sexta-feira, 20 de abril de 2018

.: Teatro do Ornitorrinco volta aos palcos para comemorar 40 anos

No ciclo de comemorações de seus 40 anos de existência, o Teatro do Ornitorrinco estreia, em 19 de maio, no Teatro Sergio Cardoso, “Nem Princesas Nem Escravas”. O texto, inédito no Brasil, é de Humberto Robles, hoje o dramaturgo mexicano vivo mais montado em todo o mundo. Com tradução e direção geral de Cacá Rosset e produção de Christiane Tricerri (que também está no elenco), a montagem, que foi contemplada pela 6ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo, aborda a resiliência e os conflitos femininos.

Como dramaturgia, o autor propõe um Teatro Cabaré, que vem de encontro com a pesquisa iniciada pelo Teatro do Ornitorrinco desde o início de sua formação, em 1977. Com três atrizes, performers, cantoras e dançarinas, a peça traz uma espécie de monólogos que se entrecruzam durante o decorrer do espetáculo, com cenografia, figurinos e músicas que dialogam com o cabaré alemão no sentido mais rigoroso e ao mesmo tempo popular da sua essência.

O diretor, vale lembrar, traz como referência, desde sua primeira montagem “Ornitorrinco canta Brecht e Weill”, o teatro de distanciamento brechtiano, envolvendo diretamente a plateia, as canções cabaretianas de Weill, o teatro poético e lírico de Karl Valentim e a Commedia Dell ‘ Arte em sua natureza crítica e carnavalesca ao longo de séculos de influência em todo o teatro moderno europeu. Nesta montagem, a luz também será criada como elemento revelador e enigmático, transportando a montagem ao clima noir que caracteriza o cabaré alemão e francês.

Sobre a escolha deste espetáculo, Rosset diz que, embora o autor tenha uma peça chamada “El Ornitorrinco”, ele se encantou por “Nem Princesas Nem Escravas”. Segundo o diretor, “o texto me captou pelo humor cáustico e farsesco e pela pegada, pois consegue ter um equilíbrio entre política, provocação e cinismo ao levar ao palco três mulheres em situações por vezes convencionais, por vezes adversas e que têm uma guinada em suas vidas. Além disso, é uma comédia rasgada, uma crítica social que permite o envolvimento direto com o público e, ainda, contribuir para que os espectadores tenham a experiência de contato e formação com esse universo do gênero Cabaré, um teatro político e dialético”, diz.

Christiane Tricerri reforça as palavras de Rosset em relação à atualidade e à relevância da peça. “A escolha de um texto é sempre um reflexo da atualidade. Esse protagonismo feminino fica muito claro na montagem. O espetáculo agradará a gregos e troianos, machistas e feministas. Minha personagem é Thelma Maria, uma servidora sexual que se transformará numa servidora pública: eu satisfazia a alguns, agora posso satisfazer a nação. Votem em mim para deputada no PM, Partido da Mãe”.

Além de Christiane Tricerri, que faz parte do Ornitorrinco desde a sua criação, o espetáculo conta com as atrizes Angela Dippe e Rachel Ripani.

O Teatro do Ornitorrinco traz, mais uma vez, um projeto instigante com um texto ácido em contato com seu tempo e seu público, propondo um espetáculo de rigor artístico sem perder de vista o popular. “Nem Princesas Nem Escravas” rompe paradigmas. Trata-se de puro “entretenimento transformacional”, segundo Rosset. A temporada se estenderá até 9 de julho.

A montagem foi contemplada com o Prêmio Zé Renato, criado em 2014, para apoiar a produção teatral da cidade de São Paulo, e está vinculado à Secretaria Municipal de Cultura.

Sobre o Teatro do Ornitorrinco: Aprofundar, pesquisar, discutir grandes temas, trazer grandes autores ao palco sempre foi uma característica do Teatro do Ornitorrinco em suas quatro décadas de atuação, que encena textos clássicos e de vanguarda com enorme liberdade e irreverência, preservando as ideias essenciais do autor e recorrendo a procedimentos interdisciplinares e intertextuais. Em sua trajetória, a companhia montou vários textos de Shakespeare (sendo o único grupo brasileiro a participar do mais importante festival de teatro dedicado ao autor, o Shakespeare: New York Shakespeare Festival), Moliére, Alfred Jarry, Strindberg e Brecht, entre outros. A companhia, que tem seu nome inspirado em um animal em extinção, híbrido de mamífero e ave, foi criada por Luiz Roberto Galízia, Cacá Rosset e Maria Alice Vergueiro, todos da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA/USP. A estreia profissional ocorreu em 28 de maio de 1977, com “Os Mais Fortes”, reunião de obras de August Strindberg: “A Mais Forte”, “O Pária” e “Simun”. No mesmo ano, o grupo apresentou o show musical “Ornitorrinco Canta Brecht e Weill”, com tradução e adaptação de letras e canções da “A Ópera dos Três Vinténs”, de Bertolt Brecht. Outros sucessos do Teatro do Ornitorrinco são: “Mahagonny Songspiel”, “Ubu, Folias Physicas, Pataphisicas e Musicaes”, “Teledeum”, “O Doente Imaginário”, “ Sonho de Uma Noite de Verão”,“A Comédia dos Erros”, “A Megera Domada”, “O Avarento”, “O Marido Vai à Caça”, entre outros. Dos muitos atores que passaram pelo Ornitorrinco figuram Rosi Campos, José Rubens Chasseraux, Chiquinho Brandão, Ary França, Luciano Chirolli, Eduardo Silva, Eduardo Pompeo, Gerson de Abreu, Ricardo Blat, Edson Cordeiro, Elba Ramalho, Cida Moreyra e Roney Facchini. Nas muitas premiações acumuladas pelo grupo, tanto no Brasil quanto no exterior, destacam-se o Governador do Estado (em várias categorias e edições), Prêmio Internacional da Crítica do Festival de Manizales (Colômbia), ACCT (México), Molière, APCA (várias categorias e edições) e Apetesp (várias categorias e edições)

Sobre Cacá Rosset: Carlos Eduardo Zilberlicht Rosset, mais conhecido como Cacá Rosset (nasceu em São Paulo em 9 de março de 1954), é um dos fundadores do Teatro do Ornitorrinco. Seus espetáculos sempre atraíram grandes plateias, devido ao caráter instigante e revolucionário de suas peças, que mesclavam música ao vivo, circo e representações. Formado em Direção Teatral pela ECA-USP, recebeu por seus trabalhos inúmeros prêmios no Brasil e no exterior, tendo participado de diversos festivais internacionais, destacando-se o New York Shakespeare Festival, o Festival Internacional de Cádiz (Espanha), Festival de Manizales e  Festival Latino da Cidade do México. Com seu grupo, excursionou por mais de 40 cidades no exterior e, a convite do lendário produtor da Broadway Joseph Papp, apresentou-se inúmeras vezes no The Public Theater (Nova York). O sucesso no teatro o levou à televisão. No fim dos anos 80, estrelou, na extinta TV Manchete, o programa “Cadeira de Barbeiro”, no qual mesclava comédia, apresentações musicais e entrevistas com personalidades das artes e da política. Em meados da década seguinte participou, como ator, de algumas novelas do SBT. Entre 2003 e 2004, apresentou, na Rádio Rercord, o programa “Debate Boca”, que lhe rendeu o prêmio APCA de Melhor Programa Humorístico do Rádio. No cinema, participou como ator dos filmes “Desmundo”, de Alain Fresnot, “Tapete Vermelho”, de Luis Alberto Pereira, e “Onde Andará Dulce Veiga?”, de Guilherme de Almeida Prado.

Sobre Christiane Tricerri: Formada pela Eca/USP, aos 16 anos Christiane Tricerri estreou  em “Equus”, de Peter Shaffer, no Teatro Ruth Escobar, ainda em caráter escolar, mas desde esse momento nunca mais deixou o teatro. Em 1981, fez sua estreia profissional em “Mal Secreto”, sob a direção de Roberto Lage, e, no ano seguinte, atuou em “Bella Ciao”, espetáculo que lhe rendeu o APCA de Melhor Intérprete e à montagem, todos os prêmios da crítica. Em 1985, ingressou no Teatro do Ornitorrinco, tendo participado, durante dez anos seguidos, em montagens diversas, todas sob a direção de Cacá Rosset. Foi com “Sonho de uma Noite de Verão” que Christiane se tornou conhecida no Brasil e nos EUA, pela sua cena de nudez no Central Park. Com “A Comédia dos Erros”, foi indicada ao Prêmio Shell de Melhor Atriz de 1994. Em 2006, retornou ao Teatro do Ornitorrinco como produtora e atriz com a montagem de “O Marido vai à Caça”, de Georges Feydeau. Dois anos depois, produziu e protagonizou “A Megera Domada” ao lado de Cacá Rosset. Na TV, participou das minisséries “Anarquistas Graças a Deus” (Rede Globo), “Cometa” (Bandeirantes) e “A Casa das Sete Mulheres” (Rede Globo). Em 2013, fez sua primeira novela, “Amor à Vida”, de Walcyr Carrasco, exibida pela Rede Globo. No cinema, estreou seu primeiro longa-metragem como protagonista,“Olhos de Vampa”, de Walter Rogério, e também atuou no longa “País dos Tenentes”, de João Baptista de Andrade, “Erra Uma Vez”, de Leopoldo Nunes, “Amor que Fica”, de Alan Fresnot, e “Nanoilusão”, de Francisco Garcia e José Wagner Garcia. Com Lírio Ferreira, fez “Sangue Azul” e acaba de filmar “Acqua Movie”, produção em que, além de atuar, preparou o elenco.

NEM PRINCESAS NEM ESCRAVAS
De: Humberto Robles
Tradução e direção geral: Cacá Rosset
Elenco: Christiane Tricerri, Angela Dippe e Rachel Ripani
Cenário e figurinos: José de Anchieta
Trilha sonora: Ricardo Severo
Iluminação: Aline Santini
Produção: Christiane Tricerri
Direção de Produção: Alexandre Brazil
Idealização: Teatro do Ornitorrinco
Onde: Teatro Sérgio Cardoso
Endereço: Rua Rui Barbosa, 153 - Bela Vista
Capacidade: 144 lugares
Temporada: 19 de maio a 9 de julho  
Quando: sábados, às 19h30; domingos, às 16h; e às segundas, às 20h
Ingressos: R$ 30 
Indicação: desaconselhável para menores de 14 anos
Este espetáculo foi contemplado pela 6ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo
Teatro Sérgio Cardoso
Sala Paschoal Carlos Magno: 144 lugares
Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista
São Paulo – SP | 01326-010
Telefone: 11 3288-0136
Bilheteria:
Atendimento das 14h até o início do espetáculo

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