*Texto escrito pelo cineasta Daniel Bydlowski para o jornal Diário de Pernambuco
"Pedro Coelho" pode ser um daqueles filmes infantis que poucos prestam atenção, seja por que é similar a muitas outras obras produzidas nos últimos anos, ou por não ter feito muito sucesso na bilheteria, como o caso de "Paddington", dirigido com bastante sucesso por Paul King que também mistura live action e animação por meio de seres humanos que interagem com animais falantes. Porém, o longa mostra mudanças no que diz respeito a obras dirigidas às crianças nos últimos tempos, e um dos modos mais fáceis de perceber essas alterações é entendendo clichês de produções infantis.
"Pedro Coelho" é baseado no livro britânico Petter Rabbit, escrito e ilustrado por Beatrix Potter, publicado em 1902. Assim como o Pernalonga da Looney Tunes, a obra mostra um coelho levado, sendo precursor deste tipo de animal arteiro que causa confusão. Enquanto o Pernalonga desobedece a todos, fazendo o que quer, Pedro é um pouco mais inocente e, neste caso, não obedece sua mãe. Esta característica demonstra uma obra infantil que preza por mostrar a dinâmica da família em primeiro lugar.
Na história, como o pai de Pedro foi colocado em uma torta de carne de coelho depois de visitar o jardim do senhor McGregor, sua mãe pede que todos os seus filhos evitem o lugar. Porém, o levado animal não obedece. O senhor McGregor o caça e Pedro tem dificuldade de escapar. Quando finalmente consegue voltar para casa depois de muita correria, o coelhinho fica doente. Sua mãe então dá chá para que Pedro melhore, enquanto suas irmãs, que tinham obedecido, comem uma comida deliciosa.
Tanto o tipo de arte, quanto a trama, que tem uma clara moral (quem obedece aos pais e se comporta bem é presenteado no final), fizeram do livro um sucesso para as crianças, especialmente como história para dormir. O filme, pelo contrário, traz um estilo diferente e mostra como muitos produtores atuais reinterpretam contos infantis, muitas vezes mudando o que é esperado pelo gênero.
Os primeiros 10 minutos de Pedro Coelho lembram a história do livro. Porém, logo que o senhor McGregor consegue pegar o coelhinho, ele tem um ataque cardíaco e morre. Pedro, a princípio confuso, logo festeja e finge que ele mesmo causou o trágico acontecimento, em uma suposta luta contra o idoso. Isto mostra um coelho não tão inocente (talvez nada inocente), e que se comporta mais como adolescente do que como criança. Mesmo que McGregor seja uma pessoa ranzinza que não gosta dos animais que visitam seu jardim, o comportamento de Pedro faz com que seja mais difícil de se identificar com o personagem. Quando ele relembra seu pai em uma triste cena, fica então clara a falta de empatia do coelhinho para com os outros.
Para superar a falta de identificação com o personagem, o longa traz referências a músicas e danças populares, algo que virou clichê em filmes infantis. Personagens dançam ao ritmo de músicas contemporâneas enquanto fazem uma incrível bagunça, com o único intuito de fazer a plateia rir de maneira rápida e fácil. E isto é muitas vezes eficaz: é realmente engraçado ver animais dançando como humanos. Mas logo depois disso, fica a pergunta: o que sobra em um filme onde o personagem principal não é tão fácil de se identificar?
Se a moral do livro é a recompensa que vem com a obediência aos pais, a produção para cinema destaca mais a aceitação de Pedro em formar uma nova família com o neto de McGregor. O foco desta reinterpretação da obra antiga, então, deixa de ser a família, para se tornar a acolhimento de amigos e estranhos que, a princípio, pareciam antagonizar o personagem. Embora esta moral possa ainda ser interessante para o público infantil, é mais complexa e difícil de entender entre os mais jovens.
Daniel Bydlowski é cineasta brasileiro e artista de realidade virtual com Masters of Fine Arts pela University of Southern California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Seu filme NanoEden, primeiro longa em realidade virtual em 3D, estreia em breve.
"Pedro Coelho" pode ser um daqueles filmes infantis que poucos prestam atenção, seja por que é similar a muitas outras obras produzidas nos últimos anos, ou por não ter feito muito sucesso na bilheteria, como o caso de "Paddington", dirigido com bastante sucesso por Paul King que também mistura live action e animação por meio de seres humanos que interagem com animais falantes. Porém, o longa mostra mudanças no que diz respeito a obras dirigidas às crianças nos últimos tempos, e um dos modos mais fáceis de perceber essas alterações é entendendo clichês de produções infantis.
"Pedro Coelho" é baseado no livro britânico Petter Rabbit, escrito e ilustrado por Beatrix Potter, publicado em 1902. Assim como o Pernalonga da Looney Tunes, a obra mostra um coelho levado, sendo precursor deste tipo de animal arteiro que causa confusão. Enquanto o Pernalonga desobedece a todos, fazendo o que quer, Pedro é um pouco mais inocente e, neste caso, não obedece sua mãe. Esta característica demonstra uma obra infantil que preza por mostrar a dinâmica da família em primeiro lugar.
Na história, como o pai de Pedro foi colocado em uma torta de carne de coelho depois de visitar o jardim do senhor McGregor, sua mãe pede que todos os seus filhos evitem o lugar. Porém, o levado animal não obedece. O senhor McGregor o caça e Pedro tem dificuldade de escapar. Quando finalmente consegue voltar para casa depois de muita correria, o coelhinho fica doente. Sua mãe então dá chá para que Pedro melhore, enquanto suas irmãs, que tinham obedecido, comem uma comida deliciosa.
Tanto o tipo de arte, quanto a trama, que tem uma clara moral (quem obedece aos pais e se comporta bem é presenteado no final), fizeram do livro um sucesso para as crianças, especialmente como história para dormir. O filme, pelo contrário, traz um estilo diferente e mostra como muitos produtores atuais reinterpretam contos infantis, muitas vezes mudando o que é esperado pelo gênero.
Os primeiros 10 minutos de Pedro Coelho lembram a história do livro. Porém, logo que o senhor McGregor consegue pegar o coelhinho, ele tem um ataque cardíaco e morre. Pedro, a princípio confuso, logo festeja e finge que ele mesmo causou o trágico acontecimento, em uma suposta luta contra o idoso. Isto mostra um coelho não tão inocente (talvez nada inocente), e que se comporta mais como adolescente do que como criança. Mesmo que McGregor seja uma pessoa ranzinza que não gosta dos animais que visitam seu jardim, o comportamento de Pedro faz com que seja mais difícil de se identificar com o personagem. Quando ele relembra seu pai em uma triste cena, fica então clara a falta de empatia do coelhinho para com os outros.
Para superar a falta de identificação com o personagem, o longa traz referências a músicas e danças populares, algo que virou clichê em filmes infantis. Personagens dançam ao ritmo de músicas contemporâneas enquanto fazem uma incrível bagunça, com o único intuito de fazer a plateia rir de maneira rápida e fácil. E isto é muitas vezes eficaz: é realmente engraçado ver animais dançando como humanos. Mas logo depois disso, fica a pergunta: o que sobra em um filme onde o personagem principal não é tão fácil de se identificar?
Se a moral do livro é a recompensa que vem com a obediência aos pais, a produção para cinema destaca mais a aceitação de Pedro em formar uma nova família com o neto de McGregor. O foco desta reinterpretação da obra antiga, então, deixa de ser a família, para se tornar a acolhimento de amigos e estranhos que, a princípio, pareciam antagonizar o personagem. Embora esta moral possa ainda ser interessante para o público infantil, é mais complexa e difícil de entender entre os mais jovens.
Daniel Bydlowski é cineasta brasileiro e artista de realidade virtual com Masters of Fine Arts pela University of Southern California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Seu filme NanoEden, primeiro longa em realidade virtual em 3D, estreia em breve.
A única coisa que vou destacar sobre o filme é a beleza da animação. A Sony Pictures continua com seu bom trabalho, porque Emoji o Filme tem uma animação impressionante, mas deve funcionar mais nas histórias. Sempre fui fã do filme desenho animado, eu gosto por que em cada produção procuram incluir uma mensagem e não somente para os pequenos, pois podemos aprender muito destas produções e nos divertir ao mesmo tempo. Juro que vale muito a pena ver, por que apesar de que é uma historia feita completamente para crianças, sente que esta muito bem adequada para que qualquer membro da família possa ver e ficar encantado com a história.
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