sexta-feira, 18 de agosto de 2017

.: Banda Scalene lança magnetite, seu terceiro disco de estúdio

“Dentro de cada universo, cada um enxerga e sente com seu cada qual”. O verso que abre este texto faz parte da música “esc (caverna digital)”, que integra o novo disco do Scalene, magnetite. É como se explicasse também a maneira como  a banda brasiliense usou e absorveu as novas influências presentes no trabalho: um pouco de MPB, música eletrônica, R&B, entre outras, mas sob uma perspectiva que condiz com o caminho traçado até aqui, sem perder o DNA ou sair do seu universo. Gravado no Red Bull Studios São Paulo, no primeiro semestre de 2017, magnetite se desenvolveu, mais uma vez, sob a bem-sucedida parceria com o produtor Diego Marx e com o selo slap, da Som Livre.

As 12 músicas foram escritas por Gustavo Bertoni, vocalista e guitarrista do grupo – algumas sozinho, umas com Tomás Bertoni (guitarra) e sempre com a ajuda dos irmãos e os colegas de banda, Lucas Furtado (baixo) e Philipe “Mkk” Nogueira (bateria).

Os dois primeiros singles lançados, “ponta do anzol” e “cartão postal”, são bons exemplos das novas influências da banda. Na primeira, os cromatismos do cancioneiro nacional andam junto de um groove disco-punk sólido e momentos apoiados em sintetizadores. As camadas de diferentes texturas à la post-rock e melodias, por sua vez, marcam a segunda. “Sempre achei intrigante os pontos de intersecção entre o rock e algumas características da música nordestina”, exemplifica o vocalista ao falar sobre as inspirações para “esc (caverna digital)”, quarta faixa do CD.

Ao mesmo tempo em que experimenta, o Scalene faz uma volta às primeiras e principais referências musicais. Riffs de guitarra e linhas de baixo são as inspirações do stoner rock e do post-hardcore a partir das quais a banda se lança. É o que se encontra em “extremos pueris” (faixa que abre magnetite), “frenesi” e “fragmento”.

“distopia” (primeira faixa de magnetite a ganhar um videoclipe; assista aqui) revela um Scalene mais assertivo nas letras. A faixa em questão trata da manipulação religiosa. “É uma questão seríssima que ninguém enfrenta”, comenta Tomás Bertoni. “Para o problema passar a ser encarado como deve, primeiro precisamos falar de forma sincera sobre o assunto”, completa.

“Sempre nos incluímos na crítica, botamos o dedo em algumas feridas, ao mesmo tempo que elas são nossas. Falamos em empatia, perspectivas diferentes sobre a vida, se renovar, ter calma e aprender a refletir, não viver no automático. Falamos bastante sobre o momento atual do Brasil e do mundo e o comportamento das pessoas dessa época que vivemos”, resume Tomás sobre as temáticas das letras de magnetite.

Assim como ÉTER, o novo disco, também pesado, tem momentos mais lentos na medida exata para o equilíbrio entre suas canções. O Scalene desafia o conceito de baladas em um trabalho de rock e não apela pra elas em momentos de descanso do álbum. Os exemplos são “maré”, “phi” e “velho lobo”.

A penúltima faixa de magnetite, “heteronomia”, é a que soa mais parecida com as canções apresentadas pelo Scalene no antecessor ÉTER (2015), que recebeu o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa. O vocalista da banda conta que, entre os músicos, brinca-se que é a evolução de “Marco Zero” (Real/Surreal, 2013), “mais focada em recolorir nossas influências-base do que experimentar”. Samyr Aissami, o quinto elemento do Scalene, toca percussão nesta faixa, assim como em “extremos pueris” e “cartão postal”.

Tracklist
1. extremos pueris
2. ponta do anzol
3. cartão postal
4. esc (caverna digital)
5. distopia
6. frenesi
7. maré
8. fragmento
9. trilha
10. velho lobo
11. heteronomia
12. phi

Ficha Técnica
Produção executiva: Scalene
Produção musical: Diego Marx e Scalene
Mixagem e Masterização: Ricardo Ponte
Gravado no Red Bull Studios São Paulo por Rodrigo "Funai" Costa e Alejandra Luciani
Gravações adicionais no Yebba Daor por Diego Marx
Percussões nas faixas "extremos pueris", "cartão postal" e "heteronomia" por Samyr Aissami
Assistente de Programação de Synth: Samyr Aissami
Palmas em "cartão postal": Selvagens à Procura de Lei 
Guitar Tech: Eduardo Krueger
Coordenador de Larica: Emanuel Abrantes.

Ouça magnetite:
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