Por Helder Moraes Miranda, em agosto de 2018.
Também falou sobre a discrepância do salário de Renata e Bonner, esquecendo-se que ele, além de âncora, também é editor-chefe do jornal, e quis mostrar em rede nacional um livrinho que ele associava como parte do "kit-gay" que, segundo ele, seria distribuído nas escolas.
Os que votam nele dizem que ele não precisa saber falar para ser um bom governante, creio que até isso foi fator positivo para o "mito", como costumam chamá-lo para enaltecer um candidato tão frágil. Eu entendo quem vota no Bolsonaro, embora não tenha estômago, nem paciência para as bizarrices que ele andou dizendo por aí ao longo dos tempos.
O mito se criou em torno de programas que passaram a explorar a figura polêmica que ele representa até hoje, como o extinto "CQC", na Band, e "Superpop", com Luciana Gimenez, na RedeTV!. Bolsonaro começou a fazer nome a partir dessas atrações, então deveria caber às emissoras, hoje tão contrárias à ele, uma espécie de "mea culpa".
De candidato folclórico a favorito à ocupar o cargo de mais poder e prestígio no Brasil. Desde a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, algo muito improvável de acontecer, Bolsonaro vive o sonho americano no Brasil. Não sei se um candidato com tanta rejeição nas ruas vence uma eleição e creio que ele pode surpreender - tanto para "sim", quanto para "não". Ou as pessoas, até as que não assumem o voto nele com medo de críticas e represálias, estão tão revoltadas com a criminalidade que enxergam nele uma solução imediata ou, na última hora, mudam de candidato.
O fato é que tanto ele, quanto qualquer outro que entrar, vai representar uma mudança para o Brasil. Não vejo como negativa, em quaisquer dos cenários, essa troca de poderio na situação de hoje. Quando escrevo que entendo quem vota no Bolsonaro quero afirmar que ninguém vota pensando em prejudicar o país. As pessoas vêem nele uma solução, talvez a única, contra essa onda de vagabundagem que perdeu a vergonha e ultrapassa os limites de nossas sanidades quando o que se vê na rua é situação de guerra. Mas os jornalistas na última terça-feira pecaram o pecado da falta de imparcialidade.
Talvez influenciados pela cultura do "lacre", não disfarçaram a indignação de um candidato que não lhes respondeu absolutamente nada do que lhe foi questionado. Na tentativa de se mostrarem contrários às ideias do candidato, os jornalistas mais pareciam crianças birrentas do que profissionais capacitados a mostrar quem o entrevistado realmente é. E finalizaram com o tema segurança, que é a única coisa em que ele está seguro: disse o que o povo quer ouvir, na zona de conforto que o acalenta. Quem odeia a Rede Globo por qualquer motivo, se ainda não estava convencido, vai votar nele.
*Helder Moraes Miranda escreve desde os seis anos e publicou um livro de poemas, "Fuga", aos 17. É bacharel em jornalismo e licenciado em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura, pela USP - Universidade de São Paulo, e graduando em Pedagogia, pela Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Participou de várias antologias nacionais e internacionais, escreve contos, poemas e romances ainda não publicados. É editor do portal de cultura e entretenimento Resenhando e assina a coluna dominical DOM.
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