Por Daniel Bydlowski*
Em novembro de 2016
"Black Mirror", o show britânico que começou na Inglaterra em 2011, recentemente estreou sua terceira temporada no Netflix. O espetáculo, que mostra uma realidade alternativa e sombria, coloca os problemas causados pela tecnologia em pauta. O programa vem crescendo surpreendentemente em popularidade a cada ano e sua audiência se espalha para mais e mais países como Austrália, Israel, Suécia, Espanha e China – e ganhou um público cativo no Brasil.
Os roteiros bem escritos e a competente produção de Black Mirror não são os únicos aspectos responsáveis pelo grande sucesso da série. Muitas obras cinematográficas gravadas antes do show – por mais que sejam clássicos da televisão e do cinema – vinham perdendo força perante um público que já havia entendido o formato dessas gravações e esperavam por algo novo.
"Além da Imaginação" ("Twilight Zone"), considerado por críticos um dos seriados que influenciou "Black Mirror" fortemente, é um destes programas de ficção cientifica que mostram como a tecnologia e forças sobrenaturais podem se tornar um pesadelo para a humanidade. Porém, embora tenha feito um grande sucesso entre os anos de 1959 e 1964, contando com fãs ainda hoje, sua popularidade começou a se esgotar nos anos 70. A tentativa dos produtores de trazer o programa para as televisões novamente nos anos 80 gerou certo entusiasmo, mas nunca com a mesma força do programa original.
Enquanto muitos acreditam que "Black Mirror" conseguiu dar nova vida ao gênero esgotado de Além da Imaginação por causa de seu clima mais sombrio, muitas outras obras já haviam exposto a tecnologia de modo tão ou mais pessimista do que o seriado britânico. Por exemplo, o filme "Matrix" praticamente mostra toda a humanidade servindo como bateria para alimentar um mundo controlado por robôs. O filme recente "Ex Machina" também mostra o perigo da inteligência artificial de modo frio e sem esperança, onde robôs tem emoção e querem vingança contra os humanos que os criaram, ao mesmo tempo que os humanos são fracos e não muito espertos.
A diferença entre "Black Mirror" e estas outras obras é que o futuro tecnológico apresentado na série já ocorre. Em outras palavras, enquanto outros seriados de televisão e filmes do gênero fazem parecer que o futuro acontecerá daqui a uns 100 anos, deixando a previsão bem distante do espectador, o rapidíssimo avanço tecnológico da época em que vivemos, aliado ao fato de que "Black Mirror" mostra vícios tecnológicos que já existentes (como, por exemplo, o vício da mídia social), faz com que o futuro no show pareça perigosamente perto da vida real.
Usando humor negro, "Black Mirror" não alerta contra um futuro distante e sombrio, mas simplesmente mostra um futuro que já está perigosamente parecido com o presente.
*Daniel Bydlowski é cineasta brasileiro com Master in fine Arts pela University of Southern of California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Atualmente, está produzindo "Nano Éden", primeiro longa em realidade virtual em 3D.
Em novembro de 2016
"Black Mirror", o show britânico que começou na Inglaterra em 2011, recentemente estreou sua terceira temporada no Netflix. O espetáculo, que mostra uma realidade alternativa e sombria, coloca os problemas causados pela tecnologia em pauta. O programa vem crescendo surpreendentemente em popularidade a cada ano e sua audiência se espalha para mais e mais países como Austrália, Israel, Suécia, Espanha e China – e ganhou um público cativo no Brasil.
Os roteiros bem escritos e a competente produção de Black Mirror não são os únicos aspectos responsáveis pelo grande sucesso da série. Muitas obras cinematográficas gravadas antes do show – por mais que sejam clássicos da televisão e do cinema – vinham perdendo força perante um público que já havia entendido o formato dessas gravações e esperavam por algo novo.
"Além da Imaginação" ("Twilight Zone"), considerado por críticos um dos seriados que influenciou "Black Mirror" fortemente, é um destes programas de ficção cientifica que mostram como a tecnologia e forças sobrenaturais podem se tornar um pesadelo para a humanidade. Porém, embora tenha feito um grande sucesso entre os anos de 1959 e 1964, contando com fãs ainda hoje, sua popularidade começou a se esgotar nos anos 70. A tentativa dos produtores de trazer o programa para as televisões novamente nos anos 80 gerou certo entusiasmo, mas nunca com a mesma força do programa original.
Enquanto muitos acreditam que "Black Mirror" conseguiu dar nova vida ao gênero esgotado de Além da Imaginação por causa de seu clima mais sombrio, muitas outras obras já haviam exposto a tecnologia de modo tão ou mais pessimista do que o seriado britânico. Por exemplo, o filme "Matrix" praticamente mostra toda a humanidade servindo como bateria para alimentar um mundo controlado por robôs. O filme recente "Ex Machina" também mostra o perigo da inteligência artificial de modo frio e sem esperança, onde robôs tem emoção e querem vingança contra os humanos que os criaram, ao mesmo tempo que os humanos são fracos e não muito espertos.
A diferença entre "Black Mirror" e estas outras obras é que o futuro tecnológico apresentado na série já ocorre. Em outras palavras, enquanto outros seriados de televisão e filmes do gênero fazem parecer que o futuro acontecerá daqui a uns 100 anos, deixando a previsão bem distante do espectador, o rapidíssimo avanço tecnológico da época em que vivemos, aliado ao fato de que "Black Mirror" mostra vícios tecnológicos que já existentes (como, por exemplo, o vício da mídia social), faz com que o futuro no show pareça perigosamente perto da vida real.
Usando humor negro, "Black Mirror" não alerta contra um futuro distante e sombrio, mas simplesmente mostra um futuro que já está perigosamente parecido com o presente.
*Daniel Bydlowski é cineasta brasileiro com Master in fine Arts pela University of Southern of California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Atualmente, está produzindo "Nano Éden", primeiro longa em realidade virtual em 3D.
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