“Nossa meta é mostrar nossa música para o maior número de pessoas”,
Diego Dias, tecladista da banda Vera Loca
Por Luiz Gomes Otero*, em agosto de 2017.
A banda gaúcha Vera Loca está de volta com um novo disco de canções inéditas, intitulado "A Certeza de Como Valeu Navegar Nesse Mar". As letras refletem o momento atual dos integrantes, com temas inspirados em suas vidas pessoais, demonstrando maturidade em 15 anos de carreira e equilíbrio como artistas e homens de família. O disco tem uma sonoridade pop bem radiofônica, contando com a colaboração do Humberto Gessinger, do Engenheiros do Hawaii, em uma das faixas. O tecladista da banda, Diego Dias, concedeu entrevista para o Resenhando para falar sobre esse novo trabalho e sobre os projetos para o futuro. “Nossa meta é mostrar nossa música para o maior número de pessoas”.
Como foi que surgiu a oportunidade de contar com a participação do Humberto Gessinger no disco?
Diego Dias - Somos grandes admiradores do trabalho do Humberto desde a nossa adolescência. Convidamos ele algumas vezes para participar de shows da banda, mas a agenda dele sempre coincidia com a nossa. Nessas tentativas, ele sempre deixava as portas abertas para alguma outra oportunidade. Quando chegou o momento da gravação do disco, convidamos novamente e ele topou na hora. Foi uma grande honra, ao dividir os vocais na faixa "Amanhã Pode Ser Bem Melhor".
Nesses 15 anos de estrada na música, a banda vivenciou um intenso processo de transformação do mercado fonográfico. O que mudou do início para os tempos atuais?
Diego Dias - Pegamos justamente o momento da transição onde o mercado não sabia como iria se comportar. Mas acredito que fomos nos adaptando muito bem com as novas tendências. Nossa meta sempre foi mostrar nossa música para o maior número de pessoas. E a distribuição digital nos ajudou muito neste processo.
Para vocês, as rádios reservam o devido espaço para a música nacional? Ou de repente a internet veio preencher essa lacuna para quem deseja ouvir música de qualidade?
Diego Dias - Rádio destina cada vez menos espaço para música, seja ela do estilo que for. Hoje as pessoas escolhem o que querem ouvir. É bom por um lado, mas também tem muita música boa sendo produzida no país que mereceria mais espaço nas rádios e que só chega a quem vai atrás, ou seja, uma minoria.
As letras abordam temas universais e todos os integrantes colaboraram. Como foi o processo de produção desse novo disco?
Diego Dias - Foi um disco bem diferente dos anteriores. Fizemos uma longa pré-produção com composições de todos os integrantes da banda e depois gravamos ao vivo no estúdio. Queríamos uma sonoridade que acreditamos ser o forte da banda que é tocar ao vivo. Os temas das composições têm muito a ver com o momento pessoal que vivemos. Hoje quatro dos cinco integrantes já tem filhos e isso pesa muito na mensagem que queremos passar.
Quais são as principais referências que a banda tem na música? As bandas de rock nacional dos anos 80 seriam uma parte delas?
Diego Dias - Temos muito gosto em comum, mas acho que o que faz a Vera Loca são as diferenças. Sem dúvida as bandas de rock dos anos 80 são referência. Gostamos muito do Barão Vermelho, Engenheiros, Titãs. Temos também os que gostam muito de bossa nova, das bandas mineiras e também do Clube da Esquina. Temos quem goste muito de metal. E essa mistura faz a Vera Loca.
O Rio Grande do Sul continua produzindo bandas de rock? Como está o panorama atual na região?
Diego Dias - Nesses 15 anos de Vera Loca muitas bandas surgiram e seguem aparecendo, mas a impressão é de a persistência de outros tempos não está junto com as novas bandas. Vivemos um momento muito imediatista. Surgimos em 2002 e só a partir de 2008 começamos a ter um reconhecimento. Então são muitas bandas surgindo, mas com pouca paciência para continuar.
Como estão os planos para shows de divulgação desse trabalho?
Diego Dias - Comecamos a tour de lançamento desse novo disco por São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Curitiba e recentemente a nossa capital, Porto Alegre. Foi uma grata surpresa ver que temos um público tão grande fora do Sul do País. A ideia é seguir nesse caminho. Ir para outras capitais e até mesmo voltar ainda esse ano para estas grandes capitais que já nos receberam. Hoje temos um trabalho muito sólido no Rio Grande do Sul, mas sabemos que, fora daqui, o caminho ainda é longo.
"Amanhã Pode Ser Bem Melhor"
*Luiz Gomes Otero é jornalista formado em 1987 pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Trabalhou no jornal A Tribuna de 1996 a 2011 e atualmente é assessor de imprensa e colaborador dos sites Juicy Santos, Lérias e Lixos e Resenhando.com. Criou a página "Musicalidades", que agrega os textos escritos por ele.
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