Emicida, o principal nome do rap nacional, é capa da edição de setembro da revista GQ, que chega às bancas nessa segunda, dia 4 de setembro, toda dedicada à música no mês do Rock in Rio. Já com 13 anos de carreira, o rapper gravou dois discos, duas mixtapes, dois EPs, mais de 15 singles e coleciona 1,1 milhão de seguidores no Instagram e vídeos com mais de 5 milhões de visualizações. Possui também projetos em conjunto com grandes empresas como Natura, Renner, West Coast, Ray-Ban, Intel, Nike. Além disso, ele participa das carreiras de nomes de peso da cena de rap nacional, como Akua Naru, Rael e Kamau.
Em entrevista exclusiva à GQ, ele fala de música a moda, de política a racismo, dá aula de empreendedorismo e conta sobre sua grife, a Lab Fantasma que, pela primeira vez, teve a coleção da marca assinada pelo próprio rapper, em parceria com o seu irmão Evandro Fióti, na São Paulo Fashion Week. Emicida é a prova de que músico também pode se arriscar em outras frentes, sendo empresário, produtor, estilista ou qualquer coisa que der na telha. Abaixo, algumas opiniões do artista:
Sobre mudança no cenário do Rap
"O rap de São Paulo sempre foi muito sisudo. Acontece que agora, inclusive, os Racionais estão reconhecendo que artisticamente também têm o direito de sugerir outras coisas".
(O último disco de "Emicida, Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa", de 2015, conta com Caetano Veloso e Vanessa da Mata, parcerias que não atendem diretamente ao estereótipo do público fã de rap).
Sobre Racismo
"A real é que o Brasil não tem educação pra falar de racismo. Existe uma estrutura racista que independe da sua e da minha atitude. Uma pessoa não gostar de preto, tudo bem, é problema dela com ela mesma. A treta é quando o policial, o juiz e o médico têm um estereótipo de pessoa com pele escura que pode prejudicar essa pessoa, tá ligado?"
"Uma vez, o Mano Brown me disse que eu era injusto com o 2Pac quando eu falava que eu gostava mais do Jay-Z. Por quê? Porque ele tá vivo, porra. E ficar vivo é difícil pra caralho de onde a gente vem."
Sobre polêmicas
"Os caras do rap são sempre os que comem todo mundo. E eu queria fazer uma música de corno. Infelizmente, não entenderam assim. Mas teve uma coisa positiva: foi o reconhecimento de que não é com todo mundo que as pessoas se importam sobre o que está se falando. Isso fez a gente refletir bastante", diz sobre a canção "Trepadeira", composta em parceria com Wilson das Neves, que recebeu críticas por grupos feministas.
"Eu quis virar o espelho para mim. Quando fiz campanha para o Haddad, foi porque achava que ele seria um bom prefeito. Quando apoiei a Dilma, não fui ingênuo, mas também não me arrependo. Acho que ela ficou refém de bandidos. E, agora, os bandidos é que comandam tudo", sobre apoio que fez ao ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e na reeleição de Dilma Rousseff.
Sobre a marca Lab Fantasma
"No capitalismo, o que não virar mercado vai virar saudade, tá ligado? E se o hip-hop vai se fundir com o mercado cada vez mais, como aconteceu nos Estados Unidos, é melhor que esteja sendo conduzido por pessoas que conhecem a raiz dessa cultura. Por isso, nasceu a Lab Fantasma", diz.
Texto: Guilherme Manechini e Piti Vieira / Fotos: Manuel Nogueira / Styling: David Pollak
0 comments:
Postar um comentário
Deixe-nos uma mensagem.