sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

.: "Rocky Horror Show": Faça a dobra do tempo, no Teatro Porto Seguro

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em janeiro de 2017


Como classificar uma produção que explode em sentimentos diversos enquanto acontece com muita precisão diante dos nossos olhos? Missão difícil. "Rocky Horror Show", de Richard O´Brien que ganhou nova versão brasileira pela dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, no Teatro Porto Seguro, é fiel à obra original, mantendo a envolvente qualidade que é inesquecível para quem tem o prazer de participar desse espetáculo.



A maravilha em "simplesmente ser, sem temer" é pautada em Frank N´Furter (Marcelo Medici) que brilha com propriedade no palco, empoderando ainda mais a adaptação do fim das amarras sexuais impostas pela padronização ditada pela sociedade. 

É inegável que o alienígena "criador" do sexo sem mistérios, interpretado pelo talentoso Medici, impressiona e não decepciona em nenhum momento. Não! Não é demais dizer que esse é o papel da vida dele. Aqui, ele é o cara, ainda que esteja muito bem posicionado em grandes saltos e vestindo um belíssimo e brilhante corpete!

Entretanto, cabe a Gottsha, como a bilheteira -e também é Magenta-, apresentar um pouco do que virá e prender o público. Objetivo alcançado com total êxito! Definitivamente, o talento vocal da atriz domina todo o teatro. Ah! Os irmãos e amantes Magenta e Riff Raff também estão perfeitos, além de dois fantasmas que dão um toque especial para a continuidade da narrativa.

O abandono da inocência bem representada em Janet (Bruna Guerin) e Brad (Felipe de Carolis) é a pimenta que aperfeiçoa as cenas impagáveis de Furter. Claro que há muito de Tim Curry -intérprete do alienígena na versão cinematográfica da obra (1975)- em Medici. A cantoria e o vigor nas coreografias são fortes e marcantes, o que emociona muito, sendo fã fervoroso da produção ou apenas um curioso interessado. 

Contudo, a produção não é somente pautada em um grande personagem, embora seja fácil perceber que seus olhos, fatalmente, irão procurar por Medici no palco, sempre. No musical, ele é um imã ocular. Como resistir a entrada triunfal de Edy ou a correria insana da criatura Rocky? Assim, cada um dos presentes no teatro pode fazer a dobra no tempo. Detalhe: No encerramento, aos mais livres e que se caraterizam tal qual personagens da trama, um convite perfeito: Dançar no palco com o elenco.




Caso se pegue cantando "meia-noite, no cinema, é um show" ou "eu sou o seu travesti, da transexual Transilvânia", lembre-se de que é preciso "Be just and fear not". Portanto, querer rever o musical,  no Teatro Porto Seguro, não será uma opção descartada. Diante de tantas emoções, infalivelmente, o desejo de rever "Rocky Horror Picture Show" (filme dirigido por Jim Sharman) por diversas e diversas vezes, é algo certeiro. 

Programe-se, pois "Rocky Horror Show", volta ao Teatro Porto Seguro, em 10 de fevereiro. Sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h. O Teatro fica na Alameda Barão de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, São Paulo. Para quem vai de transporte público, basta aguardar na Estação da Luz, pertinho da entrada do Museu da Língua Portuguesa, há uma van da própria empresa que leva até o Teatro Porto Seguro, sem qualquer cobrança de transporte.



História de "Rocky Horror Show": Uma sessão de cinema à meia-noite que apresenta uma trama pra lá de insana protagonizada por um alienígena chegado em corselet e aventuras sexuais sem amarras. Não há como negar que "Rocky Horror Show" é a perfeita representação da cultura popular dos filmes de ficção científica que sobreviveu ao longo dos anos por meio do carinho dos fãs e diversas adaptações. Todavia, a história da criação de Richard O´Brien não é tão glamourosa, pois após a produção estrear e fazer sucesso num pequeno teatro londrino, em 1973, ao chegar nas salas de cinema, no ano seguinte, com os famosos Barry Bostwick, Susan Sarandon e o pouco conhecido Tim Curry, a recepção não foi a mesma. Assim, o filme foi tirado de circulação. 

Entretanto, as sessões especiais da meia-noite, que faziam sucesso, em 1976, mudaram de vez a história da película da FOX. Sim! A força passou a estar com "Rocky Horror Picture Show" -nome dado ao longa metragem. Desta forma, a produção conseguiu provar que mesmo diante de uma massa torcendo o nariz, por não se permitir entender uma história cheia de "recadinhos", no dia certo, só é preciso encontrar o público certo e a mágica será feita. 



FICHA TÉCNICA
Autor: Richard O'Brien 
Um espetáculo de Charles Möeller & Claudio Botelho
Elenco: Marcelo Medici, Bruna Guerin, Felipe de Carolis, Gottsha, Thiago Machado, Jana Amorim, Nicola Lama, Felipe Mafra, Marcel Octavio, Vanessa Costa e Thiago Garça. 
Texto, Música e Letras: Richard O`Brien 
Versão Brasileira: Claudio Botelho 
Direção: Charles Möeller 
Coreografia: Alonso Barros 
Cenografia: Rogério Falcão 
Direção Musical: Jorge de Godoy 
Iluminação: Rogério Wiltgen 
Visagismo: Beto Carramanhos 
Design de som: Ademir de Moraes Jr. 
Coordenação Artística: Tina Salles 
Direção de Produção: Beatriz Braga 
Produção Executiva: Edson Lopes 
Assistente de Direção: Gustavo Barchilon 
Assistente de Coordenação Artística: Lorena Morais 
Assistente de Coreografia: Vanessa Costa 
Pianista ensaiador: Marcelo Farias 
Assistente de Produção: Bruno Avellar 
Assessoria de Imprensa: Factoria Comunicação 
Mídias Sociais: Leo Ladeira 
Realização: Möeller & Botelho 

SERVIÇO
ESTREIA 10/02/2017
Sextas e sábados, às 21h
Domingos, às 19h
Duração: 90 minutos de duração + 15 minutos de intervalo
Gênero: Teatro Musical
Classificação Etária: 14 anos


*Editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm




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