quarta-feira, 22 de agosto de 2018

.: Últimas sessões do espetáculo Arrufos na Caixa Cultural

Crédito da foto: Jonatas Marques

Público tem até o dia 26 de agosto para conferir o espetáculo Arrufos na CAIXA Cultural São Paulo. A peça, do Grupo XIX de Teatro aborda questões sobre o amor em diferentes épocas e concepções. As sessões acontecem de quinta a domingo, às 19h15 e os ingressos são gratuitos.

Terceira peça a ser montada pela companhia, Arrufos, de 2007, é resultado de longa pesquisa em torno da história do amor privado no Brasil e seus desdobramentos até os dias atuais. O espetáculo propõe uma reflexão sobre o desejo de amar e ser amado. Arrufo significa briga sem importância entre pessoas que se amam.

Toda a iluminação vem de 50 abajures que o público apaga no início do espetáculo e que, aos poucos, voltam a ser acesos pelos atores. A direção de arte de Renato Bolelli Rebouças (vencedor do Prêmio Shell em 2008 por este espetáculo) acomoda as pessoas em arquibancadas formando uma espécie de “parede de alcova”. Os espectadores são convidados a sentar em almofadas, formando casais mesmo quando não o são, promovendo, assim, um inusitado encontro.

Em cena, três histórias, em épocas diferentes, são contadas. Misturam-se os tempos para que o espectador entenda como surgiu o ideário do amor romântico e a quem serve essa construção.  No século 18, um pai agoniza no leito de morte rodeado pela esposa, a filha, a amante, um empregado e um padre. No século 19, três meninos se encontram em um cemitério para declamar poesias. Paralelamente, três meninas conversam depois de voltarem de um baile de gala. Um romance se instaura entre uma das meninas e um dos garotos, um amor inviável pela diferença social entre os dois. Já no século 20, seis personagens confidenciam à plateia suas diferentes experiências amorosas.

Segundo o diretor Luiz Fernando Marques, as histórias que aparecem em cena refletem a concepção de amor de seu tempo. “Na primeira, temos o amor contratual, ligado ao conceito de propriedade e marcado pela influência católica. Na segunda, há o amor do Romantismo, a ideia de alma gêmea, do amor salvador, ao mesmo tempo que impossível. A terceira parte, por sua vez, traz o amor pós-freudiano”, explica. A dramaturgia constrói, a partir de esboços de vários amores, a idealização do amor como fator sócio-político, que serve de moldura para os anseios e desejos mais profundos do homem.

Por esta peça, o Grupo XIX recebeu o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte)  de Melhor Direção em 2008, Prêmio Shell de Teatro de Melhor Cenário (sendo também indicado em categoria especial pela pesquisa e realização da peça) e Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro de Melhor Projeto Visual.

Sobre o Grupo XIX de Teatro: Desde 2001 o Grupo XIX de Teatro desenvolve a pesquisa autoral que deu origem aos espetáculos Hysteria; Hygiene; Arrufos; Marcha Para Zenturo (em parceria com o Grupo Espanca); Nada Aconteceu, Tudo Acontece e Tudo Está Acontecendo; Estrada do Sul (em parceria com o Teatro Dell’Argine) e Teorema 21. A exploração de espaços não-convencionais, a criação colaborativa e a relação direta com o público nas encenações são elementos constitutivos dessa trajetória.

Em 2005 o grupo foi indicado ao Prêmio Shell de Teatro na categoria especial pela intervenção artística na Vila Maria Zélia. Ao longo de sua trajetória acumula entre prêmios e indicações mais de 15 menções nos principais prêmios do país: Shell, APCA, Cooperativa Paulista de Teatro, Bravo!, Qualidade Brasil entre outros.

O grupo já percorreu no exterior 21 cidades em 5 países (Europa: Portugal, Inglaterra, Itália e França; África: Cabo Verde). Em 2005, o grupo cumpriu uma temporada de dois meses de Hysteria por 8 cidades francesas por ocasião do “L’année du Brésil en France”. Em junho de 2008 a peça cumpriu temporada no renomado Barbican Center de Londres na Inglaterra e, em 2009 o grupo foi convidado pelo Contact de Manchester para dirigir o espetáculo de formatura da instituição.

Em 2012, o Grupo participou da mostra São Palco, idealizada pelo O Teatrão, em Coimbra, Portugal e participou do Festival La scenna dell’incontro, em Bologna, Itália em parceria com o ITC e o Teatro dell’Arginne. Em 2013 o grupo participou do Ano do Brasil em Portugal por 5 cidades.

Desde de 2004, realiza residência artística na Vila Maria Zélia na Zona Leste de São Paulo. A “Vila” é hoje um espaço de pesquisa, difusão e formação que abriga projetos como os Núcleos de Pesquisa que acolhem anualmente cerca de cem artistas, além de diversos espetáculos e oficinas. Com esta ação contínua o grupo tem conseguido criar uma relação com o público da cidade de São Paulo que vai além de suas próprias peças e transborda o meio teatral fazendo parcerias com as áreas do cinema, das artes plásticas, dança, fotografia, arquitetura e história. Este trabalho só é possível graças aos subsídios públicos com os quais o grupo vem contando de forma intermitente em sua trajetória.

Em 2017, o grupo contou com o apoio da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo para o projeto A Estufa e Cidade, resultando na montagem do espetáculo-performance itinerante Intervenção Dalloway: Rio dos Malefícios do Diabo. E em 2018 estreou o primeiro espetáculo infantil Hoje O Escuro Vai Atrasar Para Que Possamos Conversar, no Centro Cultural Banco do Brasil SP.

O Grupo XIX de Teatro foi vencedor do Prêmio Shell 2017 na categoria Inovação pela manutenção da sede na Vila Maria Zélia, na Zona Leste, e parceria com artistas de áreas diversas.

Ficha técnica:
Pesquisa e Criação: Grupo XIX de Teatro. Dramaturgia: Janaina Leite, Juliana Sanches, Luiz Fernando Marques, Paulo Celestino, Rodolfo Amorim, Ronaldo Serruya e Sara Antunes. Elenco: Juliana Sanches, Paulo Celestino, Janaina Leite,  Rodolfo Amorim, Ronaldo Serruya, Mara Helleno. Direção: Luiz Fernando Marques. Direção de Arte: Renato Bolelli. Técnico de Palco: Roberto Oliveira. Produção da temporada: Maria Carolina Dressler e Tatiana Ribeiro. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Produção: Grupo XIX de Teatro. 

Serviço:
Arrufos, com o Grupo XIX de Teatro
Local: CAIXA Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111 – Centro)
Data: Até 26 de agosto
Horário: 19h15 (quinta a domingo)
Informações: (11) 3321-4400
Classificação indicativa: 14 anos
Capacidade: 80 lugares
Duração: 80 minutos
Entrada franca: ingressos distribuídos a partir das 9h do dia do evento
Acesso para pessoas com deficiência
Patrocínio: Caixa Econômica Federal

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