Por Helder Moraes Miranda, em março de 2018.
Cléo Pires é atriz, musa do Instagram e, agora, cantora. Tendo nas costas o peso de ser a filha mais velha da atriz Glória Pires e do cantor Fábio Júnior, e por isso ser muito mais cobrada por apresentar excelência em tudo o que faz, ela lançou o EP "Jungle Kid", com cinco músicas.
Talvez por uma espécie de defesa, como cantora iniciante, adotou o nome de, apenas, Cléo. Na primeira faixa, que dá título ao EP e que lembra muito alguma das canções de Lana Del Rey, ela revela, nos primeiros versos: "Crescer foi muito cruel, meu modelo era a minha própria verdade"... Prossegue ela, para falar sobre uma criança selvagem que corria na selva. A composição é de Bianca Fraga, Cléo Pires e Guto Guerra.
"Impulses", a segunda faixa, que parece inspirada em uma das canções de Alanis Morisette no início de carreira, quando a cantora canadense surgiu com canções infinitamente melhores do que as mais recentes, é a melhor do álbum. Nessa canção, ela parece se explicar pela rebeldia que demonstra: "Porque todos os meus impulsos clamam por atenção, e não consegui parar...".
Composta por ela, a terceira canção é a otimista "Cloud". Com tranquilidade, ela entoa os versos: "Eu não sou a dor dentro de mim. Eu não sou a alegria que começa a ver, e nunca o que eu costumava ser. A vida é me libertar" e, realmente, esse trabalho soa libertador para ela, arrisco dizer que mais catártico, para ela, que a revista PLAYBOY de 35 anos. É quase um hino feminista, e a capa do EP, em que ela aparece provocante, de calcinha e sutiã, não está ali à toa.
"Bandida", composição de Arthur Marques, Cléo Pires e Guto Guerra, faz com que o trabalho perca a força após três canções fortíssimas. Talvez favorecida pela sonoridade do inglês, Cleo não vai tão bem quando canta em sua língua nativa. Ou talvez seja pela letra ridícula, que além de ser ingênua, é quase fraca não fosse o refrão chiclete que lembra um hit que poderia ser defendido por Anitta ou mesmo o tema de Bibi Perigosa na novela "A Força do Querer": "Hoje eu quero ir mais além, iguais a você eu peguei mais de 100, e você pensando que não vem ninguém. Não dá, é que você se acha o tal, a sua pegada não tem outra igual, mas essa história já vai ter final, ah".... A música prossegue como um rap masculino: "1, 2, 3, 4, essa mina é um barato, e 4, 3, 2, 1", para ela finalizar com essa pérola: "É que eu sou bandida, erva venenosa. Eu sou uma cobra pronta pra atacar. Eu sou traiçoeira, sou flor que se cheira, se mexer comigo eu vou me vingar". Desnecessária ,a letra é pura autoafirmação para ela própria que, pela internet, gosta de brincar com a imagem de mulher sedutora. Entretanto, a MPB poderia dormir sem essa.
"Faz O Que tem Que Fazer", segue a mesma premissa de empoderamento cantada pelas funkeiras da moda. "Você tem um dom de me fazer incendiar. Para o que tem que fazer pra me ter e me levar. Vou fazer por merecer, com prazer, pode guiar, 'vamo' até o amanhecer, não deixa ninguém saber" poderia ser cantado por qualquer funkeira da moda, pois apresenta a mesma fórmula da "mulher dona de si que não liga em servir de objetonem fazer os homens de". As duas últimas faixas podem até ser agradáveis se escutadas à exaustão, mas colocaram a perder um trabalho que poderia ser muito bonito.
Não chega a ser um meme, já que Cleo não se prestaria a esse papel, nem se arriscaria se não estivesse muito segura de que apresentaria um trabalho consistente. Ela, surpreendentemente, canta bem. Mas as letras em português, muito arriscadas para quem pretende ser levada a sério, prejudicaram o trabalho como um todo.
Cléo Pires é atriz, musa do Instagram e, agora, cantora. Tendo nas costas o peso de ser a filha mais velha da atriz Glória Pires e do cantor Fábio Júnior, e por isso ser muito mais cobrada por apresentar excelência em tudo o que faz, ela lançou o EP "Jungle Kid", com cinco músicas.
Talvez por uma espécie de defesa, como cantora iniciante, adotou o nome de, apenas, Cléo. Na primeira faixa, que dá título ao EP e que lembra muito alguma das canções de Lana Del Rey, ela revela, nos primeiros versos: "Crescer foi muito cruel, meu modelo era a minha própria verdade"... Prossegue ela, para falar sobre uma criança selvagem que corria na selva. A composição é de Bianca Fraga, Cléo Pires e Guto Guerra.
"Impulses", a segunda faixa, que parece inspirada em uma das canções de Alanis Morisette no início de carreira, quando a cantora canadense surgiu com canções infinitamente melhores do que as mais recentes, é a melhor do álbum. Nessa canção, ela parece se explicar pela rebeldia que demonstra: "Porque todos os meus impulsos clamam por atenção, e não consegui parar...".
Composta por ela, a terceira canção é a otimista "Cloud". Com tranquilidade, ela entoa os versos: "Eu não sou a dor dentro de mim. Eu não sou a alegria que começa a ver, e nunca o que eu costumava ser. A vida é me libertar" e, realmente, esse trabalho soa libertador para ela, arrisco dizer que mais catártico, para ela, que a revista PLAYBOY de 35 anos. É quase um hino feminista, e a capa do EP, em que ela aparece provocante, de calcinha e sutiã, não está ali à toa.
"Bandida", composição de Arthur Marques, Cléo Pires e Guto Guerra, faz com que o trabalho perca a força após três canções fortíssimas. Talvez favorecida pela sonoridade do inglês, Cleo não vai tão bem quando canta em sua língua nativa. Ou talvez seja pela letra ridícula, que além de ser ingênua, é quase fraca não fosse o refrão chiclete que lembra um hit que poderia ser defendido por Anitta ou mesmo o tema de Bibi Perigosa na novela "A Força do Querer": "Hoje eu quero ir mais além, iguais a você eu peguei mais de 100, e você pensando que não vem ninguém. Não dá, é que você se acha o tal, a sua pegada não tem outra igual, mas essa história já vai ter final, ah".... A música prossegue como um rap masculino: "1, 2, 3, 4, essa mina é um barato, e 4, 3, 2, 1", para ela finalizar com essa pérola: "É que eu sou bandida, erva venenosa. Eu sou uma cobra pronta pra atacar. Eu sou traiçoeira, sou flor que se cheira, se mexer comigo eu vou me vingar". Desnecessária ,a letra é pura autoafirmação para ela própria que, pela internet, gosta de brincar com a imagem de mulher sedutora. Entretanto, a MPB poderia dormir sem essa.
"Faz O Que tem Que Fazer", segue a mesma premissa de empoderamento cantada pelas funkeiras da moda. "Você tem um dom de me fazer incendiar. Para o que tem que fazer pra me ter e me levar. Vou fazer por merecer, com prazer, pode guiar, 'vamo' até o amanhecer, não deixa ninguém saber" poderia ser cantado por qualquer funkeira da moda, pois apresenta a mesma fórmula da "mulher dona de si que não liga em servir de objetonem fazer os homens de". As duas últimas faixas podem até ser agradáveis se escutadas à exaustão, mas colocaram a perder um trabalho que poderia ser muito bonito.
Não chega a ser um meme, já que Cleo não se prestaria a esse papel, nem se arriscaria se não estivesse muito segura de que apresentaria um trabalho consistente. Ela, surpreendentemente, canta bem. Mas as letras em português, muito arriscadas para quem pretende ser levada a sério, prejudicaram o trabalho como um todo.
*Helder Moraes Miranda escreve desde os seis anos e publicou um livro de poemas, "Fuga", aos 17. É bacharel em jornalismo e licenciado em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura, pela USP - Universidade de São Paulo, e graduando em Pedagogia, pela Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Participou de várias antologias nacionais e internacionais, escreve contos, poemas e romances ainda não publicados. É editor do portal de cultura e entretenimento Resenhando.
Confira o lyric video de "Take Me"
Achei que ela mandou bem. Cleo é muito talentosa. Interpreta muito, tem corpão pra mostrar no Instagram e ainda canta.
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