores. Chamamos a Carla para escrever, acompanhando o fluxo de acontecimentos que atropelavam o Brasil, ouvindo as urgências que nos circundavam. Chegamos aProcópio em 2017. Convidamos a Dani Barros para conduzir nosso destino em direção ao futuro criado pela Carla. E agora, vamos os dois para o palco, mais uma vez, dando voz as nossas inquietações”.
Kadu Garcia e Paulo Giannini
A atuação dos dois atores agradou muito o crítico Rodrigo Fonseca: "O melhor desses engenhos é a construção de um passado quase idílico para um de seus protagonistas, defendidos de forma chapliniana por Kadu Garcia e Paulo Giannini, ambos em equilíbrio cirúrgico, ferozes e doídos.
O texto é da premiadíssima Carla Faour, que constrói alegorias para contar a história: “Quando começamos a nos reunir, tínhamos o desejo de falar sobre o momento que estamos vivendo, sobre o cenário político e cultural. Mas não queríamos apenas reproduzir os noticiários, achamos que seria mais eficaz nos descolarmos da realidade, para que pudéssemos enxergá-la melhor. Poderíamos voltar ao passado, mas preferimos dar um salto no tempo e imaginar um futuro para 2018. Desse desejo nasceu Procópio, nossa ficção futurista, que se passa numa praça imaginária. Procurei falar sobre as dores dos personagens de forma bem-humorada e poética. Procópio é uma provocação pra que a gente ria e reflita sobre um hipotético futuro do nosso presente”.
A direção de Procópio é de Dani Barros, atriz que estreou dirigindo Dançando no escuro, espetáculo baseado no filme do dinamarquês Lars Von Trier e muito bem recebido pela crítica. “Minha direção tem como proposta o foco no trabalho do ator, a partir da sua relação com o texto e com todos os elementos cênicos. Dois personagens num prédio abandonado. Um convite ao exercício de pensar um futuro sem arte. Como diria, Sotigui Kouyaté, um grande mestre das artes cênicas: “o teatro é o lugar onde vamos para esclarecer a visão”. Que Dionísio nos ilumine e ajude a nos livrar da escuridão”, exalta Dani Barros.
Como destacou Ida Vicenzia em sua crítica, "trata-se de um espetáculo para ser prestigiado e conhecido por todos. Os que amam a Arte e o Artista, e os que virão a amá-los, pois, conforme diz o personagem de Kadu, nas palavras de Johann Wolfgang von Goethe, ‘a arte salvará o mundo’!”
Currículos
Carla Faour é um dos expoentes da nova dramaturgia brasileira. Por A arte de escutar, seu primeiro texto original, foi indicada aos principais prêmios do teatro carioca: Shell, APTR e Contigo. O texto foi traduzido para o inglês e montado em Toronto, Canadá. Em 2010, estreia Açaí e dedos, sendo indicada ao Prêmio Contigo de Melhor Autor. Em 2012, estreia Obsessão, e recebe os prêmios APTR e FITA de melhor autor do ano, e é indicada pela segunda vez ao Prêmio SHELL. Obsessão foi traduzida para o espanhol e o francês, e integra a coletânea, Teatro Contemporâneo Brasileiro. Em 2015, escreve com Henrique Tavares,Os intolerantes, que estreia no Teatro I do CCBB. Também é autora deA força do destino e Nenê Bonet, adaptações literárias para o teatro. Desde 2013, é contratada da Rede Globo, onde colaborou como roteirista na novela Além do horizonte, no seriado Tapas e beijos,Malhação – Seu lugar no mundo e no filme Chacrinha, o Velho Guerreiro. Atualmente, desenvolve a série Segunda chamada, prevista para estrear em 2019. Também escreveu as séries, Vai que cola, do Multishow, Amor Veríssimo, do GNT e a adaptação para o cinema da peça O inimigo do povo, de Ibsen.
Dani Barros, diretora: Dirigiu o musical Dançando no escuro, baseado no filme de Lars Von Trier, estreando como diretora. O espetáculo recebeu ótimas críticas, indicações a prêmios, incluindo o prêmio de melhor direção. Como atriz, atuou nas peças Maria do Caritó, dirigido por João Fonseca, e Conchambranças de Quaderna, dirigido por Inez Vianna, ganhando o prêmio APTR de Teatro de Melhor Atriz Coadjuvante pelos dois trabalhos. Por seu papel em Estamira – beira do mun-do, recebeu, como melhor atriz, os prêmios Shell, APCA, APTR, Questão de Crítica e Festival de Teatro do Rio. Atuou no filme O veneno da madrugada, dirigido por Ruy Guerra. Na TV, atuou no programa Minha nada mole vida e nas novelas Pega Pega, Além do tempo, Fina estampa e Império, exibidas pela Rede Globo. Pela novelaImpério foi indicada com a personagem Lorraine aos prêmios Extra, Contigo e Revista Quem.
Kadu Garcia, ator: Atuou nos espetáculos A paz perpétua; Galápagos;Vianinha conta o último combate do homem comum; Pelo amor de Deus, não fala assim comigo; Inventário; Inumano; Engraçadinha; A farsa da boa preguiça; Vem buscar-me que ainda sou teu; Uma cidadezinha qualquer, entre outros. Foi dirigido por Aderbal Freire-Filho, Amir Haddad, Isabel Cavalcanti, André Paes Leme, Ivan Sugahara, entre outros. Fundador e integrante do grupo Roda Gigante, onde desenvolve uma pesquisa continuada sobre a linguagem do palhaço. No cinema, integrou o elenco de Montanha russa, filme de Vinicius Reis. Na TV, participou da novela Deus salve o rei e protagonizou um episódio da série Sob pressão, com direção de Andrucha Waddington e Mini Kerti.
Paulo Giannini, ator: Atuou nos espetáculos: Galápagos; A tempestade;Homem de barros; Minh’alma é imortal; Beijo no asfalto; Otelo; Fogo morto e Engraçadinha, entre outros . Sendo dirigido por Isabel Cavalcanti, Miwa Yanagizawa, Kadu Garcia, Miguel Vellinho, Jeferson Miranda, André Paes Leme, Sidney Cruz, Henrique Tavares, Dudu Sandroni, entre outros. No cinema, participou do documentário sobre Manoel de Barros Só 10 por cento é mentira, obtendo sucesso de público e crítica. Em 2017, integrou o elenco do longa-metragem Copa 181, com direção de Dannon Lacerda. Atuou como diretor de teatro do grupo Nós do Morro, em que dirigiu e coproduziu Barrela, de Plínio Marcos, obtendo sucesso de crítica e público, no Rio de Janeiro e em seis outras cidades do país.
Saravá Cacilda Projetos Culturais - Criada pelos sócios Kadu Garcia e Paulo Giannini, produziu, em 2011, o espetáculo Homem de barros, na IX FLIP, inspirado na obra de Manoel de Barros, dirigido por Miwa Yanagizawa e Kadu Garcia, atuação de Paulo Giannini. O espetáculo circulou por mais de 40 cidades, num total de 13 estados brasileiros, entre 2006 e 2011. Em 2012, a Saravá Cacilda produziu a temporada de Barrela no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas, e a participação no Festival XTUDO Cultural Sesi - RJ. Em 2014, produziu a primeira temporada do espetáculo Galápagos, no Teatro III do CCBB-RJ. Em 2015, produziu as apresentações no Circuito Sesc de Artes Cênicas e a participação na programação do Festival Sesc de Inverno. E as temporadas do espetáculo no Teatro da UFF em setembro, outubro e novembro, no teatro Glaucio Gill. Em 2017, produziu a temporada de Galápagos na Sala Municipal Baden Powell, no Rio de Janeiro.
Ficha técnica:
Procópio
Autora: Carla Faour
Direção: Dani Barros
Elenco: Kadu Garcia e Paulo Giannini
Cenário: Fernando Mello da Costa
Figurinista: Bruno Perlatto
Iluminação: Renato Machado e Maurício Fuziyama
Direção musical: Rodrigo Marçal
Designer gráfico: Daniel de Jesus
Direção de produção: Kadu Garcia e Paulo Giannini
Realização: Saravá Cacilda Projetos Culturais
Serviço: Procópio
Datas: de 2 a 24 de novembro
Dias e horários: de quinta a sábado, às 19h30.
Local: Teatro Municipal Serrador
Endereço: Rua Senador Dantas, 13 - Cinelândia
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Informações: (21) 2220-5033
Bilheteria: de terça a sábado, a partir das 15h
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 60min
Lotação: 276 lugares
Gênero: Comédia
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