terça-feira, 28 de junho de 2016

.: Jackson do Pandeiro tem o essencial da obra relançado

São dezenas de faixas avulsas de compactos e principalmente de discos dedicados às festas juninas.

Um dos maiores gênios da música brasileira e um dos grandes divulgadores da cultura nordestina para todo o país foi sem dúvida Jackson do Pandeiro. Apesar de ter demorado bastante a ter seu talento reconhecido - já estava beirando os 35 anos de idade -, quando finalmente estourou em 1953 com “Forró em Limoeiro” e “Sebastiana”, e a partir daí ele nunca mais parou. De atividade ininterrupta como cantor, compositor e músico de estúdio, seguiu lançando um disco atrás do outro em diversas gravadoras até a morte, em 1982.

A caixa “Jackson do Pandeiro – O Rei do Ritmo” tem a peculiaridade de trazer à tona uma das fases mais ricas deste artista e, ao mesmo tempo, raras de se encontrar no mercado – a que gravou na Philips nos anos 1960 e início dos 70. Fora isso, há mais de seis dezenas de faixas avulsas de compactos e principalmente de discos dedicados às festas juninas e ao carnaval que ele participava anualmente e que foram resgatadas pela primeira vez.

Jackson gravou diversos discos de 78 rotações nos anos 1950, na extinta Copacabana, hoje também incorporada à Universal Music, onde lançou todos os seus sucessos iniciais, incluindo “A Mulher do Aníbal”, “Um a Um”, “Dezessete na Corrente”, “Ele Disse”, “Coco Social”, “O Canto da Ema” e “Xote de Copacabana”. Esta fase foi agrupada nas coletâneas “Os Primeiros Forrós de Jackson do Pandeiro” – Volumes 1 (CD duplo) e 2 (CD simples).

Depois, os raríssimos fonogramas da primeira metade dos anos 1960, retirados de nove LPs gravados entre 1960 e 65, estão em três coletâneas duplas intituladas “Jackson do Pandeiro nos Anos 60” – Volumes 1, 2 e 3. São desta fase “A Mulher que Virou Homem”, “Cantiga da Perua”, “Xexéu de Bananeira”, “Como Tem Zé na Paraíba”, “Samba do Ziriguidum” e “Forró do Zé Lagoa”.

Completando a caixa, temos a reedição de dois álbuns originais, um gravado em 1970 (“Aqui Tô Eu”), em que alterna inéditas com regravações de alguns clássicos da sua obra dos anos 50 com melhor tecnologia, como “Chiclete com Banana”, e seu derradeiro álbum gravado em 1981 (“Isso É que É Forró”), que traz, entre outras, “Cabeça Feita” e “Tem Pouca Diferença” regravadas anos depois com sucesso por Gal Costa e seu “rival” em estilo, Luiz Gonzaga.

Finalmente, suas inúmeras faixas avulsas estão reunidas em duas compilações duplas – “Na Base da Chinela”, com fonogramas registrados entre 1960 e 1963, e “Balança Moçada”, com gravações de 1963 a 1971, incluindo sucessos de carnaval (“O Velho Gagá”, “Vou Ter Um Troço”), tributos à seleção brasileira de futebol (“Frevo do Bi”) e diversas canções de São João que nos remetem a um Brasil mais autêntico, pré-globalização.

A trabalhosa produção da caixa
Por Rodrigo Faour

Há quase 10 anos, Alice Soares, gerente do marketing estratégico da Universal Music, Maysa Chebabi, coordenadora de label copies da gravadora, e eu, Rodrigo Faour, começamos a trabalhar neste projeto. Foi um hercúleo trabalho encontrar as editoras musicais de um número tão grande de fonogramas raros e por vezes com autores desconhecidos e infelizmente não localizados, o que nos impossibilitou os lançamentos dos álbuns originais de carreira na íntegra, sendo necessário compilar em três CDs duplos a fase dos anos 1960.

Felizmente, conseguimos autorizar a esmagadora maioria das obras, e todos os tapes com as músicas originais da fase Philips (anos 1960 a 80) foram encontrados intactos, o que valoriza imensamente esta caixa, pois o som está puríssimo e atual. Por sua vez, as capas de todos os álbuns de carreira originais – igualmente raras e difíceis de localizar – estão devidamente preservadas nos encartes da caixa e das coletâneas, num dos quais também há um texto biográfico, mostrando as influências que ele teve, bem como os artistas que influenciou, sua generosidade com os conterrâneos nordestinos, a parceria com a dançarina Almira Castilho, enfim, todas as principais glórias e também os percalços da vida deste grande mito que primou pela genialidade na divisão rítmica e na performance do palco, e ao mesmo tempo nunca deixou de ser uma pessoa de simplicidade comovente.

O resultado desta empreitada é que estamos trazendo à era digital um resgate de 235 faixas do Rei do Ritmo – com todas as letras originais transcritas, algo que jamais ocorreu em outros relançamentos deste artista –, preenchendo uma lacuna inestimável na cultura musical brasileira. E isto por si só é algo digno de comemoração. Estamos muito contentes de brindar o público com este lançamento.

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