Livro traz peças inéditas e trajetória de escritora deixada de fora da ABL no século 19
Nos 120 anos da Academia Brasileira de Letras e em uma época em que os debates sobre o papel da mulher na sociedade têm ganhado cada vez mais destaque, Michele Asmar Fanini lança o livro "A (in)visibilidade de um legado: seleta de textos dramatúrgicos inéditos de Júlia Lopes de Almeida" pela Intermeios, em coedição com a Fapesp. A autora dá voz à vida e obra da escritora mais publicada no Brasil durante a Primeira República (1889-1930). Figura que compôs o grupo de idealizadores da ABL, fundada em 1897, mas não integrou a galeria dos imortais por ser mulher. A publicação traz informações biográficas e literárias sobre Júlia Lopes de Almeida (1862 – 1934), além de reunir seis textos dramatúrgicos inéditos. No livro, estão reunidas as peças O Caminho Do Céu, O Dinheiro Dos Outros, Vai Raiar O Sol, A Senhora Marquesa, A Última Entrevista e Laura.
Até a conclusão do livro, foram mais de 4 anos de intensa pesquisa que iniciou por meio de um estudo que tinha como objetivo falar sobre as mulheres e a Academia Brasileira de Letras. A intenção era reconstruir os bastidores do ingresso das escritoras que se elegeram e também os bastidores das "ausências institucionais" femininas. Durante os 80 primeiros anos de existência da ABL, as mulheres foram impossibilitadas de se candidatar.
“Estava investigando as circunstâncias de ingresso de Rachel de Queiroz, que foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na ABL, o que se deu somente em 1977, quando, em minhas buscas no acervo da própria Academia, deparei-me com a instigante história da escritora carioca Júlia Lopes de Almeida. Embora se tratasse da escritora mais publicada da Primeira República e única mulher cogitada a integrar o quadro de membros fundadores da ABL, Júlia Lopes de Almeida protagonizou o primeiro vazio institucional feminino da agremiação”, conta Michele Asmar Fanini.
O marido da escritora, Filinto de Almeida, cronista, jornalista e político, entrou logo no nascimento da ABL, como fundador. À época, Júlia Lopes já possuía uma produção significativa, com romances, contos, crônicas e textos teatrais. Para reconstruir a trajetória literária e social de Júlia Lopes de Almeida, Michele teve acesso, em 2008, a seu arquivo pessoal, então localizado no bairro de Santa Tereza (Rio de Janeiro), momento em que pode conhecer pessoalmente seu neto e legatário simbólico, Claudio Lopes de Almeida.
“Júlia foi testemunha ocular e intérprete de momentos-chave da história do país. Seu despontar literário se deu na Campinas imperial, com uma crítica teatral publicada na Gazeta de Campinas e sua projeção como escritora teve como cenário o Rio de Janeiro da Primeira República. Sua obra aborda temas como a escravidão, a profissionalização e a educação femininas, a assimetria das relações de gênero, o preconceito de classe, traz críticas ao lucro exacerbado, às relações baseadas na aparência, à jogatina. Importantes ângulos dessa efervescência cultural, social e política estão contemplados em seus escritos”, diz Michele.
Em uma das consultas ao arquivo pessoal da escritora, a pesquisadora localizou um conjunto de textos teatrais inéditos, que, anos depois, acabaram se tornando objeto de estudo de seu pós-doutorado, realizado entre 2011 e 2014, no Instituto de Estudos Brasileiros da USP, com bolsa Fapesp.
A orelha do livro é assinada por Marcos Antonio de Moraes e Ana Paula Cavalcanti Simioni (ambos docentes do IEB e supervisores da pesquisa) e o Prefácio foi escrito por Maria de Lourdes Eleutério, autora do livro Vidas de romance: as mulheres e o exercício de ler e escrever no entresséculo (1890-1930).
A (in)visibilidade de um legado: seleta de textos dramatúrgicos inéditos de Júlia Lopes de Almeida é uma homenagem póstuma e um trabalho de resgate da memória cultural. A publicação tem 384 páginas e está disponível nas principais livrarias do país.
Nos 120 anos da Academia Brasileira de Letras e em uma época em que os debates sobre o papel da mulher na sociedade têm ganhado cada vez mais destaque, Michele Asmar Fanini lança o livro "A (in)visibilidade de um legado: seleta de textos dramatúrgicos inéditos de Júlia Lopes de Almeida" pela Intermeios, em coedição com a Fapesp. A autora dá voz à vida e obra da escritora mais publicada no Brasil durante a Primeira República (1889-1930). Figura que compôs o grupo de idealizadores da ABL, fundada em 1897, mas não integrou a galeria dos imortais por ser mulher. A publicação traz informações biográficas e literárias sobre Júlia Lopes de Almeida (1862 – 1934), além de reunir seis textos dramatúrgicos inéditos. No livro, estão reunidas as peças O Caminho Do Céu, O Dinheiro Dos Outros, Vai Raiar O Sol, A Senhora Marquesa, A Última Entrevista e Laura.
Até a conclusão do livro, foram mais de 4 anos de intensa pesquisa que iniciou por meio de um estudo que tinha como objetivo falar sobre as mulheres e a Academia Brasileira de Letras. A intenção era reconstruir os bastidores do ingresso das escritoras que se elegeram e também os bastidores das "ausências institucionais" femininas. Durante os 80 primeiros anos de existência da ABL, as mulheres foram impossibilitadas de se candidatar.
“Estava investigando as circunstâncias de ingresso de Rachel de Queiroz, que foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na ABL, o que se deu somente em 1977, quando, em minhas buscas no acervo da própria Academia, deparei-me com a instigante história da escritora carioca Júlia Lopes de Almeida. Embora se tratasse da escritora mais publicada da Primeira República e única mulher cogitada a integrar o quadro de membros fundadores da ABL, Júlia Lopes de Almeida protagonizou o primeiro vazio institucional feminino da agremiação”, conta Michele Asmar Fanini.
O marido da escritora, Filinto de Almeida, cronista, jornalista e político, entrou logo no nascimento da ABL, como fundador. À época, Júlia Lopes já possuía uma produção significativa, com romances, contos, crônicas e textos teatrais. Para reconstruir a trajetória literária e social de Júlia Lopes de Almeida, Michele teve acesso, em 2008, a seu arquivo pessoal, então localizado no bairro de Santa Tereza (Rio de Janeiro), momento em que pode conhecer pessoalmente seu neto e legatário simbólico, Claudio Lopes de Almeida.
“Júlia foi testemunha ocular e intérprete de momentos-chave da história do país. Seu despontar literário se deu na Campinas imperial, com uma crítica teatral publicada na Gazeta de Campinas e sua projeção como escritora teve como cenário o Rio de Janeiro da Primeira República. Sua obra aborda temas como a escravidão, a profissionalização e a educação femininas, a assimetria das relações de gênero, o preconceito de classe, traz críticas ao lucro exacerbado, às relações baseadas na aparência, à jogatina. Importantes ângulos dessa efervescência cultural, social e política estão contemplados em seus escritos”, diz Michele.
Em uma das consultas ao arquivo pessoal da escritora, a pesquisadora localizou um conjunto de textos teatrais inéditos, que, anos depois, acabaram se tornando objeto de estudo de seu pós-doutorado, realizado entre 2011 e 2014, no Instituto de Estudos Brasileiros da USP, com bolsa Fapesp.
A orelha do livro é assinada por Marcos Antonio de Moraes e Ana Paula Cavalcanti Simioni (ambos docentes do IEB e supervisores da pesquisa) e o Prefácio foi escrito por Maria de Lourdes Eleutério, autora do livro Vidas de romance: as mulheres e o exercício de ler e escrever no entresséculo (1890-1930).
A (in)visibilidade de um legado: seleta de textos dramatúrgicos inéditos de Júlia Lopes de Almeida é uma homenagem póstuma e um trabalho de resgate da memória cultural. A publicação tem 384 páginas e está disponível nas principais livrarias do país.
0 comments:
Postar um comentário
Deixe-nos uma mensagem.