“Clodovil era um cara indigesto, especialmente para os hipócritas. Um vilão convicto no mercado politicamente correto – portanto um herói de seu tempo.”
Guilherme Fiúza
“Amado e odiado, temido e admirado, brilhante e, algumas vezes, cruel. Capaz de devolver ao mundo em dobro a agressividade com que a vida o tratou desde o momento em que foi rejeitado pela mãe biológica por ser um bebê feio e doente. Uma ferida que o sucesso não conseguiu cicatrizar.”
Sonia Abrão
“A língua afiada e o gatilho rápido eram pontuais. Quem entrava na relação de desafetos dele, jogava a toalha.”
Amaury Jr.
Pioneiro na moda do Brasil, polêmico apresentador de programas de sucesso na TV e até deputado federal, Clodovil Hernandes teve uma vida intensa, marcada por grandes afetos e enormes brigas, muito luxo, glamour e sexo. Foi com esse personagem ímpar que o jornalista Carlos Minuano topou em 2012, quando esteve em Ubatuba, onde Clô mantinha uma mansão, para fazer uma reportagem sobre um espaço que seria inaugurado em homenagem a ele.
Clodovil morrera em 2009 e, mesmo após sua morte, continuou sendo alvo de fofocas e rumores. Até a suspeita de que foi assassinado ainda ronda a sua história, contada em detalhes no livro “Tons de Clô”, que será lançado por Minuano no final de novembro.
“Ele costurou, como ninguém, uma extensa teia de polêmicas e controvérsias de grosso calibre. Em resumo, uma vida de contrastes, mas sempre transbordada de luxo, glamour e celebridades. Enredada à sua história, uma extensa lista de famosos. Nomes como o de Marília Gabriela e Marta Suplicy, com quem dividiu o comando do antológico programa feminino TV mulher, na Globo, e do qual pediu demissão por desentendimentos com as colegas de trabalho. O circuito de afetos e desafetos de Clodovil é mais um desfile de celebridades, que são fontes essenciais na história do estilista. Adriane Galisteu, Luciana Gimenez, entre tantas outras, tiveram atritos com o estilista. Mas ele também foi querido de outros gigantes midiáticos, como Faustão e Silvio Santos. Ambos, porém, se recusaram a falar para esta biografia”, revela o jornalista, na apresentação que escreveu para o livro.
Escandaloso, sincero e intempestivo, Clodovil colecionou encrencas e arrumou inimigos por onde passou. Em entrevista para o livro, amigos disseram que era ao mesmo tempo divertido e bipolar. O jornalista lembra que, por trás da fama, do dinheiro e do sucesso profissional, Clodovil guardava algumas frustrações, como a descoberta de que era filho adotivo e a dificuldade que sempre teve com a sexualidade. Clodovil não se casou e disse só ter tido um amor na vida, não concretizado. Conhecido por contratar garotos de programa, usava bordões que falavam da sexualidade para se defender: “Vocês acham que eu sou passivo? Pisem no meu calo para ver”, dizia durante a campanha para deputado federal. São tantas as frases marcantes que o autor decidiu publicar em destaque uma a cada capítulo.
O livro tem um belo encarte com fotos do personagem e traz na orelha depoimento de um dos antigos desafetos de Clô, o também estilista Ronaldo Ésper. Ele será lançado no dia 22 de novembro, a partir das 19h, na livraria da Vila da Fradique Coutinho.
Orelha de "Tons de Clô", por Por Ronaldo Ésper:
“Foi assustador quando Carlos Minuano me falou dessa biografia do Clodovil, pelo simples fato de que tudo em torno do biografado nos assusta. O autor penetrou no ateliê do costureiro e ousou estilhaçar todos os espelhos onde, infinitamente, Clodovil tentou se encontrar. Estilhaçados os espelhos, o resultado dessa profanação foram muitos cacos. Alguns inofensivos, outros, porém, pontiagudos e cortantes. O autor, a custo de se ferir e, por conseguinte, ferir também o leitor, nos apresenta a verdade a respeito do estilista. Aquele que passou anos vestindo os nus encontra-se aqui desnudado pelos fortes ventos de Minuano. No mundo da moda é quase ilegal dizer a verdade, mas essa ilegalidade torna-se aceitável na presente obra. Minuano enfrenta um monte de retroses embaraçados e vai desembaraçando com fina habilidade o caos de sedas e agulhas. Não é, pois, uma biografia comum, porque se houve alguém incomum, esse foi Clodovil. Além disso, cumpre ressaltar que esta é a primeira biografia a seu respeito. Aplausos ao autor. Ao lado de Dener, Clodovil foi um dos maiores criadores de moda dessa primeira geração de estilistas e, para muitos, um dos maiores fashion designers do Brasil. 'Tons de Clô', um resgate oportuníssimo, destaca o esforço nacionalista de Clodovil na tentativa de impor uma ‘moda brasileira’ e nos leva também da agonia ao êxtase na vida do homem Clodovil, à qual me referi como assustadora. Aqui está o artista, sua moda, o personagem, a difícil pessoa, o cortante talento de alguém curioso e único. Por isso, ouso dizer que há um pouco de Clodovil em todos os estilistas que o seguiram. Seu fantasma assombra todos os ateliês de moda, e coube a Minuano conduzir esse trem deliciosamente fantasmagórico. Vida atormentada e polêmica até culminar com sua misteriosa morte. Todos os retalhos dessa vida foram costurados por Minuano, e o resultado é um vestido sério, sem fantasias, porém estupendo.”
Sobre o autor:
Jornalista, pós-graduado em cinema, em cerca de duas décadas de carreira já escreveu nos principais veículos do país, como no jornal Folha de S.Paulo, revistas Carta Capital, Rolling Stone, e em diversas publicações da editora Abril. Atualmente é repórter do jornal Metro (Band) e colaborador no portal UOL.
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