Dia 12 de março é o Dia do Bibliotecário. Mais do que uma data, pode ser um estado de espírito. Lembro sempre do escritor e bruxo literário argentino Jorge Luis Borges que, ao ser perguntado como se sentia, ao ser nomeado diretor da Biblioteca Nacional da Argentina, disse que havia se preparado a vida inteira para isso.
Assim vejo o bibliotecário. Preparou-se para atuar onde está e, num processo de contínuo de atualização e aprimoramento, poderá desenvolver cada vez mais a sua atividade na sociedade, que tem múltiplas facetas, sendo, talvez, a maior delas o desenvolvimento em si mesmo e naqueles que o cercam do amor pelo espaço onde trabalha.
A biblioteca maior do conhecimento é a vida - e as bibliotecas físicas e virtuais são algumas de suas manifestações. Como bem mostra Umberto Eco, em "O Nome da Rosa", bibliotecas não nada mais nem nada menos do que uma metáfora do mundo, onde existem, em todas nuances e mesclas possíveis, vilões e herois, em suas mesclas mais complexas.
O primeiro poema de que me lembro é "La Vaca Estudiosa", de María Elena Walsh, que fala de uma idosa ruminante que decide estudar e enfrenta todo tipo de preconceito antes de ser reconhecida. É nos livros que ela encontra seu local no mundo. Analogamente, os bibliotecários nos auxiliam a saber o que somos e o que podemos vir a ser.
Ao fazer uma pergunta a um bibliotecário numa biblioteca, num e-mail ou por qualquer mídia social, esperamos que ele tenha sempre em mente Borges e María Elena Walsh. Por um lado, que esteja preparado para sua vital função e, por outro, que, livre de qualquer preconceito, veja cada pessoa como um ser em transformação, um vir-a ser permanente.
*Oscar D'Ambrosio é Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais. É assessor-chefe Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.
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