Por Helder Miranda, em novembro de 2017.
São 31 anos de sucesso ininterrupto. Com isso, números impressionantes, como mais de 6 milhões de espectadores, mais de 9 mil apresentações, quatro vezes no Guiness Book... Logo, assistir a "Trair e Coçar É Só Começar", em cartaz no Teatro Ruth Escobar até dia 26 de novembro é, para quem gosta de teatro, antes de tudo, preencher uma lacuna, já que a peça continua atual.
Escrita por Marcos Caruso, a comédia conta as desventuras da empregada doméstica Olímpia - personagem que lançou nomes do porte da atriz Denise Fraga, em seu papel de estreia no teatro - e suas tentativas de tirar proveito de uma série de mal-entendidos que acontecem no apartamento dos patrões.
Tudo gira em torno de em um cenário bem aconchegante que retrata um apartamento de classe média. Nele, a atriz Anastácia Custódia, no papel de Olímpia desde 2005, brilha e demonstra estar muito confortável na personagem que, por mais de três décadas, arranca risadas da plateia. É um privilégio assistir a essa grande atriz defendendo uma personagem icônica de nosso teatro de maneira tão leve e despretensiosa.
A plateia é uma atração à parte, com suas risadas que contagiam, criando uma atmosfera de cumplicidade entre o espectador - testemunha ocular das confusões em que se envolvem os personagens - e os atores. Em duas horas de espetáculo, todos têm a chance de brilhar. E, em algum momento, cada ator chama para si o foco das atenções e torna-se o protagonista da história.
Desde o vendedor de joias galã (Ricardo Ciciliano) que - depois de uma bebedeira - mostra um lado bem escondido, à melhor amiga fofoqueira (Carla Pagani) da patroa. Destaque também para a recatada esposa (Siomara Schröder, a inesquecível Etcetera do "Castelo Rá-Tim-Bum", na TV Cultura) supostamente traída pelo síndico que, no auge da loucura desenfreada da série de mal-entendidos dos personagens, fica de lingerie a contragosto e arranca boas risadas.
Carlos Mariano (na memória afetiva da geração de pessoas com mais de 30 anos por interpretar um dos peixes do seriado "Glub Glub" na TV Cultura e conhecido pelas crianças de agora como um policial atrapalhado na novela "Carinha de Anjo", no SBT) e Mario Sérgio Pretini, veteraníssimo dos palcos e da TV, também mostram química nessa parceria. A esposa (Tânia Castello), o síndico assanhado (Miguel Bretas) e até um padre (Beto Nasci) completam a diversão.
É uma comédia com classe, que faz rir sem apelações, mas também não segue a linha politicamente correta. Na verdade, é um respiro de qualidade no teatro paulistano, que continua vivo e pulsante. Ainda dá tempo de assistir e está no bairro da Bela Vista, bem pertinho do Bexiga. Depois, a peça sai para uma temporada itinerante pelo país.
"Trair e Coçar É Só Começar" é para assistir e revisitar sempre que puder, já que o texto se renova e, nessa montagem, conta com piadas relacionadas ao que está acontecendo agora no cotidiano desse país que precisa de mais comédias como essa. É aí que "Trair e Coçar..." se faz necessária: precisamos rir de nossas mazelas, mas, sobretudo, merecemos ser felizes!
A peça gira em torno de hipóteses de adultérios, geradas por equívocos e confusões provocadas por uma empregada, que se aproveita da desconfiança geral entre os casais do enredo para subornar seus patrões e amigos. A história conta com três casais, um padre e um vendedor de joias que se torna, sem querer, o pivô de uma série de suspeitas de traição. É uma comédia de costumes com todas as confusões do gênero.
Cia. Radamés Bruno Prod. Cultura e Marketing e Eventos Ltda.
Sala: Dina Sfat
Gênero: Comédia
Duração: 120 minutos
Autor: Marcos Caruso
Diretor: José Scavazini
Classificação etária: 12 anos
Dias e horários: sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 20h
Duração da temporada: até 26 de novembro
Valor do ingresso: sextas e domingos: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia); Sábados: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)
Elenco: Anastácia Custódio, Carlos Mariano, Mario Sérgio Pretini, Tânia Casttello, Carla Pagani, Miguel Bretas, Ricardo Ciciliano, Siomara Schröder e Beto Nasci
Endereço: rua dos Ingleses, 209 - Bela Vista/São Paulo - SP
*Helder Miranda escreve desde os seis anos e publicou um livro de poemas, "Fuga", aos 17. É bacharel em jornalismo e licenciado em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura, pela USP - Universidade de São Paulo, e graduando em Pedagogia, pela Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Participou de várias antologias nacionais e internacionais, escreve contos, poemas e romances ainda não publicados. É editor do portal de cultura e entretenimento Resenhando.
0 comments:
Postar um comentário
Deixe-nos uma mensagem.