O que pode dar errado em um projeto que conta com a bela e afinada voz de Vânia Bastos e um time de músicos capitaneados pelo competente músico Marcos Paiva? E quando os dois decidem reviver a obra imortal do mestre Pixinguinha? Não há como isso não dar certo.
A história desse projeto musical começou em 2013, ano em que se completou quatro décadas do falecimento de Pixinguinha. Naquela ocasião, Vânia Bastos e o contrabaixista e arranjador Marcos Paiva, acompanhados de Jônatas Sansão (bateria), Nelton Essi (vibrafone) e César Roversi (sopros), reuniram-se no palco para homenagear o célebre compositor de "Carinhoso", "Rosa", entre outros clássicos "cantados" e instrumentais. O sucesso da iniciativa fez com que o projeto tivesse vida mais longa e continuasse em outros palcos.
Depois de três anos de shows, esse repertório dedicado a Pixinguinha, cujos arranjos são assinados por Marcos Paiva, ganhou registro no disco Concerto Para Pixinguinha, lançado em 2016. Não por acaso, esse disco recebeu merecidamente prêmios pelo extremo bom gosto de sua produção musical.
Escutar um disco gravado com a voz limpa e cristalina de Vânia é um privilégio. O disco abre com a animada "Isso É Que É Viver", passando depois pela delicadeza da valsa "Rosa" (que foi lançada originalmente pelo cantor das multidões, Orlando Silva) e de "Fala Baixinho". Intercalando as canções com letra, há peças instrumentais escolhidas a dedo por Paiva, como "Cochichando" e "Recordações".
"Carinhoso" dispensa qualquer tipo de apresentação. É um clássico, uma unanimidade nacional. Um orgulho de nossa autêntica música popular, que ainda soa atual 100 anos depois de ter sido composta e gravada.
"Lamento", a canção de Pixinguinha que em versão instrumental foi popularizada por Jacob de Bandolim, ganhou um registro em que se destacam Vânia e o contrabaixo acústico de Marcos Paiva. O disco encerra com "Urubu Malandro", outro clássico imortal do chorinho, que ganhou uma bela roupagem musical no arranjo composto por Paiva. E ótimo resgate de "Samba de Fato", com uma roupagem que lembra os tempos nostálgicos da gafieira nos anos 30 e 40.
Só nos resta agradecer a Marcos Paiva, Vânia Bastos e mais o time de músicos que participou do projeto. O disco se tornou uma pérola musical e passa a ser item obrigatório para quem curte a nossa música genuinamente popular. Que não é aquela que toca exaustivamente nas rádios, mas sim, aquela que permanece no inconsciente popular e atravessa décadas, resistindo ao teste do tempo. A obra de Pixinguinha tem essa magia e por isso merece sempre ser reverenciada.
"Carinhoso"
"Isso É Que É Viver"
"Rosa"
"Samba de Fato"
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