Inspirado na história real da escritora francesa Marguerite Duras e seu marido Robert Antelme, o espetáculo "A Dor" volta em cartaz para uma curta temporada de 11 a 22 de janeiro no Teatro Pequeno Ato. No final da Segunda Guerra Mundial uma mulher espera o retorno do marido, enviado para os campos de concentração. Sem saber se ele vai voltar, nem mesmo se está vivo, ela passa os dias imaginando o que poderia ter acontecido. A montagem do VULCÃO [criação e pesquisa cênica] tem direção de Vanessa Bruno e atuação de Rita Grillo. A peça é narrada a partir dos diários da escritora.
Uma das características principais na estética desse grupo de artistas é o deslocamento da literatura para o palco por meio de procedimentos que já foram utilizados por ícones da dança como Pina Bausch e Klauss Vianna. As sessões ocorrem de quarta a sábado, às 20h30, e domingo, às 19h. Nas quintas-feiras, haverá bate-papo pós-espetáculo com comentadores convidados.
A peça se concentra no último momento, aquele no qual a escritora espera a volta de Robert, após a chegada dos aliados. É o momento em que a verdade sobre os campos de concentração começa a aparecer, e não é possível saber se ele conseguiu sobreviver ao horror. Ela espera incessantemente nas estações pelos comboios de deportados, em sua casa, ao lado do telefone.
Todo esse período foi relatado em diários, que mais tarde foram compilados em um livro, "La Douleur", composto por textos de momentos diferentes desta espera e que é transportado para o espetáculo. “Marguerite Duras é realmente uma mulher do século XX. Passou por guerras, resistência, machismo, é símbolo do feminismo e resistência. Mudou as tendências literárias e cinematográficas. Na peça, a obra ganha um deslocamento da literatura para o palco por meio de procedimentos que já foram utilizados por ícones da dança como Pina Bausch e Klauss Vianna. Também foram mescladas conexões autobiográficas da atriz. Todos esses elementos contribuem para uma construção cênica”, conta a diretora Vanessa Bruno.
O cenário de Anne Cerutti e a luz de Aline Santini trabalham com uma palheta de cores monocromática em torno da cor sépia, características que impulsionam um estado febril e a memória fragmentada da personagem. A ambientação é uma sala com um carpete de areia, duas poltronas, além de uma projeção em vídeo que aumenta a significação da espera e angústia em cena.
A diretora pesquisa o deslocamento da literatura para o palco desde 2010, um estudo que contempla a obra de Clarice Lispector. Sua dissertação de mestrado deu resultado à criação do espetáculo Brincar De Pensar (contos de Clarice Lispector no palco para pais e filhos). A pesquisa continua em andamento com a criação do espetáculo de dança-teatro baseado no romance da autora Água Viva, produção que devem estrear este ano em 2017.
Já a atriz Rita Grillo pesquisa Marguerite Duras desde 2008 e traduziu o romance "A Dor" especialmente para esta adaptação teatral. Ela tem parte de sua formação teatral na França, país onde estudou entre 2003 e 2005, na Université Sorbonne Nouvelle, Paris 3. Desde então, estabeleceu uma estreita relação profissional com o país, trabalhando como atriz e assistente de direção em diversos projetos franco-brasileiros.
Atualmente, realiza assistência de direção para Anne Kessler na montagem de "La Ronde de Arthur Schnitzler", na Comédie Française, histórica companhia teatral francesa fundada em 1680 e principal instituição teatral da França. Ela já colaborou com Anne Kessler na montagem brasileira de "Não Se Brinca Com O Amor", de Musset (2014).
Rita Grillo e Vanessa Bruno se conhecem desde 2000 quando participaram de núcleos de trabalho do ator no Teatro Ágora, na época dirigidos por Roberto Lage e Celso Frateschi. A dupla já pensava em trabalhar juntas há alguns anos, algo que acontece agora com o solo "A Dor".
“Um dia eu descobri ‘A Dor’. Essa espera de todos os tempos. Um relato terrível e profundamente humano. E esse projeto ficou em mim, esperando para acontecer. O reencontro com Vanessa Bruno, em 2012, foi uma fagulha, uma vontade comum, um sonho. E em 2015 o incêndio, a explosão vulcânica: Marguerite em cena, finalmente, agora”, conta Rita.
VULCÃO [criação e pesquisa cênica]
Surgido da união de artistas autônomos com desejo comum de concretizar suas pesquisas artísticas e criações autorais, o VULCÃO [criação e pesquisa cênica] desenvolve projetos teatrais que investiguem a condição humana. É formado pela atriz e diretora Vanessa Bruno, a atriz e preparadora corporal Livia Vilela, as atrizes Elisa Volpatto e Rita Grillo e, também pelo ator e produtor Paulo Salvetti.
Entre os seus pilares está a aproximação de diferentes linguagens, unir dança ao teatro, literatura e vídeo e vê como motor catalizador – principal e determinante – o trabalho do intérprete. A residência artística ocorre na Casa das Caldeiras para desenvolvimento de seus novos projetos.
O trabalho envolvendo literatura e teatro resultou na concepção de três espetáculos solos. Além de "A Dor" (a partir de "La Douleur", de Marguerite Duras, idealizado pela atriz Rita Grillo), foram criados "Pulso" (Obra de Sylvia Plath e idealizado pela atriz Elisa Volpatto) e, em processo de ensaio "Águas do Mundo" (montagem a partir de contos de Clarice Lispector, idealizado pela atriz e diretora Vanessa Bruno). Cada solo explora para além do feminino as questões de todo e qualquer ser humano e mescla fragmentos biográficos das escritoras e elementos de suas obras.
Serviço e ficha técnica
"A Dor" – Reestreia dia 11 de janeiro, quarta-feira, às 20h30, no Teatro Pequeno Ato.
Temporada: quarta a sábado às 20:30, domingo 19 horas até 22 de janeiro.
Preço: R$ 30 (inteira e R$ 15 (meia)
Proposição, Tradução e Interpretação: Rita Grillo. Direção: Vanessa Bruno. Preparação Corporal e Assistência de direção: Livia Vilela. Figurino e Cenário: Anne Cerutti. Trilha Sonora: Edson Secco. Iluminação: Aline Santini. Fotos: Maurício Pisani, Cézar Siqueira, Victor Iemini, Bob Souza. Produção Executiva: Anna Zêpa. Produção Geral: Paulo Salvetti. Realização: Vulcão [criação e pesquisa cênica]. Apoio: Casa das Caldeiras e Pequeno Ato. Patrocínio: Meimundo. Duração: 50 minutos. Classificação: 14 anos.
Teatro Pequeno Ato – Rua Doutor Teodoro Baima, 78 – Vila Buarque. Telefone: 11 99642-8350. Bilheteria aberta com uma hora de antecedência. Aceita cartões. Ar condicionado. Capacidade: 30 lugares.
Workshops Vulcão
Ministrados por Rita Grillo:
Atriz, diretora e professora de teatro e desenvolve pesquisa em teatro físico desde 2005, tendo estudado com Roberta Carreri e o Odin Teatret (Dinamarca) e no Grotowski’s Art Institut (Wroclaw – Polônia), além de participar regularmente de grupos de estudo e treinamento físico do ator. Membro do Vulcão [criação e pesquisa cênica] desenvolveu em 2016 o solo "A Dor", a partir do romance de Marguerite Duras, com direção de Vanessa Bruno e preparação corporal de Lívia Vilela – técnica Klauss Vianna.
"Os Caminhos Do Ator – Da Palavra À Ação/ Da Ação À Palavra"
Essa oficina pretende se debruçar sobre os diversos procedimentos dos atores na composição e elaboração de uma cena teatral. Análise de texto, composição de uma sequência de ações físicas, desenvolvimento de uma sequência de ações internas, jogo e percepção são alguns dos caminhos abordados pela oficina para construir uma cena teatral.
Cada trabalho, cada cena, cada ator precisam de um caminho, uma abordagem. Nessa oficina o participante experimenta dois procedimentos diferentes para a construção da cena: da palavra à ação (partir do texto, sua análise, seu entendimento, para encontrar os impulsos justos para cada ação da personagem); da ação à palavra (partir de uma sequência de ações físicas elaborada a partir de provocações para nela inserir o texto, e desse encontro descobrir novas camadas de leitura para a cena).
Local: Pequeno Ato (rua Teodoro Baima, 78)
Datas: de 16 a 21 de janeiro de 2017
Horário: das 13h30 às 17h30
Valor: R$400,00
Público alvo: atores e estudantes de teatro (mínimo 8 / máximo 16)
Necessidades: é preciso que os participantes tragam desde o primeiro dia um texto (teatral ou literário) de cor, a cena pode ser um monólogo ou diálogo (neste caso os dois atores já devem ter decorado a cena); roupas adequadas ao trabalho físico.
Vagas limitadas - inscrições e informações pelo email: ritagrillo@gmail.com
Composição Duras
Criação de uma dramaturgia do ator a partir de sequências de ações físicas combinadas a textos de Marguerite Duras. Esta oficina tem como objetivo apresentar aos participantes possibilidades de desenvolvimento e criação de dramaturgia a partir do trabalho físico do ator e da transposição da literatura para a cena a partir de textos de Marguerite Duras. Para tanto, parte-se de um treinamento físico inspirado pelo trabalho de atores como Roberta Carreri (Itália), Julia Varley (Inglaterra), Gey Pin (China), Yoshi Oida (Japão), Zigmunt Molik (Polônia), Tapa Sudana (Bali) – que trabalham ou trabalharam com os diretores Eugenio Barba, Jerzy Grotowski e Peter Brook.
A literatura de Duras é o provocador das sequências que darão origem às cenas criadas pelos participantes. A ação se desenvolve para dar corpo e voz às palavras de Duras. Entender o corpo do ator como instrumento principal para sua criação, vincular o trabalho vocal ao físico (compreendendo a voz como corpo), descobrir as possibilidades de desenvolvimento de cenas com base na criação, elaboração e pesquisa de sequências de ações e utilizar estas cenas para a construção de uma dramaturgia consequente da transposição da literatura são os principais objetivos desta oficina.
Local: Palipalan Arte e Cultura – Rua Imaculada Conceição – 41 – sala 02 – térreo (próximo ao metro Santa Cecília)
Datas: de 25 a 28 de janeiro de 2017
Horário: das 10h às 14h
Valor: R$450,00
Público alvo: atores e estudantes de teatro (mínimo 8 / máximo 16)
Vagas limitadas - inscrições e informações pelo e-mail: janeiropedagogico@palipalan.art.br.
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