segunda-feira, 24 de setembro de 2018

.: "O Paciente - O Caso Tancredo Neves" é o vencedor de Festival de Cinema

Estrelado por Othon Bastos, thriller médico de Sérgio Rezende ganha o prêmio de melhor filme do júri popular na mais importante mostra nacional realizada no exterior


Cena de "O Paciente - O Caso Tancredo Neves" com Othon Bastos


A Inffinito acaba de anunciar, na Flórida, o vencedor da 22ª edição do Festival de Cinema Brasileiro de Miami (BRAFF): "O Paciente - O Caso Tancredo Neves", thriller médico de Sérgio Rezende que revela detalhes da misteriosa morte do primeiro presidente civil eleito após a longa ditadura militar, em 1985, e que nunca tomou posse. Produzido por Mariza Leão e estrelado por Othon Bastos, o filme ganhou o troféu Lente de Cristal e está em cartaz nos cinemas brasileiros. No elenco principal estão Emilio Dantas, Esther Góes, Paulo Betti, Otávio Muller e Leonardo Medeiros. 

Realizada no tradicional cinema Regal South Beach, a mostra competitiva reuniu oito longas, selecionados pelos curadores Anna Marie de la Fuente (editora-chefe para América Latina da revista Variety), Flavia Guerra (jornalista e documentarista) e Carlos Gutierrez (diretor da distribuidora e produtora sediada em NY Cinema Tropical): O Paciente concorreu com a comédia Correndo Atrás, de Jeferson De; os dramas Benzinho, de Gustavo Pizzi; Aos Teus Olhos, de Carolina Jabor; e As Boas Maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra; Berenice Procura, de Allan Fiterman; e as comédias Uma Quase Dupla, de Marcus Baldini, e Antes Que Eu Me Esqueça, de Tiago Arakilian. O prefeito de Miami Beach, Dan Gelber, entregou à Inffinito uma condecoração da cidade, em reconhecimento à importância do festival.

Em sessões hors concours, o festival apresentou dois aguardados documentários ainda inéditos no Brasil: Quero Botar Meu Bloco na Rua, de Adriana L. Dutra, sobre o carnaval de rua carioca, e Fevereiros, de Marcio Debellian, que registra a vitória da Mangueira quando homenageou Maria Bethânia e acompanha a cantora nas festas da Nossa Senhora da Purificação, na Bahia.

Além de Cacá Diegues, que foi homenageado nesta edição, as diretoras do festival, Adriana Dutra, Claudia Dutra e Viviane Spinelli receberam em Miami convidados como as produtoras Mariza Leão e Elisa Tolomelli, os atores Betty Faria, Alejandro Claveaux e Danton Melo, os diretores Carolina Jabor, Jeferson De, Sergio Rezende, Marcio Debellian e Tiago Arakilian, os roteiristas Helio de la Peña (de Correndo Atrás), Luisa Parnes (de Antes Que Eu Me Esqueça) e Flávia Guimarães (de Berenice Procura e Quero Botar Meu Bloco na Rua).

SOBRE O FESTIVAL DE CINEMA BRASILEIRO DE MIAMI - BRAFF: O BRAFF, Brazilian Film Festival of Miami, é um evento oficial das cidades de Miami e Miami Beach e do governo da Flórida. É realizado há 22 anos consecutivos, desde a retomada do cinema brasileiro. É o maior e mais importante festival de conteúdo exclusivamente brasileiro no exterior, uma vitrine natural para formação, reflexão, promoção, intercâmbio cultural, diversidade, articulações política e setorial, reconhecimento artístico, ações de caráter social, geração de emprego e renda, além de um crescente ambiente de negócios com extraordinário potencial econômico para a cadeia produtiva do audiovisual brasileiro.

ENTREVISTA SÉRGIO REZENDE (DIRETOR DO FILME O PACIENTE - O CASO TANCREDO NEVES): O cineasta Sérgio Rezende realizou 13 longas, entre os quais Em Nome da Lei, Mauá e Zuzu Angel, e os clássicos O Homem da Capa Preta e Guerra de Canudos. Premiado no Brasil e no exterior, teve seu trabalho, Salve Geral, indicado pelo Brasil ao Oscar em 2010.


Como você define o filme O Paciente - O Caso Tancredo Neves?
É um filme sobre o último mês de vida de Tancredo Neves, um homem que se preparou a vida inteira pra ocupar esse cargo de presidente do Brasil e que, na véspera de tomar posse, depois de 21 anos de ditadura, sente uma dor abdominal terrível, vai pro hospital com diagnóstico de apendicite, tem que ser operado de emergência, e não sai nunca mais. Sofre sucessivas operações, é transferido para São Paulo e finalmente morre, em 21 de abril de 85. É um thriller médico que se passa nesse período entre a internação dele no Hospital de Base de Brasília e a morte, em São Paulo.


Como surgiu a ideia do roteiro? Qual a importância em recontar essa história?
O filme é inspirado no livro homônimo do Luis Mir, um escritor e médico paulista que, ao longo de 10 anos, mergulhou em uma pesquisa minuciosa e teve acesso a todos os documentos oficiais, prontuários médicos, relatórios, além de falar com alguns dos envolvidos. E essa história, narrada desta forma, é desconhecida de quase todos nós. O roteiro partiu desta obra, que já tinha um começo e um final, mas nós desenvolvemos ao longo do processo. Eu acho importante por conta da fama do Brasil ser um país sem memória. As pessoas dizem muito isso. Cada vez mais, por conta da velocidade das informações, estamos vivendo muito o momento, o agora. É difícil para as pessoas olharem para trás, ver de onde as coisas estão vindo. Acho importante contar esse trecho da história, pois acredito que tenha sido determinante para o cenário político atual. É a história do nosso país e é importante entendê-la para mudá-la.


Como foi a escolha de Othon Bastos para o papel de Tancredo?
Othon é um antigo parceiro, eu sempre faço uma brincadeira com ele e digo: “Um Othon basta!”. Ele é uma força do cinema brasileiro. Este é nosso terceiro filme juntos, já rodamos “Mauá” e “Zuzu Angel”. Othon sabe tudo, além de ser um jovem no set.


Qual o papel deste filme mais de 30 anos depois da morte de Tancredo?
O interesse do filme não é fazer acusações, dizer se foi esse ou aquele que matou Tancredo. É uma conjunção de fatos em que ele é o personagem chave. Há mil sutilezas na história e a gente tem que procurar ser honesto com o que está narrando. O filme conta a história como aconteceu, o que vejo como um serviço à população, que, até hoje, ainda cria teorias sobre a morte dele.


De que forma os fatos são narrados?
Em parceria com Nonato Estrela, diretor de fotografia, decidimos filmar não de maneira clássica e nem de fazer uma decupagem ‘convencional’. Encontramos uma maneira mais próxima a um documentário, embora não seja. A câmera tem uma certa fluidez, como se as coisas estivessem acontecendo naquele momento e nos estivéssemos somente registrando. Uma outra curiosidade é que a trilha do David Tygel não vai ter musica, não tem violão, violino, bateria, piano. Ele procurou trabalhar sons da realidade retrada, como as máquinas do hospital.

Mais sobre o festival: inffinito.com

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