sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

.: Roberto Carlos e o flerte com a soul music - por Luiz Gomes Otero


Por Luiz Gomes Otero
Em dezembro de 2016



Dá para imaginar o Rei Roberto Carlos cantando música negra norte-americana com aquele penteado estilo black power no final dos anos 60? Pois saiba que essa relação entre o mito da nossa MPB e ídolo eterno da Jovem Guarda com esse estilo musical esteve bem próxima entre os anos de 1968 e 1971, período apontado pelos críticos como o mais fértil da sua carreira. Vamos aqui relembrar as canções que comprovam que o Rei curtia um certo balanço black naquela época.

Se Você Pensa (1968)
Faixa do álbum "O Inimitável Roberto Carlos", que acabou se tornando um dos grandes hits daquele ano. Reparem no arranjo de metais e notem bem o vocal de Roberto, querendo mostrar um toque a mais na interpretação com aquela sua garra habitual. O riff de guitarra dessa canção é antológico.

Não Vou Ficar (1969)
Canção do amigo de Roberto, Tim Maia, que por sinal foi um dos precursores da nossa soul music nacional. Está no disco de 1969. A canção também aparece na abertura do filme "Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa". Essa é ainda mais black music do que a do ano anterior.

Nada Vai Me Convencer (1969)
Outra faixa do disco de 1969, que mostra um balanço bem próximo da música soul. Roberto volta a dar um show de interpretação com garra e simplicidade. Grande momento do disco, com os metais mandando brasa no arranjo.

As Curvas da Estrada de Santos (1969)
Canção mitológica do Rei, que também mostra traços de soul music em seu arranjo e construção melódica. Esta pode ser apontada como uma das clássicas daquele período, uma unanimidade nacional.

Jesus Cristo (1970)
Uma das primeiras composições de cunho religioso do "Rei Roberto", incluída no álbum de 1970. É possível notar a intenção de tornar algo próximo da música gospel norte-americana, que utiliza corais nos arranjos.

Todos Estão Surdos (1971)
Outra composição do Rei com temática religiosa e pacifista. Aqui ele até declama partes da letra. Mas o arranjo com o riff insistente da guitarra é irresistível, um autêntico convite à dança. Grande momento dele naquela época.


Sobre o autor
Luiz Gomes Otero é jornalista formado em 1987 pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Trabalhou no jornal A Tribuna de 1996 a 2011 e atualmente é assessor de imprensa e colaborador dos sites Juicy Santos, Lérias e Lixos e Resenhando.com. Recentemente, criou a página Musicalidades, que agrega os textos escritos por ele.


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2 comentários:

  1. Saudades desse tempo! Lindas demais sua músicas Roberto...me fazem voltar à tempo feliz da minha vida.

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  2. Parabéns ao jornalista, Luís Gomes Otero, pela excelente matéria. É um registro histórico da nossa música. Parabéns !

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