sexta-feira, 12 de agosto de 2016

.: "Way Down In The Jungle Room", o epílogo musical de Elvis Presley


Por Luiz Gomes Otero
Em agosto de 2016

Em 1976, o "Rei do Rock" ainda era Elvis Presley. Apesar dos quilos a mais e da saúde cada vez mais debilitada, ele continuava levando uma centena de fãs aos shows costa a costa pelos Estados Unidos. Na verdade, ele já tinha conseguido quase tudo o que queria. Quase, porque sempre há algo diferente que o artista quer fazer para se sentir plenamente realizado.

Em fevereiro e outubro de 1976, Elvis realizou sessões de gravação em sua mansão Graceland, em Memphis. Ele  simplesmente montou um estúdio de gravação nas dependências de sua propriedade, que acabou ganhando o apelido de "Jungle Room". Essas praticamente foram suas últimas incursões em estúdio, acompanhado de músicos de sua banda fixa, com destaque para o guitarrista James Burton. Ele faleceria em agosto do ano seguinte, vitimado por uma parada cardíaca fulminante.

Algumas dessas faixas já haviam sido lançadas em singles e em álbuns de sua extensa discografia. Mas faltava reunir essas gravações em um único álbum, registrando o seu momento como intérprete naquela época. Se a saúde dele estava debilitada, a voz continuava poderosa, capaz de cantar de forma convincente tanto baladas como o rock´n roll mais básico, que sempre esteve em seu repertório.

O CD "Way Down In The Jungle Room" corrige essa lacuna em sua discografia, reunindo não só as gravações finais como também os takes de ensaios para essas canções.

Há, como já disse antes, o rock representado pela icônica "Way Down" e pela também empolgante "For The Heart". E há  baladas antigas como "Hurt" (na quel ele mostra o potencial de sua voz) e "Pledging My Love" (hit do final dos anos 50 de Johnny Ace) e Danny Boy. Nesta época, Elvis flertava bastante com a música country, o que pode ser constatado nas baladas "She Thinks I Still Care", "Blue Eyes Crying In The Rain" e "Solitaire" (balada de Neil Sedaka que foi gravada pelos Carpenters também nos anos 70).

"Moody Blues", que foi título de seu último álbum lançado postumamente, representa bem o estilo que ele buscava na época: arranjos épicos com sua banda e uma melodia que valorizava sobretudo o seu poderio vocal, além do toque de classe do guitarrista James Burton.

Falar de Elvis e sua importância para a música pop é o mesmo que chover no molhado. Ele foi um dos maiores ícones que o rock já teve. Mas foi muito mais do que isso. Sua capacidade de interpretar era extremamente eclética, se encaixava em qualquer estilo do padrão pop. Não é a toa que ele é citado como influência por nove entre dez vocalistas da atualidade. Para fãs, esse disco é um item obrigatório. E também é uma ótima oportunidade para quem deseja conhecer um pouco do trabalho do mito nos anos 70. 

"For The Heart"

"She Thinks I Still Care"

"Way Down"

"Moody Blues"

Sobre o autor
Luiz Gomes Otero é jornalista formado em 1987 pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Trabalhou no jornal A Tribuna de 1996 a 2011 e atualmente é assessor de imprensa e colaborador dos sites Juicy SantosLérias e Lixos e Resenhando.com. Recentemente, criou a página Musicalidades, que agrega os textos escritos por ele.

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