Por Luiz Gomes Otero*, em maio de 2017.
Chegando ao seu terceiro disco em carreira solo, Pedro Miranda buscou na história do samba a fonte para inspiração desse trabalho, que contou com participação especial de Caetano Veloso em uma das faixas. Ele escolheu um repertório composto em várias épocas do passado, que ainda soa original nos tempos atuais, provando que a arte autêntica resiste ao teste do tempo.
“Samba Original”, de Elton Medeiros e Zé Keti, abre e batiza o disco de forma apropriada. E “Batuca no Chão”, a única parceria de dois gigantes da música brasileira, Assis Valente e Ataulfo Alves, vem na sequência, comprovando a genialidade dos dois autores.
Caetano Veloso divide os vocais na clássica composição de Ismael Silva e Noel Rosa, “A Razão Dá-se a Quem Tem”, originalmente um dueto criado por Francisco Alves e Mario Reis em 1933. A versão é respeitosa e conta com pequenas ousadias: os contrapontos do bandolim de Luís Barcellos, a bateria de Oscar Bolão e o arranjo de sopros de Gilson Santos. Ficou impecável.
Do compositor baiano Batatinha, Pedro Miranda redescobre um samba clássico de estilo “carioca”, “Imitação”, lançado por Maria Bethânia em 1971. E foi recriado de forma respeitosíssima nesse novo trabalho, com direito a arranjo de cordas.
“Amanhã Eu Volto”, de Roberto Martins e Antonio Almeida, é um samba que já passou por mãos e vozes de Vassourinha, Dilermando Pinheiro, Ary Cordovil, Roberto Silva e Gasolina, todos cantores que, como Pedro Miranda, gostavam de brincar com o ritmo. Nesta nova gravação há um luxuoso solo de sax tenor de Eduardo Neves.
“Samba Original”, o disco, ficou com um resultado acima da média. É um disco de samba. Aliás, feito com o que de melhor o samba produziu ao longo dos anos. E é cantado por um dos ótimos cantores de samba da atualidade. Vale a audição.
"A Razão Dá-se a Quem Tem"
"Samba Original"
"Imitação"
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