Dirigido por João Cícero e com Cristina Flores e Marcelo Olinto no elenco, interpretando uma mesma personagem, o espetáculo fala da insatisfação de uma mulher com o próprio sexo e em = colapso existencial, ao perceber que como opção para se enquadrar à sociedade tem apenas um binômio – masculino e feminino.
O espetáculo da programação "Terça Tem Teatro do Itaú Cultural", da próxima terça-feira, dia 14 de junho, aborda paradigmas e a força que a neutralidade tem contra eles. Na peça "Sexo Neutro", escrita e dirigida pelo carioca João Cícero, uma mulher expõe seu drama particular de não se sentir confortável com o sexo com que nasceu e entra em colapso ao perceber que, como alternativa, tem só mais uma opção dentro dos moldes da sociedade: o masculino.
A peça é inspirada no conceito do neutro formulado pelo filósofo francês Roland Barthes ainda no século XX, que defende a aplicação deste entendimento como ferramenta para romper com padrões da linguagem, da política, das identidades e de tantos outros meios vistos como limitadores em um meio social.
"Sexo Neutro" traz um relato ficcional de um tipo de cisão individual, ao discutir se há orientações múltiplas de um ele/ela e como estas individualidades se dividem e se perdem na busca de alguma identidade de gênero, ao mesmo tempo, em que se encontram em orientações sexuais múltiplas.
Encarnando este conflito, os atores Cristina Flores e Marcelo Olinto se dividem na interpretação da personagem principal, de nome Márcia e Cleber, e de tantas outras, que embaralham seus gêneros e temporalidades.
A questão da transgeneridade e, mais recentemente, da compreensão de uma possível multiplicidade de identidade atravessa o texto de João Cícero, escrito em 2015, e é trazido à tona no "Terça Tem Teatro" no momento em que o assunto tem sido tema de debate frequente.
"Há uma obsessiva ansiedade ocidental de querer reduzir a verdade do sexo a um binômio. Paradoxalmente, existem homens e mulheres tentando acabar com esse binômio, afirmando a multiplicidade infinita do sexo”, defende Flores.
"Sexo Neutro" estreou no ano passado no Rio de Janeiro e recebeu indicações de melhor autor nos prêmios "Cesgranrio" e "Questão de Crítica" e de melhor ator no prêmio "Questão de Crítica", também de 2015. Além de Flores e Marcelo no papel principal, o espetáculo tem ainda a contribuição de João Dalla Rosa nos figurinos, Tomás Ribas na iluminação, Evandro Manchini como documentarista e o próprio diretor e autor, Cícero, na concepção do cenário.
Sobre João Cícero
Dramaturgo, diretor, historiador e crítico de teatro e arte, é também psicólogo, com formação UERJ (2002) e graduado em Artes Cênicas, com foco em Teoria do Teatro pela UNIRIO (2007), além de mestre em Artes Cênicas (UNIRIO/2009), doutor em História da Arte (PUC-RJ/2015), crítico de teatro da revista online "Questão de Crítica" e pós-doutorando em Artes Cênicas no PPGAC da UNIRIO. Ele já foi professor de Artes Cênicas, Estética e de História da Arte na faculdade SENAI-CETIQT e ganhou o prêmio literário da Biblioteca Nacional por As Chuvas de Janaína.
João Cícero foi dramaturgista da peça "Tragédia Brasileira", dirigida por Nuno Gil, no Teatro Nelson Rodrigues, em outubro de 2010, dirigiu o show em homenagem a Ângela Maria Uma Vontade Louca de Gritar pela Rua, estreado em outubro de 2008, no Teatro Café Pequeno e dirigiu e escreveu o musical infantil "Menininha", apresentado no CCBB do Rio e de Brasília e no Oi Futuro de Belo Horizonte, que celebrava o matrimônio de uma família composta por duas mães.
Em junho de 2015, ele apresentou pela primeira vez o espetáculo Sexo Neutro para o público, no CCBB-RJ. A peça foi indicada como melhor texto no prêmio Questão de Crítica.
Serviço
"Terça Tem Teatro"
"Sexo Neutro", com Cristina Flores e Marcelo Olinto
Direção: João Cícero
Dia 14 de junho
Às 20h
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Sala Itaú Cultural
247 lugares
Entrada gratuita (distribuição de ingressos com 30 minutos de antecedência)
Interpretação em Libras
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Fones: 11. 2168-1776/1777
Acesso para pessoas com deficiência física
Ar-condicionado
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho.
R$ 15 pelo período de 12 horas.
Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:
3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
segunda-feira, 13 de junho de 2016
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