terça-feira, 31 de maio de 2016

.: Livro de Shonda Rhimes chega ao Brasil pela editora BestSeller

Ela é mãe de três filhas, roteirista, produtora, diretora, vencedora do Globo de Ouro e (quase) nunca fala “sim”. Shonda Rhimes é o nome por trás de séries consagradas: "Grey’s Anatomy", "Private Practice", "Scandal" e "How To Get Away With Murder" são alguns exemplos. Influente em Hollywood, a fundadora de ShondaLand, importante produtora de televisão norte americana, é uma pessoa introvertida que prefere manter-se afastada dos holofotes. Shonda não esconde o quanto é focada no trabalho e admite que tem ataques de pânico antes de qualquer entrevista.

Foi preciso o alerta de sua irmã para que Shonda decidisse mudar de postura. Durante o "Dia de Ação de Graças", Delorse foi taxativa ao afirmar: “Você nunca diz ‘sim’ para nada”. Segundo Shonda, estas seis palavras “soaram como uma granada” e a motivaram a repensar suas atitudes, o que gerou o projeto que dá nome ao livro.

“O Ano em que Disse Sim”, lançado pela editora BestSeller, é um relato bem humorado sobre como uma das maiores roteiristas de Hollywood se comprometeu a enfrentar os seus maiores medos e dizer “sim” durante um ano. O resultado é uma obra pessoal e inspiradora sobre aceitação.

Logo nas primeiras páginas do livro, traduzido por Mariana Kohnert, a roteirista alerta que não quer ser julgada. “Não. Você não vai embarcar neste livro para me julgar. Não é assim que vamos começar esta jornada”. Entre as várias situações embaraçosas pelas quais Shonda passou durante o tempo do projeto, ela revela, por exemplo, os bastidores de sua primeira entrevista no Jimmy Kimmel Live, seu colega de emissora.  

O programa, que foi gravado e não “ao vivo”, para minimizar o desconforto da roteirista, foi um sucesso porque Shonda mal precisou falar. Nas palavras de Rhimes: “O que estou fazendo (no programa)? 1) Sorrindo. 2) Tentando com muito afinco não olhar diretamente para a câmera. 3) Rindo das piadas de Jimmy. 4) Segurando uma taça muito grande enquanto Scott Foley me serve vinho. 5) Olhando diretamente para a câmera, embora me tivessem dito para não fazê-lo MUITO. 6) Rindo mais um pouco das piadas de Jimmy”.

Escrever este livro também estava na lista das “inquietudes” de Shonda, e foi por isso que persistiu na ideia de lançá-lo. Estar confortável demais foi o pontapé inicial do “ano do sim” e através de cada afirmativa, Rhimes se obrigou a explorar, empoderar, aplaudir, amar e reconhecer o seu verdadeiro eu.

Trecho: 
“Duas vezes por ano, todos os canais de televisão a cabo e aberta promovem um evento de uma semana para críticos de TV chamado, muito simplesmente, de TCa. É a chance de os críticos conversarem com atores, produtores e diretores. Mais vezes do que consigo contar, a BBC solicitou minha presença em um painel do TCA.

No palco, participando de um painel do TCA, eu sei que sempre me saí bem. Na verdade, eu parecia severa — como um acadêmico emburrado. Já vi todas as fotos. Estou com a testa franzida, imóvel. Na verdade, fico espantada com a habilidade que meu rosto tem em não trair minha confusão interna. O medo extremo parecia congelar meu rosto, me transformando em uma estátua para me proteger no palco.

Mas, antes disso, todas as vezes, antes de eu chegar ao palco... havia resmungos, havia suor, havia tremedeira, havia o maquiador encarregado de recolocar o rímel que tinha escorrido de meu rosto depois dos silenciosos trinta segundos de choro requeridos para acalmar minha histeria crescente. Havia executivos da ABC que se reuniam em volta para falar palavras encorajadoras conforme eu caminhava de um lado para o outro, com as órbitas dos olhos se movendo de medo. E havia a exótica garrafa de vinho tinto, sempre entregue a mim pelo presidente da emissora, que era dono de um vinhedo. Porque eu nunca, jamais, falava em público sem ter bebido duas taças de vinho. O betabloqueador da natureza.

Não estou dizendo que era certo.

Estou dizendo que funcionava.

Minha única boa lembrança de estar sentada naquele palco do TCA foi do ano em que o criador de 'Desperate Housewives', Marc  Cherry, muito bondosamente teve pena de mim durante um painel  de produtores. Conforme uma tempestade de questionamentos sobre uma atriz infeliz era lançada contra mim, ele interrompeu, respondendo e rebatendo as piores perguntas com uma porção de piadas incríveis. Vinte minutos antes, alguém — não lembro quem — precisou arrancar meus dedos da maçaneta do carro para me levar para dentro. Eu não estava resistindo. Simplesmente tinha sido congelada pelo medo e não conseguia me mover.

Eu era um ataque de pânico ambulante. Meu medo de palco era tão completo e sobrepujante que dominava todas as minhas aparições em público. Discursos de aceitação de prêmios, entrevistas, talk shows... Oprah.

Oprah.

Fui entrevistada pela Oprah três vezes.

Eis o que me lembro de ser entrevistada pela Oprah.

Uma luz branca incandescente atrás de meus olhos. Uma dormência estranha nos braços e nas pernas. Um zumbido agudo na cabeça. Então, não me lembro de... nada.

NADA.”

Sobre a autora
Shonda Rhimes é a aclamada e premiada criadora e produtora executiva de grandes sucessos televisivos. Possui bacharelado em Literatura Inglesa e Escrita Criativa e é pós graduada pela USC School of Cinema-Television. Nascida m Chicago, a autora vive em Shondaland, um lugar bastante real e bastante imaginário, provavelmente não muito longe de Los Angeles.

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