domingo, 31 de julho de 2016

.: "Stranger Things" volta, de mala e cuia, ao melhor dos anos 80

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em julho de 2016



Não há como deixar de destacar que "Stranger Things", nova série da Netflix é perfeita. Todo o cuidado com as referências, além do visual anos 80, a trama usa e abusa das produções de sucesso da época. A série criada por "The Duffer Brothers" (Os irmãos Duffer) parte do jogo de RPG "Dungeons and dragons" (1974), traz um "amável" ser, que se veste de menina -desta vez, não usa chapéu e não fala "E.T., minha casa, telefone"- (E.T. - O Extraterrestre, 1982), a busca da mãe aflita pelo filho que se comunica por meios nada convencionais (Poltergeist - O Fenômeno, 1982), crianças ansiosas por aventuras (Os Goonies, 1985) que esbarram na auto-descoberta (Conte comigo, 1986), chegando no malvado e faminto extraterrestre, que é chamado de Demogorgon (Alien - O oitavo passageiro, 1979; Contatos Imediatos de Terceiro Grau, 1979).

Muitas referências? Não! São muitas!! Entretanto, há uma outra que é muito latente: "Carrie, a Estranha". Embora a personagem com o poder da telecinesia tenha sido criada por Stephen King e lançada ao mundo em livros (1974), Carrie, de Brian de Palma chegou aos cinemas em 1976. Como "Stranger Things", ambientada nos anos 80, carrega tanto dessa característica na personagem principal da trama, a criatura Eleven (Onze), ou melhor, El (On)? 

Simples. Tempos atrás, as modinhas não eram passageiras. Nada era no estilo "The Flash", tudo era vivido com mais intensidade e por mais tempo. Logo, a poderosa Carrie "ganhou vida própria" e sobreviveu por tantos anos, capaz de ganhar diversas adaptações em longa-metragens (Carrie, 1976; 2002; 2013), seriados (Todo Mundo Odeia o Chris, Scream, Glee) e até novelas brasileiras (Rainha da Sucata, Chocolate com pimenta).

Ressaltar que a atriz de apenas 12 anos, Millie Bobby Brown, que interpreta Eleven (Onze), é talentosa é algo redundante. Apesar de ser novinha, transparece o domínio que tem ao mexer com os sentimentos alheios. E para deixar qualquer um em frangalhos, basta conferir o canal Millie Brown, no Youtube, com vídeos da cantora iniciante. 

No entanto, na produção dos irmãos Duffer, a atuação de Millie não é de iniciante, pois acompanhar o sofrimento da jovem "El" e o desejo de se livrar dos que a usam como um experimento, "Stranger Things" faz lembrar uma franquia dos anos 90: "A experiência" (Species, 1995). Incrível como tudo se renova!

Repito: "Stranger Things" é completa. Como não se envolver com uma criação que trabalha texto e contexto? Ignorando a sonoplastia típica das produções da época? Tentar ver modernidade nos cortes de cabelos das personagens? Ou considerar antiquada a fonte usada no nome da série (estilo Star Wars) que é vazado ao ser ampliada na tela e exibir a primeira imagem de cada episódio? Impossível negar a qualidade e riqueza de detalhes respeitados! Ver "Stranger Things" é voltar, de mala e cuia, no melhor dos anos 80.


A série é monstruosa no mais perfeito dos sentidos. Repleta de ficção científica, drama, mistério, fatos sobrenaturais, horror e muita aventura. Aos que somam 30 anos, torna-se impossível desconsiderar esse caprichoso seriado que ressuscita a mocinha Winona Ryder, após tantos escândalos e participações sem muita relevância, exceto no videoclipe da banda The Killers, "Here with me". Em tempo, Winona é Joyce Byers, a mãe do garoto desaparecido. É nítido que a atriz agarrou o papel com unhas e dentes, como se fosse a grande chance... e foi! Ela voltou com tudo!!

Outro destaque é o adolescente Jonathan (Charlie Heaton), que é um mix de Kevin Bacon, Ethan Hawke e Christian Slater. Os colírios dos filmes dos anos 90, tanto quanto Brad Pitt. Como encontraram um ator com tamanha semelhança?

Não há dúvida de que esta série conecta sucessos cinematográficos marcantes e que deixamos guardados em nossa lembrança. Embora já exista a promessa de que a segunda temporada seja ainda mais sombria, aos que ainda não conhecem a história do garoto Will que desaparece misteriosamente, enquanto a polícia, a família e os amigos procuram respostas e mergulham no mundo invertido, a dica é a de preparar muita pipoca. 


Por quê? No meio do caminho, no total de 8 episódios, há um extraterrestre entendedor de "Dungeons and dragons", um monstro no estilo da artista Patricia Piccinini (Bootflower), com direito a "casulos", uma molecada em bicicletas com lanternas ajudando a resolver grandes problemas, além de uma mãe aflita, um xerife que não foge de um bom caso e adolescentes que querem diversão, até que a realidade vire de ponta-cabeça. O que fazer diante de tudo? Uma boa maratona, sem a obrigação de esperar um novo episódio semanalmente ou de ter muita paciência para aguardar os hiatos habituais das séries de hoje em dia.



Seriado: Stranger Things
Episódios: 8
Elenco: 
Winona Ryder, David Harbour, Finn Wolfhard, Millie Bobby Brown, Gaten Matarazzo, Caleb McLaughlin, Natalia Dyer, Charlie Heaton, Cara Buono, Matthew Modine
País: EUA
Gênero: Horror, Suspense, Mistério, Ficção científica, Drama, Sobrenatural
Duração: 42-55 minutos
Exibido em: 15/07/2016



*Editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm




Trailer de "Stranger Things"

Trailer de "Stranger Things"

Os primeiros oito minutos de "Stranger Things"



Mensagem de Millie Bobby Brown aos fãs brasileiros de #StrangerThings

Um vídeo publicado por Millie Bobby Brown (@milliebobby_brown) em


Mensagem de Gaten Matarazzo aos fãs brasileiros de #StrangerThings






2 comentários:

  1. Então que eu assisti o 1º episódio e por conta de estar um pouco cansado achei meio paradão e resolvi deixar para outro dia.
    Mas, depois do teu comentário, vou voltar e assistir tudo.
    Bjs

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    Respostas
    1. kkkkkkkk... Jura? Como isso? :O #Passada Sou capaz de mudar a sua opinião sobre #StrangerThings? <3 <3
      Confesso que a série me agarrou desde o início... Nem achei parada. Adorei cada detalhe... Revendo com o Helder, saquei outras coisas ainda mais geniais. Eu amoooooooo Stranger Things! kkkkkkkk
      Ah! Depois... Quero saber se gostou mesmo, hein!!
      Beijocas mil, Luís.

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