terça-feira, 11 de setembro de 2018

.: Crônica: O estranho caso de doar livros a alguém

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em setembro de 2018


Seria engraçado, caso não fosse trágico, mas praticar o verbo dar requer certa paciência. Se o objeto em questão é um livro a conversa é até mais complicada. Primeiro pelo fato de que pouquíssimos querem. Alguns simplesmente nem dão a mínima para a oferta. Outros ousam: "Tem a coleção do Harry Potter? Essa eu quero! Quando for dar, avisa!" ou ainda "Não estou precisando de livros, mas de um fone de ouvido!".

Lembro de quando retornei à Universidade Católica de Santos, para cursar Letras, a professora Silvia Bittencourt, pediu para que escrevêssemos uma carta a nós, para abrirmos ao final daquele ano. Fiz a atividade em 2009. Nessa relíquia do tempo, registrei o meu interesse em repassar grande parte dos livros do que recebemos pelo portal Resenhando.com -o que ainda é uma dificuldade.

Ah! O desinteresse! 

Enquanto que alguns querem somente escritos de famosinhos, outros esperam que o doador chegue de mala e cuia batendo na porta da casa do dito cujo carregando as pilhas de doação. Já perdi as contas dos livros que doei a meus ex-alunos e quantos outros separei para que meu marido fizesse o mesmo com os dele. Nem assim. Há alunos que se empolgam com a leitura, alguns torcem a cara para o "prêmio" e outros "esquecem" na mesa, na carteira, no chão...

Esse é o Brasil! País do desinteresse da informação, sem formação.


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm


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