sábado, 20 de janeiro de 2018

.: 25 anos sem Audrey Hepburn - a trajetória da estrela em sete filmes


Da redação do Resenhando.com, em janeiro de 2018.



Neste sábado, 20 de janeiro, completam-se 25 anos de morte de Audrey Hepburn, a premiada atriz belga que estrelou vários sucessos, entre comédias, romances, dramas e western

Para iniciar os leitores do portal à filmografia da atriz, o Resenhando.com listou filmes, alguns não tão famosos quanto outros, mas que destacam o talento multifacetado da atriz. Entre os longas-metragens, estão "A Princesa e o Plebeu" (1953), que consagrou Audrey em três premiações: Oscar, Globo de Ouro e BAFTA. Interpretando a princesa Ann, ela contracena com Gregory Peck e Eddie Albert. 

Na sequência, vem "Sabrina" (1954), clássico que conta a história da filha do motorista de uma poderosa família, que passa dois anos em Paris e, quando volta, é disputada pelos irmãos David (William Holden) e Linus (Humphrey Bogart).

"Guerra e Paz" (1956) foi um dos principais trabalhos da atriz. Na Moscou do século XIX, com Napoleão ameaçando invadir o país, as famílias da aristocracia russa enfrentam diversos dilemas pessoais. Entre eles, o amor de Natasha (Audrey Hepburn) e Pierre (Henry Fonda). 

Outro filme de destaque é "O Passado Não Perdoa" (1960), em que Audrey interpreta a sonhadora Rachel no faroeste. Com grande elenco e direção de John Huston, o longa-metragem entrou para a história do gênero. A personagem é uma índia que foi adotada pelos Zachary. A família, muito influente no Texas, é comandada pela matriarca Mattilda (Lillian Gish) e seu filho Ben (Burt Lancaster). Quando a tribo Kiowas - inimiga declarada da família - revela a verdadeira identidade da jovem, Rachel se torna alvo de intolerância racial na cidade, o que dá início a uma guerra.

"Bonequinha de Luxo" (1961) é outro clássico que marcou a carreira de Audrey Hepburn. Sua atuação como a garota de programa Holly Golightly lhe rendeu indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro. No romance, a personagem sonha em se casar com um milionário, mas fica dividida ao conhecer o aspirante a escritor Paul (George Peppard).

Gravado na sequência, "Infâmia" (1961) recebeu cinco indicações ao Oscar. Inspirada numa polêmica história real, a produção tem como destaque as amigas Karen (Audrey Hepburn) e Martha (Shirley MacLaine), que administram juntas um internato só para meninas. Depois de ser repreendida na escola por contar mentiras, uma aluna tenta se vingar das professoras e inventa que a dupla tem um romance. O assunto chega aos ouvidos dos responsáveis e o boato se espalha, não só na instituição, como na cidade, arruinando a vida e o trabalho de Martha e Karen. 

"Quando Paris Alucina" (1964) tem direção de Richard Quine. A comédia reúne nomes como Audrey Hepburn, William Holden e Noel Coward, e conta com a participação especial de Frank Sinatra. No longa-metragem, o roteirista bon vivant Richard Benson (William Holden) é contratado pelo produtor de Hollywood Alexander Meyerheim (Noel Coward) para escrever um filme. O problema é que o tempo que ele deveria dedicar ao texto é ocupado por diversão e bebedeiras. A dois dias de entregar o projeto e sem nenhum material concreto, Richard contrata uma secretária para auxiliá-lo. É quando Audrey Hepburn entra em cena como Gabrielle.


Sobre a atriz
Audrey Kathleen Hepburn-Ruston (Ixelles, 4 de maio de 1929 - Tolochenaz, Vaud, 20 de janeiro de 1993) foi uma premiada atriz e humanitária britânica. É considerada um ícone de estilo e, segundo o American Film Institute, a terceira maior lenda feminina do cinema, atrás apenas de Katharine Hepburn e Bette Davis.

Foi a quinta artista, e a terceira mulher, a conseguir ganhar as quatro principais premiações do entretenimento norte-americano, o EGOT - acrônimo de Emmy, Grammy, Oscar e Tony.

Em 8 de fevereiro de 1960, ganhou uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, em homenagem a sua dedicação e contribuição ao cinema mundial. Sua morte se deu em virtude de um câncer de apêndice, em 20 de janeiro de 1993, na cidade de Tolochenaz, Suíça.


Infância e adolescência
Audrey era a única filha de Joseph Anthony Hepburn-Ruston (um banqueiro britânico-irlandês) e Ella van Heemstra Hepburn-Ruston (uma baronesa holandesa descendente de reis ingleses e franceses). Tinha dois meio-irmãos, Alexander van Heemstra Ufford e Ian Quarles van Heemstra Ufford, do primeiro casamento da sua mãe com um nobre holandês.

Os pais de Audrey se divorciaram quando ela tinha nove anos. Para manter a jovem afastada das brigas familiares, sua mãe enviou-a para um internato na Inglaterra, onde ela se apaixonou pela dança, aprendendo balé. Todavia, em 1939 estouraria a Segunda Guerra Mundial, e a Inglaterra declarou guerra à Alemanha. 

A mãe de Audrey decidiu então levá-la para viver na Holanda, país neutro que - ela imaginava - não seria invadido pelos alemães. Os protestos de Audrey não foram suficientes: a menina queria continuar na Inglaterra, mas a mãe temia que cidade de Londres fosse bombardeada. Além disso, as viagens estavam escassas, e a baronesa temia ficar muito tempo sem ver a filha.

A situação na Holanda foi bem diferente da planejada. Com a invasão nazista, a vida da família foi tomada por uma série de privações: Audrey teve muitas vezes de comer bolbos de tulipas para sobreviver. Envolvida com a Resistência, muitos de seus parentes foram mortos vítimas da guerra. Ela participaria de espetáculos clandestinos de balé para angariar fundos e levaria mensagens secretas em suas sapatilhas. Anos mais tarde recusaria o papel de Anne Frank no cinema.


Literalmente, uma grande atriz
Com o fim da Guerra, Audrey e sua mãe mudaram-se para a Inglaterra, onde ingressou na prestigiada escola de balé Marie Rambert. Mas sua professora foi categórica: com 1m70, ela era alta demais e não tinha talento suficiente para tornar-se uma bailarina prima. Desiludida, passou a trabalhar como corista e modelo fotográfica para garantir o sustento da família.

Foi nesse ponto que decidiu investir em outra área: a atuação. Investindo no teatro, sua estreia foi no documentário Dutch in Seven Lessons, seguido por uma série de pequenos filmes. Em 1952, viajou para a França para a gravação de Montercarlo Baby, e foi vista no saguão do hotel em que estava hospedada com o elenco pela escritora Collette. Naquele momento, Collette trabalhava com a montagem para a Broadway da peça "Gigi", cujo papel-título ainda não tinha intérprete. Encantada com Audrey, decidiu que ela seria a sua Gigi.

As críticas para Gigi não foram muito favoráveis, mas era opinião geral que aquela desconhecida que interpretava o papel principal era destinada ao sucesso.


Fama e estrelato
Pouco tempo após o encontro com Collette, Audrey participou de uma audição para o filme "A Princesa e o Plebeu". Encantado com a atriz, o diretor William Wyler escalou-a para viver a Princesa Ann, dividindo a cena com Gregory Peck, que também se surpreendeu com o talento da companheira. O sucesso da produção foi também o de Audrey. Hollywood amou-a imediatamente e a agraciou com o Oscar de Melhor Atriz.

Três dias após a cerimônia do Oscar, recebeu o Tony por sua atuação em "Ondine". Em 1953 a peça "Sabrina Fair" de Samuel A. Taylor ainda estava sendo montada na Broadway quando os executivos da Paramount Pictures perceberam que sua história era perfeita para ser utilizada no novo filme da nova estrela do estúdio: a vencedora do último Oscar Audrey Hepburn. 

Para adaptar o filme para as telas a Paramount convidou o também premiado Billy Wilder, que já havia vencido o Oscar em 1945 por seu ótimo trabalho em "Farrapo Humano" e que vinha de consecutivos sucessos como "Crepúsculo dos Deuses" ("Sunset Boulevard"), "A Montanha dos Sete Abutres" ("Ace in the Hole") e "Inferno Número 17" ("Stalag 17"). 

Em parceria com o autor da peça Samuel Taylor e com o ótimo roteirista Ernest Lehman, Wilder passou a reescrever "Sabrina", o filme que foi o maior sucesso do estúdio em 1954. O filme rendeu à atriz sua segunda indicação ao Oscar. A princípio, para estrelar o romance ao lado de Hepburn, haviam sido convidados Cary Grant e William Holden, no entanto pouco antes do início das filmagens Grant se desligou do projeto sendo substituído pelo renomado Humphrey Bogart. 


O sonho de ser mãe
Durante as filmagens, ela se apaixonou por William Holden e começaram a namorar. Sempre tímida, ele foi sua primeira paixão. Após alguns meses, tornaram-se noivos. 

Audrey temia ser mãe solteira, e pedia a William que apressasse o casamento, pois já estavam noivos e ela poderia engravidar a qualquer momento, mas a jovem decidiu terminar a relação quando William revelou que ainda era legalmente casado, por mais que estivesse separado, e por mais que mantivessem relações, ele não a engravidaria, já que havia feito uma vasectomia. 

Audrey ficou desolada. Tinha planos de casar, e seu grande sonho era ser mãe. Ela agradeceu pela honestidade e sinceridade dele, de ter contado toda a verdade antes do possível casamento. Ele a compreendeu e se tornaram amigos.

A peça "Ondine" foi uma sugestão de Mel Ferrer, por quem ela se apaixonaria durante a temporada na Broadway. Os dois foram apresentados por Gregory Peck em uma festa em 1954. Com poucos meses juntos, decidiram se casar em setembro daquele ano. O filho de Audrey e Mel, Sean, nasceu em 1960. 

Pela vontade do casal, teriam um filho logo após o matrimônio, mas Audrey não estava conseguindo engravidar. Após diversos tratamentos, chegou a engravidar quatro vezes, mas em todas as gestações sofreu aborto espontâneo. A atriz queria mais do que tudo ser mãe, e por muitos anos sofreu com depressão e ansiedade. 


Ícone da moda e do cinema
Para animar a esposa, Mel sugeria que ela trabalhasse com entusiasmo para esquecer os problemas, já que a jovem amava o que fazia. O filho do casal nasceu quando os médicos recomendaram que ela parasse de tentar engravidar, pois corria riscos de novos abortos, o que arriscaria sua própria vida. Em sua última tentativa, conseguiu dar à luz um menino saudável, sua maior conquista. 

Ela e o marido gravaram juntos "Guerra e Paz", e ela estrelaria as comédias-românticas "Cinderela em Paris" e "Amor na Tarde", os dramas "A Flor que Não Morreu" e "Uma Cruz à Beira do Abismo", que lhe rendeu a terceira indicação ao Oscar e afastou qualquer dúvida sobre seu talento, além do faroeste "O Passado Não Perdoa".

Após um ano e meio de licença-maternidade, voltou a Hollywood para estrelar "Bonequinha de Luxo", em um papel que a transformaria em um ícone e pelo qual seria lembrada para sempre. Por viver a acompanhante de luxo Holly Golightly, ela receberia sua quarta indicação ao Oscar. Pouco tempo depois, filmou "Infâmia", "Charada" e "Quando Paris Alucina".

Em 1963, recebeu o papel principal do musical "My Fair Lady", o da vendedora de flores Eliza Doolittle. Entretanto, a voz de Audrey não foi utilizada durante as canções, sendo dublada. Isso deixou a atriz extremamente aborrecida e fez com que abandonasse as gravações por um dia. Audrey não foi indicada ao Oscar por esse papel – fato que até hoje é considerado uma injustiça – devido à dublagem e também pela não-escolha de Julie Andrews (que interpretara Eliza na Broadway) para o papel. Andrews ganharia o Oscar daquele ano por seu papel em "Mary Poppins".


Divórcio, casamento e separação
Em seguida gravaria "Como Roubar Um Milhão de Dólares", "Um Caminho Para Dois" e "Um Clarão nas Trevas", esse último dirigido por seu marido em uma falha tentativa de salvar seu casamento. Audrey Hepburn e Mel Ferrer se divorciaram em dezembro de 1968. 

Nas constantes crises de ciúmes do marido, que queria que ela deixasse a carreira para cuidar da família, fizeram-na sentir-se presa e infeliz. Após brigas diárias por ele negar-se a dar a separação, Audrey saiu de casa com o filho. Após processo na justiça, o divórcio saiu poucos meses depois.

Ela decidiu parar de atuar e passou a viajar com as amigas para se distrair. Numa dessas viagens, apaixonou-se perdidamente por um médico, com quem se casaria apenas seis semanas após o divórcio. Ele era o psiquiatra italiano Andrea Dotti, que Audrey conheceu em um iate. 

Mesmo com poucos meses juntos, decidiram oficializar a união. Sem esperar, Audrey foi pega de surpresa com uma nova gestação, ficando muito apreensiva, mas correu tudo bem. Audrey deu à luz o seu segundo filho, Luca, em 1970. O casal morou por um ano em Roma, para em seguida a atriz ir viver na Suíça com o marido e os dois filhos.

Decidiria voltar a atuar em 1976, estrelando "Robin e Marian". Três anos mais tarde, retornaria à cena em "A Herdeira". Após descobrir uma traição do marido, ficou muito abalada e saiu de casa com os filhos em 1980. Após longo processo na justiça, por ele se negar a dar o divórcio, querer a guarda do filho e formalizar a partilha dos bens, o processo só foi concluído em 1982, favorável a Audrey, que ficou com a maior parte da fortuna e com a guarda do filho. 

A atriz decidiu não mais casar-se. Ia se dedicar à carreira e aos filhos, e só se envolveria com alguém por um compromisso sério de namoro, não matrimônio. Nesse período, gravou "Muito Riso e Muita Alegria", e no fim das filmagens conheceu Robert Wolders. Tornaram-se namorados e ficaram noivos. Estiveram juntos por nove anos, até a morte de Audrey.

Em 1987 deu início a seu mais importante trabalho: o de Embaixadora da UNICEF. Audrey, tendo sido vítima da guerra, sentiu-se em débito com a organização, pois foi o "United Nations Relief and Rehabitation Administration" (que deu origem à UNICEF) que chegou com comida e suprimentos após o término da Segunda Guerra Mundial, salvando sua vida. Ela passaria o ano de 1988 viajando, viagens essas que foram facilitadas por seu domínio de línguas - ela falava fluentemente francês, italiano, inglês, neerlandês e espanhol.

Em 1989 faria uma participação especial como um anjo em "Além da Eternidade". Esse seria seu último filme. Audrey passaria seus últimos anos em incansáveis missões pela Unicef, visitando países, dando palestras e promovendo concertos com causas.

Em 1992 foi diagnosticada com câncer de apêndice, que se espalhou para o cólon intestinal. Iniciou tratamento, mas, após pouco mais de um ano, não resistiu e faleceu às sete horas da noite de 20 de janeiro de 1993, aos 63 anos. Encontra-se sepultada no cemitério de Tolochenaz, Vaud na Suíça. No ano 2000, foi lançado o filme "The Audrey Hepburn Story", uma homenagem a Audrey que gerou críticas da mídia e de fãs, devido à escolha de Jennifer Love Hewitt para o papel principal.



Filmografia sugerida

"A Princesa e o Plebeu" ("Roman Holiday")
Direção: William Wyler
Elenco: Gregory Peck, Audrey Hepburn e Eddie Albert
EUA, 1953. Comédia. 117 min. Livre.

"Sabrina" ("Sabrina")
Direção: Billy Wilder
Elenco: William Holden, Humphrey Bogart e Audrey Hepburn
EUA, 1954. Romance. 113 min. Livre.

"Guerra e Paz" ("War And Peace")
Direção: King Vidor
Elenco: Henry Fonda, Audrey Hepburn e Mel Ferrer
ITA e EUA, 1956. Drama. 208 min. Livre.

"O Passado Não Perdoa" ("The Unforgiven")
Direção: John Huston
Elenco: Audie Murphy, Burt Lancaster e Audrey Hepburn
EUA, 1960. Western. 121 min. 14 anos.

"Bonequinha de Luxo" ("Breakfast At Tiffany's")
Direção: Blake Edwards
Elenco: George Peppard, Audrey Hepburn e Patricia Neal
EUA, 1961. Romance. 114 min. Livre.

"Infâmia" ("The Children's Hour")
Direção: William Wyler
Elenco: James Garner, Audrey Hepburn e Shirley Maclaine
EUA, 1961. Drama. 108 min. 12 anos.

"Quando Paris Alucina" ("Paris - When It Sizzles")
Direção: Richard Quine
Elenco: William Holden, Audrey Hepburn e Grégoire Aslan
EUA, 1964. Comédia. 110 min. Livre.



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