sábado, 13 de janeiro de 2018

.: Crítica de "Os Guardas do Taj", com Reynaldo Gianecchini e Ricardo Tozzi

Após turnê em Portugal, iniciada em novembro de 2017, Reynaldo Gianecchini e Ricardo Tozzi, em São Paulo, estreiam o emocionante e premiado texto do americano Rajiv Joseph


Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em janeiro de 2018


Os altos e baixos da convivência entre grandes amigos pautam a trama do espetáculo "Os Guardas do Taj", estrelado por Reynaldo Gianecchini e Ricardo Tozzi, em cartaz no Teatro Raul Cortez. Tal qual um imã, a relação de Babur (Ricardo Tozzi) e Humayun (Reynaldo Gianecchini) se completa justamente pelo fato de cada um deles ser o oposto do outro. Enquanto Babur é sonhador, assumindo o papel do que age por emoção, Humayun é fiel a tudo o que lhe foi ensinado, seguindo sempre a razão com o intuito de manter a ordem.

Em contrapartida, essa pura amizade é manchada pela beleza concreta de um novo edifício: o imponente Taj Mahal. Sem poder olhar diretamente para a construção, o bate-papo dos dois, inicialmente, é cheio de suposições entusiastas de Babur, o que dá leveza ao texto encenado. Entretanto, o rumo da narrativa que acontece em 1648 muda surpreendentemente, fazendo o público refletir a pergunta estampada no cartaz do espetáculo: O que realmente importa?

No recorte da história desses dois homens comuns, com a amizade em xeque, Babur e Humayun levam o público a mergulhar numa conturbada crise existencial. É após serem obrigados a cortar as 40 mil mãos dos artistas que construíram o Taj Mahal, que os dois trocam de postos. Quando Humayun age com emoção, é Babur quem assume o papel da razão -mesmo que por breves momentos. 

Nessa conflituosa troca de papeis, a amizade se mostra forte, mas não inabalável, pois a fé no Império coloca tudo a perder. Logo, a cena do "e se...", quando Humayun, já como soldado imperial vivencia -em um belo devaneio- a magia que ambos chegaram a sonhar juntos, impacta. E está aí exposto o motivo de toda a trama, para ser esmiuçado e debatido -com amigos e familiares- após o espetáculo"Os Guardas do Taj" é das raras histórias que nos acompanham pela vida, em nossas lembranças, justamente por despertar os questionamentos internos que, por vezes, optamos por ignorá-los em nome de seguir o fluxo do habitual.




Dirigida por Rafael Primot e João Fonseca, a produção traduzida do texto original do americano Rajiv Joseph é uma provocação clara a respeito da falta de questionamento diante das diversas imposições dos poderosos. Todavia, insistimos em repassá-las, com grande naturalidade. Não há escolha a ser feita ou só há a escolha de seguir cegamente o que nos é ordenado? Qual é o real sentido das relações construídas ao longo da vida? Vale mais manter uma amizade desde a infância ou ser subserviente a seu comandante? Como definir o belo? 

Diversas dúvidas. No palco, os conflitos são ainda mais enfatizados por meio da sonoplastia e o uso certo das cores que iluminam as cenas e seus pontos específicos. "Os Guardas do Taj", da Morente Forte Produções Teatrais, é uma aula de análise do comportamento humano, ressaltando que, embora as épocas sejam distintas, as histórias são sempre cíclicas. No entanto, as escolhas é que mudam o rumo de cada personagem.

"Os Guardas do Taj" estreia hoje, dia 13 de janeiro e fica em cartaz até 25 de março. No Teatro Raul Cortez, em São Paulo.

"Os Guardas do Taj"
Teatro Raul Cortez (513 lugares)
Rua Dr. Plínio Barreto 285 – Bela Vista
Sexta e sábado, às 21h
Domingo, às 18h
Ingressos:
Sexta R$ 60, sábado R$ 80 e domingo R$ 70
Duração: 75 minutos
Recomendação: 12 anos
Gênero: drama
Estreia dia 13 de janeiro de 2018
Temporada: até 25 de Março
Informações: (11) 3254.1631
Bilheteria: terça a quinta das 15h às 20h; sexta a domingo a partir das 15h. Aceita todos os cartões de débito e crédito. Não aceita cheque. Ar-condicionado e acesso para deficientes. Estacionamento do teatro: R$ 23
Vendas: (11) 2626-5282 – www.compreingressos.com

Ficha Técnica:
Texto: Rajiv Joseph
Tradução e Adaptação: Rafael Primot
Direção: Rafael Primot e João Fonseca
Elenco: Reynaldo Gianecchini e Ricardo Tozzi
Música Original: Marcelo Pellegrini
Figurino: Fabio Namatame
Cenógrafo: Marco Lima
Vídeo Projeção: Estúdio Bijari
Iluminação: Dani Sanchez
Cenotécnico: Fernando Brettas. Ono-Zone Estúdio
Cenógrafo Assistente: Cesar Bento
Produção Musical: Surdina
Assisstente de Produção: (ensaios) Bruno Fagotti
Assessoria de Imprensa: Daniela Bustos, Beth Gallo e Thaís Peres – Morente Forte Comunicações
Programação Visual: Vicka Suarez
Adaptação Projeto Gráfico: Erik Almeida
Fotos Programação Visual: Fernando Torquatto
Fotos de Cena: Portugal Rogério Martins
Fotos de Cena: Brasil João Caldas Fº
Assistente de Fotografia: Andréia Machado
Mídias Sociais: Dani Angelotti e Luciano Angelotti – Cuboweb
Filmagens e Edições Para Web: Jady Forte - Desteatrando
Coordenação de Produção: Egberto Simões
Produção Executiva: Martha Lozano
Assistente de Produção: Bárbara Santos
Assistente Administrativa: Alcení Braz
Administração: Danilo Bustos
Idealização: Rafael Primot e Enkapothado Artes
Produtoras: Selma Morente e Célia Forte
Realização: Morente Forte Produções Teatrais
Patrocínio: Seguros Unimed


*Editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm



9 comentários:

  1. Ana Maria Margini Cassiano22 de janeiro de 2018 às 09:45

    Assisti ontem ao espetáculo. É forte, na medida que mexe com a nossa maneira de ser e de ver o mundo...
    Parabenizo os atores! Mas ainda assim, acredito que falta força maior força em alguns momentos dramáticos aos personagens!

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    1. Olá, Ana Maria! Muito obrigada por comentar. Nós também gostamos da forma que o espetáculo mexe com a visão de mundo que temos. Mais uma vez... Obrigada!

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  2. Peça para refletir sobre diversas formas de pensar e a vida. É para ver e podendo, rever. Eu recomendo. Gustavo Antunes

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    1. Peça para refletir sobre diversas formas de pensar a vida.*

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    2. Nós também recomendamos, Gustavo! Peça muito reflexiva! Muito obrigada por comentar. Até!

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  3. Um espetáculo teatral, o texto é leve mas também profundo. Misto de rápidas risadas com muito de surpresa e até lágrimas.

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  4. Uma história de amizade que choca, emociona e até faz rir, pois o personagem do Ricardo é engraçado por ser muito sonhador.

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    1. Excelente comentário. Muito obrigada por opinar.
      Um grande abraço, Mary Ellen.

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