O autor Adam Gidwitz faz referência a histórias como “João e o pé de feijão”, “A roupa nova do imperador” e “O príncipe sapo”, entre outras
O autor Adam Gidwitz avisa de cara: os contos de fadas que conhecemos hoje, via livros ou filmes, são bem mais leves, felizes e “água com açúcar” do que as histórias originais que os inspiraram, escritas centenas de anos atrás. Em “Um conto sombrio dos Grimm”, primeiro livro que lançou sobre o tema, Gidwitz revisitou a história de João e Maria escrita originalmente pelos irmãos Grimm com seus sustos, sangue e um toque de terror – mas também com humor.
Agora, na sequência “Outro conto sombrio dos Grimm”, que chega às livrarias em abril pela Galera Junior, o enredo que serve de base para o autor é o de “João e o pé de feijão” – aqui, no entanto, a história segue os passos de João e sua prima, Jill, em busca de um misterioso espelho mágico perdido.
Ao longo da jornada, os dois sobem no tal pé de feijão, enfrentam gigantes, lidam com um vestido feito com tecido que só os mais sofisticados conseguem ver, fazem amizade com um sapo falante e quase caem nas garras de sereias, entre muitas outras aventuras. Como se pode ver, Gidwitz usa uma mistura de referências que inclui, além de “João e o pé de feijão”, contos como “Jack, o matador de gigantes” (ambos de Joseph Jacobs), “A roupa nova do imperador”, de Hans Christian Andersen, e “O príncipe sapo”, dos Irmãos Grimm.
O texto é pontuado com interferências hilárias do autor, que explica algumas de suas escolhas, avisa sobre algum trecho especificamente nojento da narrativa ou simplesmente faz piada com a história. No fim do livro, Gidwitz inclui um capítulo extra bastante informativo, no qual detalha todas as referências usadas em “Outro conto sombrio dos Grimm”.
TRECHO
“Além de serem primos, vocês podem ver, João e Jill eram melhores amigos. Toda vez que um visitava o outro, eles brincavam de jogos imaginários e contavam histórias e inventavam piadas idiotas juntos. E, se vez em quando, se realmente precisavam, eles passavam o braço em volta do ombro do outro.
Ah, quero apresentá-lo a alguém – disse Jill.
Ela enfiou a mão dentro de seu cobertor marrom e tirou um sapo.
– Ohh! – gritou João. – Um sapão gordo! – E segurou o sapo, levantando-o no alto.
Jill tentou impedi-lo, mas João estava muito animado.
– Ele é grande e é gordo e só tem três patas!
Então Jill falou:
– João, acho que ele está fazendo xixi em você.
João gritou e soltou o sapo. A menina olhou para o anfíbio esborrachado no solo.
– Sinto muito, Sapo – falou ela.
– Está tudo bem – respondeu ele. – Meninos são assim mesmo.
João olhou fixamente para o sapo, então para Jill, então novamente para o sapo.
– Ele falou? – perguntou João. – E você acabou de se desculpar com ele? Ele fez xixi em mim!
– Sim – respondeu Jill. – Você não deveria ser tão bruto com ele.
O sapo sorriu para Jill e falou, muito simplesmente:
– Obrigado.
João olhou para o sapo com a boca aberta. Depois de algum tempo, disse:
– Isso é incrível.
– Viu? – falou ela para o sapo. Eu disse que ele ia gostar de você.
– Nesse caso – disse sapo –, João, sinto muito por ter feito xixi em você. Nós, sapos, não temos muitas defesas, sabe.
O menino riu e ofereceu um sorriso meio amarelo.
– Está tudo bem – respondeu ele. – Meninos também não têm.
E, imediatamente, os três se tornaram amigos.
E, se o dia tivesse acabado ali, teria sido de fato um dia extremamente agitado.
Mas não acabou ali.
Se tivesse, muito sofrimento, muito derramamento de sangue e muitas lágrimas teriam sido evitados.
Na verdade, se vocês são o tipo de pessoa que não gosta de ler sobre sofrimento, derramamento de sangue e lágrimas, por que não fingem que o dia acabou ali e fecham o livro agora mesmo?
Por outro lado, se vocês são o tipo de pessoa que gosta de ler sobre sofrimento, derramamento de sangue e lágrimas... bem, posso perguntar educadamente:
– O que há de errado com vocês?”
Adam Gidwitz cresceu em Baltimore. Atualmente, mora no Brooklyn e leciona na Saint Ann’s School. Mais sobre seu trabalho em www.adamgidwitz.com.
Livro: Outro conto sombrio dos Grimm (In a glass Grimmly)
Autor: Adam Gidwitz
Páginas: 352
Tradutor: Rodrigo Abreu
Editora: Galera Junior | Grupo Editorial Record
O autor Adam Gidwitz avisa de cara: os contos de fadas que conhecemos hoje, via livros ou filmes, são bem mais leves, felizes e “água com açúcar” do que as histórias originais que os inspiraram, escritas centenas de anos atrás. Em “Um conto sombrio dos Grimm”, primeiro livro que lançou sobre o tema, Gidwitz revisitou a história de João e Maria escrita originalmente pelos irmãos Grimm com seus sustos, sangue e um toque de terror – mas também com humor.
Agora, na sequência “Outro conto sombrio dos Grimm”, que chega às livrarias em abril pela Galera Junior, o enredo que serve de base para o autor é o de “João e o pé de feijão” – aqui, no entanto, a história segue os passos de João e sua prima, Jill, em busca de um misterioso espelho mágico perdido.
Ao longo da jornada, os dois sobem no tal pé de feijão, enfrentam gigantes, lidam com um vestido feito com tecido que só os mais sofisticados conseguem ver, fazem amizade com um sapo falante e quase caem nas garras de sereias, entre muitas outras aventuras. Como se pode ver, Gidwitz usa uma mistura de referências que inclui, além de “João e o pé de feijão”, contos como “Jack, o matador de gigantes” (ambos de Joseph Jacobs), “A roupa nova do imperador”, de Hans Christian Andersen, e “O príncipe sapo”, dos Irmãos Grimm.
O texto é pontuado com interferências hilárias do autor, que explica algumas de suas escolhas, avisa sobre algum trecho especificamente nojento da narrativa ou simplesmente faz piada com a história. No fim do livro, Gidwitz inclui um capítulo extra bastante informativo, no qual detalha todas as referências usadas em “Outro conto sombrio dos Grimm”.
TRECHO
“Além de serem primos, vocês podem ver, João e Jill eram melhores amigos. Toda vez que um visitava o outro, eles brincavam de jogos imaginários e contavam histórias e inventavam piadas idiotas juntos. E, se vez em quando, se realmente precisavam, eles passavam o braço em volta do ombro do outro.
Ah, quero apresentá-lo a alguém – disse Jill.
Ela enfiou a mão dentro de seu cobertor marrom e tirou um sapo.
– Ohh! – gritou João. – Um sapão gordo! – E segurou o sapo, levantando-o no alto.
Jill tentou impedi-lo, mas João estava muito animado.
– Ele é grande e é gordo e só tem três patas!
Então Jill falou:
– João, acho que ele está fazendo xixi em você.
João gritou e soltou o sapo. A menina olhou para o anfíbio esborrachado no solo.
– Sinto muito, Sapo – falou ela.
– Está tudo bem – respondeu ele. – Meninos são assim mesmo.
João olhou fixamente para o sapo, então para Jill, então novamente para o sapo.
– Ele falou? – perguntou João. – E você acabou de se desculpar com ele? Ele fez xixi em mim!
– Sim – respondeu Jill. – Você não deveria ser tão bruto com ele.
O sapo sorriu para Jill e falou, muito simplesmente:
– Obrigado.
João olhou para o sapo com a boca aberta. Depois de algum tempo, disse:
– Isso é incrível.
– Viu? – falou ela para o sapo. Eu disse que ele ia gostar de você.
– Nesse caso – disse sapo –, João, sinto muito por ter feito xixi em você. Nós, sapos, não temos muitas defesas, sabe.
O menino riu e ofereceu um sorriso meio amarelo.
– Está tudo bem – respondeu ele. – Meninos também não têm.
E, imediatamente, os três se tornaram amigos.
E, se o dia tivesse acabado ali, teria sido de fato um dia extremamente agitado.
Mas não acabou ali.
Se tivesse, muito sofrimento, muito derramamento de sangue e muitas lágrimas teriam sido evitados.
Na verdade, se vocês são o tipo de pessoa que não gosta de ler sobre sofrimento, derramamento de sangue e lágrimas, por que não fingem que o dia acabou ali e fecham o livro agora mesmo?
Por outro lado, se vocês são o tipo de pessoa que gosta de ler sobre sofrimento, derramamento de sangue e lágrimas... bem, posso perguntar educadamente:
– O que há de errado com vocês?”
Adam Gidwitz cresceu em Baltimore. Atualmente, mora no Brooklyn e leciona na Saint Ann’s School. Mais sobre seu trabalho em www.adamgidwitz.com.
Livro: Outro conto sombrio dos Grimm (In a glass Grimmly)
Autor: Adam Gidwitz
Páginas: 352
Tradutor: Rodrigo Abreu
Editora: Galera Junior | Grupo Editorial Record
0 comments:
Postar um comentário
Deixe-nos uma mensagem.