Por Helder Miranda
Em novembro de 2016
Podem os laços afetivos serem mais fortes que os de sangue? Baseado no livro “Pequeno Segredo – A Lição de Vida de Kat Para a Família Schürmann” (Harpercollins), do filme "Pequeno Segredo", indicado pelo Brasil para tentar vaga no Oscar, responde a esse e outros questionamentos. É o melhor filme de 2017 e o mais notável do cinema nacional dos últimos tempos.
O enredo principal é sobre Heloisa Schürmann, interpretada por Julia Lemmertz, que luta para esconder uma doença da filha adotiva que está entrando na adolescência para que ela não sofra, nem seja discriminada. Com belas paisagens que se dividem entre cenas do cotidiano amazonense e da Nova Zelândia, "Pequeno Segredo" é também sobre amor e relações humanas. O tom autobiográfico e passional começa pelo diretor, David Schurmann, um dos filhos da família catarinense que veleja o mundo e ficou famosa por isso.
Chega a ser uma obra prima de diálogos contidos e atuações femininas marcantes, como o diálogo repleto de verdades e carregado de voz pausada entre Julia e a atriz irlandesa Fionulla Flanagan (lembra dela como a Eloise de "Lost"?). Diante disso, quase não é preciso acrescentar que os homens são elementos figurativos. O brasileiro Marcello Anthony, nesse filme, não passa de um figurante de luxo que, claro, tem a sua função. Já Erroll Shand, da Nova Zelândia, tem os seus momentos de brilho em um filme feito para mulheres mostrarem a que veio.
O filme, que tem estreia nacional nesta quinta, 10 de novembro, foi assistido durante sessão especial no Cine Roxy 5, em Santos, litoral de São Paulo, em prol da Asfar - Associação de Famílias de Rotaryanos da cidade.
Indiscutivelmente é feito sob medida para o talento e o carisma de Julia, mas é a menina Mariana Goulart que rende os momentos mais emocionantes como, por exemplo, quando sai mancando, após sofrer a primeira decepção amorosa, ou quando descobre que tem uma doença grave e a quantidade de remédios que precisa ingerir não são vitaminas.
São três histórias entrelaçadas em tempos e espaços diferentes que, na verdade, culminam em uma só, dividida entre passado e presente. Uma completa a outra, mas com alguns pontos de apoio. Maria Flor, como a amazonense Jeanne, vence todos os obstáculos para viver um romance com um neozelandês aventureiro e enfrenta preconceito da sogra, que a trata como uma selvagem.
Barbara, a sogra, por sua vez, é o elo de ligação entre a mãe biológica e a mulher que adotou a neta (o que terá acontecido para essa reviravolta acontecer?), uma adolescente que sofre bullying e quer se ajustar ao mundo em que vive em pleno início da adolescência. Destaque também para a atriz-mirim que interpreta a amiga dela:
"Pequeno Segredo" irá ganhar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro porque trata a realidade sob um ponto de vista afetivo. É diferente de "Aquarius" que problematiza o dilema de uma mulher endinheirada, personagem de Sônia Braga, que reluta em vender para uma imobiliária a casa em que vive. Vai ganhar o Oscar porque, tal como na vida, fica arrastado e, em alguns momentos, precisa de edição e alívio cômico. É, pasmem, é tão real que não têm.
Prepare o lenço e saia cabisbaixo, mas percebendo que, se houver alguma coisa na vida em que seja possível se apegar, ame-a. Poderia ser um melodrama, mas é o melhor filme nacional que você ainda não viu.
Em novembro de 2016
Podem os laços afetivos serem mais fortes que os de sangue? Baseado no livro “Pequeno Segredo – A Lição de Vida de Kat Para a Família Schürmann” (Harpercollins), do filme "Pequeno Segredo", indicado pelo Brasil para tentar vaga no Oscar, responde a esse e outros questionamentos. É o melhor filme de 2017 e o mais notável do cinema nacional dos últimos tempos.
O enredo principal é sobre Heloisa Schürmann, interpretada por Julia Lemmertz, que luta para esconder uma doença da filha adotiva que está entrando na adolescência para que ela não sofra, nem seja discriminada. Com belas paisagens que se dividem entre cenas do cotidiano amazonense e da Nova Zelândia, "Pequeno Segredo" é também sobre amor e relações humanas. O tom autobiográfico e passional começa pelo diretor, David Schurmann, um dos filhos da família catarinense que veleja o mundo e ficou famosa por isso.
Chega a ser uma obra prima de diálogos contidos e atuações femininas marcantes, como o diálogo repleto de verdades e carregado de voz pausada entre Julia e a atriz irlandesa Fionulla Flanagan (lembra dela como a Eloise de "Lost"?). Diante disso, quase não é preciso acrescentar que os homens são elementos figurativos. O brasileiro Marcello Anthony, nesse filme, não passa de um figurante de luxo que, claro, tem a sua função. Já Erroll Shand, da Nova Zelândia, tem os seus momentos de brilho em um filme feito para mulheres mostrarem a que veio.
O filme, que tem estreia nacional nesta quinta, 10 de novembro, foi assistido durante sessão especial no Cine Roxy 5, em Santos, litoral de São Paulo, em prol da Asfar - Associação de Famílias de Rotaryanos da cidade.
Indiscutivelmente é feito sob medida para o talento e o carisma de Julia, mas é a menina Mariana Goulart que rende os momentos mais emocionantes como, por exemplo, quando sai mancando, após sofrer a primeira decepção amorosa, ou quando descobre que tem uma doença grave e a quantidade de remédios que precisa ingerir não são vitaminas.
São três histórias entrelaçadas em tempos e espaços diferentes que, na verdade, culminam em uma só, dividida entre passado e presente. Uma completa a outra, mas com alguns pontos de apoio. Maria Flor, como a amazonense Jeanne, vence todos os obstáculos para viver um romance com um neozelandês aventureiro e enfrenta preconceito da sogra, que a trata como uma selvagem.
Barbara, a sogra, por sua vez, é o elo de ligação entre a mãe biológica e a mulher que adotou a neta (o que terá acontecido para essa reviravolta acontecer?), uma adolescente que sofre bullying e quer se ajustar ao mundo em que vive em pleno início da adolescência. Destaque também para a atriz-mirim que interpreta a amiga dela:
"Pequeno Segredo" irá ganhar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro porque trata a realidade sob um ponto de vista afetivo. É diferente de "Aquarius" que problematiza o dilema de uma mulher endinheirada, personagem de Sônia Braga, que reluta em vender para uma imobiliária a casa em que vive. Vai ganhar o Oscar porque, tal como na vida, fica arrastado e, em alguns momentos, precisa de edição e alívio cômico. É, pasmem, é tão real que não têm.
Prepare o lenço e saia cabisbaixo, mas percebendo que, se houver alguma coisa na vida em que seja possível se apegar, ame-a. Poderia ser um melodrama, mas é o melhor filme nacional que você ainda não viu.
Sobre o autor
Helder Miranda é editor do Resenhando.com há 12 anos. É formado em Comunicação Social - Jornalismo e licenciado em Letras pela UniSantos-Universidade Católica de Santos, e pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pela USP. Atuou como repórter em vários veículos de comunicação. Lançou, aos 17 anos, o livro independente de poemas "Fuga", que teve duas tiragens esgotadas.
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