Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em outubro de 2017
No episódio "11/09", com o retorno de Emma Roberts, a sétima temporada de American Horror Story, intitulada de Cult, ganha um vale a pena voltar ao passado e entender melhor os acontecimentos. Para tanto, uma briguinha entre as jornalistas Beverly (Adina Porter) e Serena Belinda (Emma Roberts), representando, um pouco, o "4º poder". Em tempo, Serena poderia ter sido batizada de Channel Oberlin, da série "Scream Queens", pois há muitos trejeitos da personagem, embora Emma use roupas em tons mais fortes.
E como a modernidade trouxe um toque reforçado de vingança com a garantia de finais trágicos, é Meadow (Leslie Grossman) quem define bem a situação: "Veja essa bagunça de humanidade!". Sim, minha cara, humanidade de mentes vazias de fatos, mas cheias de ódio, muitos personagens de AHS Cult não se importam em chegar ao limite e/ou até causar a morte de alguém. Seja quem for!
Lembra muito a realidade, não é? Ok! Por mais que sejam personagens pontuais, cada nação pode muito bem identificar seus representantes e afins nesses palhaços que apavoram Ally (Sarah Paulson). No caso do Brasil, a criatividade é tanta que até falta!
Contudo, para os americanos o amor à nação é gigantesco. Sabem bem que votar é fazer parte da história e a escolha errada muda tudo. Para tanto, Ally e Ivy (Alison Pill), as protagonistas de AHS Cult, assim com os personagens agentes da trama, marcam presença no dia da votação, o que é bem retratado nos primeiros minutos do episódio.
Em contrapartida, a trama é pautada em cima da ambições de Kai (Evan Peters). Como? Kai, alguém em quem confiar, é, nitidamente, o idealizador do culto de algo que promete ser grande. O que é? Ainda não está claro! Para alcançar o objetivo desse feito grandioso, o rapaz é quem planta a ideia de mostrar o verdadeiro eu, custe o que custar. Para tanto, volta-se ainda mais ao passado: no período dos comícios.
Eis que a seleção dos integrantes do culto é iniciada. A aproximação de Kai ao forte professor de academia, Harrison (Billy Eichner), usando o discurso fantástico sobre rótulos e a divisão na diversidade convence o grandalhão. Quem não gostaria de ser um homem sem rótulos, não é? Após apimentar a raiva de Harrison por humilhação proveniente do fato de ser gay, o dono da academia descobre bem o sentido da frase que gosta de repetir: "Pegue pesado ou vá para casa".
Eis que uma cena é claramente usada para chamar a atenção do público: Kai masturba-se no banheiro e Harrison se empolga com o flagrante. É o suficiente para convencê-lo a entrar para o grupo de Kai que tem o objetivo de mudar o mundo? Claro!
Em casa, uma situação difícil. Harrison, gay, casado com Meadow, estão devendo a hipoteca da casa. Ela, claramente apaixonada por ele, solta a pérola: "Só preciso de você e um pacote de canais decentes". Alivia? Não! Nem a tentativa de transar com Harrison, pois ele continua pressionado no trabalho em que é humilhado.
Desacreditado, Harrison é receptivo a tudo o que Kai profere. O que ele lança? A ideia de que o outro é um espelho e "eu sou você". Bem provocante! De fato, muito do que nos incomoda no outro é um grande defeito que temos. Kai, canhoto, desenha a carinha sorridente numa porta de vidro esfumaçada, provoca Harrison para chegar ao extremo e o estimula a fazer parte desse algo grande -que só pode ser o culto.
Em meio a esse jogo de palavras convincentes e sangue jorrando, um tema é tratado nesse episódio: a depreciação da mulher. Beverly sofre com entrevistadores machistas -virando até meme-, mas é Serena quem representa o outro lado. Ela, é uma jovem pronta a satisfazer o chefe Bob (Dermot Mulroney, de "O casamento do meu melhor amigo")-incluindo sexo oral- em troca de um posto mais atrativo no trabalho, enquanto jornalista.
Kai, que toma medicamentos controlados, continua o recrutamento da equipe de Kai baseando-se no uso do medo de todas as formas. Qual é o próximo membro a ser conquistado? A jornalista Beverly. De fato, "homens e mulheres usam o medo como armas há tempos" para conseguir o que querem. Entretanto, a oferta mais tentadora de Kai a jornalista é o de um poder igualitário, o que não a convence tão rápido.
No entanto, após a cena do ataque sangrento a Serena, realizado por três grandes fãs do palhaço assassino, Twisty, é de jorrar sangue, pois são dadas incontáveis facadas. Não somente na jovem, mas também no cinegrafista. Qual o propósito deste feito? Atrair Beverly.
Todo o rebuliço até chegar o dia das eleições. Discussões de "fandoms" de Hillary e Trump. Ally defende Hilary, enquanto que o rapaz do mercado, Gary, com o braço esquerdo inteiro, é pró Trump. Como discussões ferrenhas acabam em briga, Gary usa a mão esquerda para provocar Ally e abusa dela sexualmente. Eis que surge Winter (Billie Lourd) testemunhando o acontecido. Sim! É o retrato fiel do pensamento masculino que acredita ter total poder por estar acima do feminino.
Contudo, a sede de fazer justiça de Ally e Winter as levam até o mercado de Gary, por conta do letreiro colado no carro. Mais discussão política, enquanto ele está preso e envolto de fita "silver tape" e, por fim, abandonado. Gritando por socorro, é a vez de Kai entrar em ação. Oferece ajuda ao desesperado para aproveitar uma hora que lhe resta para votar? Sim e não! A homenagem ao clássico do terror "Jogos Mortais" surge na atitude de Gary cortar-se. Contudo, em AHS... Não é o pé!
Que venha o próximo episódio para entendermos a que ponto chegará o culto!
Seriado: American Horror Story: Cult
Episódio: 11/09
Elenco: Sarah Paulson como Ally Mayfair-Richards, Evan Peters como Kai Anderson, Cheyenne Jackson como Dr. Rudy Vincent, Billie Lourd como Winter Anderson, Alison Pill como Ivy Mayfair-Richards, Colton Haynes como Detetive Samuels, Billy Eichner como Harrison Wilton, Leslie Grossman como Meadow Wilton, Adina Porter como Beverly Hope, Lena Dunham como Valerie Solanas, Emma Roberts como Serena Belinda, Chaz Bono como Gary Longstreet, John Carroll Lynch como Twisty, o Palhaço, Frances Conroy, Mare Winningham, James Morosini.
* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do www.photonovelas.com.br. Twitter: @maryellenfsm
Em outubro de 2017
No episódio "11/09", com o retorno de Emma Roberts, a sétima temporada de American Horror Story, intitulada de Cult, ganha um vale a pena voltar ao passado e entender melhor os acontecimentos. Para tanto, uma briguinha entre as jornalistas Beverly (Adina Porter) e Serena Belinda (Emma Roberts), representando, um pouco, o "4º poder". Em tempo, Serena poderia ter sido batizada de Channel Oberlin, da série "Scream Queens", pois há muitos trejeitos da personagem, embora Emma use roupas em tons mais fortes.
E como a modernidade trouxe um toque reforçado de vingança com a garantia de finais trágicos, é Meadow (Leslie Grossman) quem define bem a situação: "Veja essa bagunça de humanidade!". Sim, minha cara, humanidade de mentes vazias de fatos, mas cheias de ódio, muitos personagens de AHS Cult não se importam em chegar ao limite e/ou até causar a morte de alguém. Seja quem for!
Lembra muito a realidade, não é? Ok! Por mais que sejam personagens pontuais, cada nação pode muito bem identificar seus representantes e afins nesses palhaços que apavoram Ally (Sarah Paulson). No caso do Brasil, a criatividade é tanta que até falta!
Contudo, para os americanos o amor à nação é gigantesco. Sabem bem que votar é fazer parte da história e a escolha errada muda tudo. Para tanto, Ally e Ivy (Alison Pill), as protagonistas de AHS Cult, assim com os personagens agentes da trama, marcam presença no dia da votação, o que é bem retratado nos primeiros minutos do episódio.
Em contrapartida, a trama é pautada em cima da ambições de Kai (Evan Peters). Como? Kai, alguém em quem confiar, é, nitidamente, o idealizador do culto de algo que promete ser grande. O que é? Ainda não está claro! Para alcançar o objetivo desse feito grandioso, o rapaz é quem planta a ideia de mostrar o verdadeiro eu, custe o que custar. Para tanto, volta-se ainda mais ao passado: no período dos comícios.
Eis que a seleção dos integrantes do culto é iniciada. A aproximação de Kai ao forte professor de academia, Harrison (Billy Eichner), usando o discurso fantástico sobre rótulos e a divisão na diversidade convence o grandalhão. Quem não gostaria de ser um homem sem rótulos, não é? Após apimentar a raiva de Harrison por humilhação proveniente do fato de ser gay, o dono da academia descobre bem o sentido da frase que gosta de repetir: "Pegue pesado ou vá para casa".
Eis que uma cena é claramente usada para chamar a atenção do público: Kai masturba-se no banheiro e Harrison se empolga com o flagrante. É o suficiente para convencê-lo a entrar para o grupo de Kai que tem o objetivo de mudar o mundo? Claro!
Em casa, uma situação difícil. Harrison, gay, casado com Meadow, estão devendo a hipoteca da casa. Ela, claramente apaixonada por ele, solta a pérola: "Só preciso de você e um pacote de canais decentes". Alivia? Não! Nem a tentativa de transar com Harrison, pois ele continua pressionado no trabalho em que é humilhado.
Desacreditado, Harrison é receptivo a tudo o que Kai profere. O que ele lança? A ideia de que o outro é um espelho e "eu sou você". Bem provocante! De fato, muito do que nos incomoda no outro é um grande defeito que temos. Kai, canhoto, desenha a carinha sorridente numa porta de vidro esfumaçada, provoca Harrison para chegar ao extremo e o estimula a fazer parte desse algo grande -que só pode ser o culto.
Em meio a esse jogo de palavras convincentes e sangue jorrando, um tema é tratado nesse episódio: a depreciação da mulher. Beverly sofre com entrevistadores machistas -virando até meme-, mas é Serena quem representa o outro lado. Ela, é uma jovem pronta a satisfazer o chefe Bob (Dermot Mulroney, de "O casamento do meu melhor amigo")-incluindo sexo oral- em troca de um posto mais atrativo no trabalho, enquanto jornalista.
Kai, que toma medicamentos controlados, continua o recrutamento da equipe de Kai baseando-se no uso do medo de todas as formas. Qual é o próximo membro a ser conquistado? A jornalista Beverly. De fato, "homens e mulheres usam o medo como armas há tempos" para conseguir o que querem. Entretanto, a oferta mais tentadora de Kai a jornalista é o de um poder igualitário, o que não a convence tão rápido.
No entanto, após a cena do ataque sangrento a Serena, realizado por três grandes fãs do palhaço assassino, Twisty, é de jorrar sangue, pois são dadas incontáveis facadas. Não somente na jovem, mas também no cinegrafista. Qual o propósito deste feito? Atrair Beverly.
Todo o rebuliço até chegar o dia das eleições. Discussões de "fandoms" de Hillary e Trump. Ally defende Hilary, enquanto que o rapaz do mercado, Gary, com o braço esquerdo inteiro, é pró Trump. Como discussões ferrenhas acabam em briga, Gary usa a mão esquerda para provocar Ally e abusa dela sexualmente. Eis que surge Winter (Billie Lourd) testemunhando o acontecido. Sim! É o retrato fiel do pensamento masculino que acredita ter total poder por estar acima do feminino.
Contudo, a sede de fazer justiça de Ally e Winter as levam até o mercado de Gary, por conta do letreiro colado no carro. Mais discussão política, enquanto ele está preso e envolto de fita "silver tape" e, por fim, abandonado. Gritando por socorro, é a vez de Kai entrar em ação. Oferece ajuda ao desesperado para aproveitar uma hora que lhe resta para votar? Sim e não! A homenagem ao clássico do terror "Jogos Mortais" surge na atitude de Gary cortar-se. Contudo, em AHS... Não é o pé!
Que venha o próximo episódio para entendermos a que ponto chegará o culto!
Seriado: American Horror Story: Cult
Episódio: 11/09
Elenco: Sarah Paulson como Ally Mayfair-Richards, Evan Peters como Kai Anderson, Cheyenne Jackson como Dr. Rudy Vincent, Billie Lourd como Winter Anderson, Alison Pill como Ivy Mayfair-Richards, Colton Haynes como Detetive Samuels, Billy Eichner como Harrison Wilton, Leslie Grossman como Meadow Wilton, Adina Porter como Beverly Hope, Lena Dunham como Valerie Solanas, Emma Roberts como Serena Belinda, Chaz Bono como Gary Longstreet, John Carroll Lynch como Twisty, o Palhaço, Frances Conroy, Mare Winningham, James Morosini.
* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do www.photonovelas.com.br. Twitter: @maryellenfsm
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