quarta-feira, 11 de outubro de 2017

.: Vestibular e ENEM: Memórias Póstumas de Brás Cubas e Machado de Assis

O livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, de 1881 representou um marco decisivo tanto no desenvolvimento da obra do autor, quanto na evolução da literatura brasileira. Não é mais um romance romântico, como os anteriores de Assis (1839-1908), e é tido como o primeiro romance realista brasileiro. Mas ele é ainda mais que isso: é a primeira narrativa fantástica brasileira e, ainda mais importante, é a primeira obra da literatura brasileira que ultrapassa os limites nacionais dessa literatura, por ser um grande romance universal, merecendo lugar de destaque na literatura do mundo.

narrador Brás Cubas está morto. É dessa perspectiva extraordinária, por isso o caráter fantásticos do livro, que nos relata como foi a vida dele, oferecendo um quadro da classe social e do mundo em que viveu. Tudo num estilo ziguezagueante, coerente com a vontade de um morto caprichoso e debochado, sem qualquer compromisso com os formalismos da vida -seja os formalismos das relações sociais, seja os da narrativa literária. 

A leitura do livro é divertida, por conta da comicidade e irreverência: seja pela narrativa cheia de surpresas e desenvolvida, ou desmontada, por meio de um vaivém constante -iniciando com a morte do protagonista, pula para o nascimento e prossegue com muitos saltos-, seja ainda pela representação corrosivamente irônica de um mundo social parasitário, que é a "alta sociedade" do Segundo Império, mundo do qual o narrador -um completo parasita- é o perfeito representante.


Escondido no humor, há uma perspectiva desencantada -o famoso pessimismo machadiano- que não só põe a nu as estruturas daquela sociedade, mas ainda deixa visível o esqueleto que suporta as estruturas da vida e da arte.


Personagens

Brás Cubas: Narrador-protagonista, ou seja, o “defunto autor”, como se define; um morto que decide retratar as memórias de forma irônica, julgando a vida humana.

Virgília: Mulher do político Lobo Neves e amante do protagonista. Teve a oportunidade de se casar com Brás Cubas, mas preferiu ser esposa de um homem influente e manter um relacionamento clandestino com o antigo namorado.

Eugênia: Garota claudicante beijada pelo protagonista e depois desprezada por ele.

Marcela: Garota de programa com quem Brás teve um caso na juventude.

Quincas Borba: Amigo de Brás Cubas, criador da filosofia do humanitismo.

Cotrim: Marido de Sabina, irmã de Brás Cubas, um sujeito grosseiro ao  lidar com os escravos.

Nhã Loló: Familiar de Cotrim, Sabina faz de tudo para o irmão se casar com ela, mas a moça morre antes da cerimônia.

Dona Plácida: Ex-serviçal de Virgília, encobre o relacionamento do protagonista e Virgília.


Prudêncio: Antigo escravo de Brás Cubas, que ao conquistar a alforria se torna proprietário de um escravo. Nesse serviçal ele revida todas as crueldades sofridas na sua infância.

Autor: Machado de Assis, considerado um dos melhores autores da história literária brasileira, é definido como o maior escritor do Brasil. Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro, e faleceu no ano de 1908, em sua terra natal.

O autor era mestiço em uma época de grande preconceito e, ainda era proveniente de família simples. Portanto, estudou somente até o primário. Conseguiu atingir o status de funcionário público, cativando a sociedade em um período histórico no qual ainda vigorava a escravidão em nosso país.

Em 1869, casou-se com a portuguesa Carolina Xavier, permanecendo até a morte. Ela o incentivou o tempo todo em sua jornada pelo universo da literatura. Como não tiveram filhos, o autor passou o fim da vida sozinho. Carolina Xavier serviu de inspiração para criação da Dona Carmo, do livro "Memorial de Aires". 

Machado é famoso criação de contos e ficções, embora tenha elaborado poemas, dramaturgia, crônicas e críticas literárias. “Ressurreição”, o primeiro romance, foi lançado em 1872. Em 1897, foi o criador e o primeiro escritor a presidir a Academia Brasileira de Letras. 

A obra de Machado de Assis é classificada pelos críticos em várias etapas de criação. “Ressurreição” (1872), “A Mão e a Luva” (1874), “Helena” (1876) e “Iaiá Garcia” (1878), enquadram-se na primeira fase da carreira do autor. Embora já apresentam elementos do período realista de Machado: a preocupação em analisar as características psicológicas dos personagens, a ironia, o solilóquio interior e as rupturas narrativas.


Machado revela-se mais maduro a partir da publicação de "Memórias póstumas de Brás Cubas" (1881), marcando então a segunda etapa de produção escrita. Assim, desenvolve uma ironia feroz, retrata um humor velado e amargo em relação àquilo que retrata.



A nova fase inclui os romances "Quincas Borba" (1891), "Dom Casmurro" (1899), "Esaú e Jacó" (1904) e "Memorial de Aires" (1908). Entre os diversos contos estão: “O alienista”, “A cartomante”, “Missa do galo”, “Uns braços”, “O espelho”, “Cantiga de esponsais”, “Teoria do medalhão”, “A causa secreta”.


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