sábado, 16 de abril de 2016

.: Persona em Foco: Entrevista com novelista e mestre Chico de Assis

O programa conta com depoimentos de profissionais e amigos, dentre eles Walter Negrão e Luiz Serra. Vai ao ar na terça-feira (19/4), às 23h30, na TV Cultura


O dramaturgo e novelista Chico de Assis, falecido em janeiro de 2015, é o destaque da próxima edição de Persona Em Foco, que vai ao ar na terça-feira, dia 19 de abril, às 23h30, na TV Cultura, com apresentação de Atilio Bari.

Chico de Assis foi o autor da primeira novela das seis, na Rede Globo, Bicho do Mato (1972). E este foi um dos cerca de 80 trabalhos que realizou ao longo de seus 60 anos de carreira como ator, diretor, dramaturgo e novelista. Seu repertório teatral, editado pela Funarte, é composto por mais de 30 peças. São preciosidades como Missa Leiga, O testamento do Cangaceiro, As aventuras de Ripió Lacraia e Xandu Quaresma, grande sucesso produzido e interpretado por Antonio Fagundes.

O programa, gravado dois meses antes de sua morte, aos 80 anos e em plena atividade, tem como entrevistadores o jornalista, ator e dramaturgo Oswaldo Mendes e a dramaturga Noemi Marinho. Durante a conversa, Chico  lembra que começou sua carreira como cameraman na TV Tupi e logo estreou como dramaturgo em uma adaptação da obra de Machado de Assis, Os óculos de Pedro Antão. Ainda na Tupi, escreveu grandes sucessos como Salário Mínimo, Ovelha Negra, Xeque Mate e Cinderela 77 – as três últimas em parceira com Walter Negrão. E vem dele o depoimento durante a atração: “90% do que aprendi sobre dramaturgia e televisão foi contigo, Chico. Foi muito importante a parceria com você desde a Patrulha Bandeirantes, quando inauguramos a TV Bandeirantes. Na TV Tupi fizemos Xeque Mate e depois, Cinderella 77, que eu considero uma obra-prima mais tua do que minha. Toda a estrutura dramática que uso foi você que me passou e com uma grande generosidade. Foi a minha formatura ao seu lado. Você me ensinou tudo. Obrigado, meu irmão.”

Como um dos grandes nomes do Teatro de Arena, Assis relembra seus espetáculos censurados durante a ditadura militar e revela que tinha um amigo na Polícia Federal, e conta uma passagem. “Eu disse para ele [o amigo] ‘o que há para proibir numa peça que escrevi para crianças?’ Ele disse: ‘vou te mostrar uma coisa, mas se você falar algo, vou dizer que você é mentiroso’. Ele abriu um armário e me deu uma folha, onde estava escrito: ‘todas as peças de Augusto Boal, Chico de Assis e Plinio Marcos devem ser proibidas, em principio’”.

O dramaturgo fala da comoção que foi o espetáculo Missa Leiga e lembra das pessoas envolvidas; ressalta que o teatro é uma relação de mestre e discípulo; e explica a arte do ator e do comediante com um exemplo. “Fernanda Montenegro é excelente comediante, mas faz papel de atriz”.

Chico deixa um ensinamento sobre a arte dramática. “A formação teatral necessita de trocas. É necessário assistir ao outro e sem preconceito. Pronto para poder amar o espetáculo do outro mesmo que não seja uma maravilha. O teatro é uma tribo universal, que traz à tona velhos caciques como Moliére e os gregos todos”.

O programa conta com depoimento de profissionais e amigos que fizeram parte da trajetória de Chico de Assis, dentre eles, Walter Negrão e Luiz Serra.

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