Com o debut, o músico visita o experimental, a marcha-rancho, o space rock, a jovem guarda e faz uso do spoken word para dar vazão às suas lamúrias. O disco conta com participações de integrantes da Geração TrisTherezina (coletivo de artistas visuais, escritores e músicos do Piauí) e foi gravado no ATM Estúdio, tendo sido mixado por Arthur Raulino. Quem assume as baquetas é Marciano Calixto, irmão de Valciãn, que gravou todos os instrumentos de harmonia como baixo, guitarras, sintetizadores, teclados e violão.
Tal qual o livro de poesias "Reminiscências do Caseiro Genival", lançado pelo artista em 2015, o disco aborda temas como suicídio, assédio, abuso de autoridade, loucura, assuntos que ora são tabus, ora são tristes estatísticas em uma cidade como Teresina que sofre o paradoxo do desenvolvimento urbano versus o provincianismo moral em todas as camadas sociais.
As gravações para o álbum tiveram início ainda em setembro de 2015 e foram finalizadas em fevereiro deste ano. A palavra “foda”, que dá nome ao disco ganha, entre outros, valores positivos e negativos com esse lançamento, tendo em vista as dificuldades para se produzir e lançar, fazer a música circular, criar público bem como a superação de todos esses e outros limites, artísticos ou estruturais, realizando aquilo que se acredita sem fazer concessões que comprometam a qualidade da obra. Isso fica claro citando versos de uma das faixas do próprio disco de Valciãn, onde o músico canta como numa espécie de mantra a frase “nunca entregar os pontos”.
"Foda!" ganha lançamento em cerca de 30 plataformas digitais pelo 180 Selo Fonográfico, incluindo todas principais lojas online e serviços de streaming, como iTunes, Spotify, Deezer, Google Play, Tidal, Amazon, entre outros. O disco também está disponível para download grátis no site oficial do artista e no bandcamp. Site oficial do artista: http://www.valciancalixto.com.br/.
Integrante do movimento Geração TrisTherezina, que tem como bandas Cidade Estéril, Cianeto HC, Flores Radioativas, Dzaia, Old School Kids e Doce de Sal, Valciãn Calixto, que também é guitarrista nesta última, só teve contato com o instrumento elétrico aos 17 anos, o que quase o fez desistir e ser apenas violonista.
Daí a montar uma banda, o passo foi talvez o mais curto de sua vida. Com a Doce de Sal, Valciãn gravou uma fita demo muito pouco divulgada e lançou três singles em 2014, um deles, “Menina do Olho de Opala”, com participação de Igor Filus, da curitibana Charme Chulo.
Os shows pela cidade, em eventos quase sempre organizados pelas próprias bandas, colocaram, ainda que maneira arredia, a Doce de Sal na cena musical teresinense. Para não se isolar, Valciãn junto de mais alguns comparsas, formou o que conheceremos como Geração TrisTherezina, coletivo com artistas visuais, escritores e músicos do Piauí.
Em 2015 Valciãn publicou seu primeiro livro, “Reminiscências do caseiro Genival” e, após encerrar a primeira tiragem da obra, foi logo soltando o single dissonante “Teoria do Abacaxi”, para anunciar o disco solo lançado em 2016.
Portador do mal de sua época, a ansiedade, liberou mais uma mostra do álbum, “Núcleos de Um Romance Engavetado”, revelando seu lado experimental numa faixa de sete minutos com participação de amigos e integrantes da Geração TrisTherezina relatando casos diários de assédio moral e sexual à mulheres de todo o mundo. “É uma música bastante amarga e tensa, mas de abordagem bem necessária para esses nossos dias”, conta.
Influenciado por nomes como C.W. Stoneking, Elizeth Cardoso, Jimi Tents, Sasha Keable, Isobel Campbell, Algiers e Timbalada, o piauiense conta que as dez faixas de seu debut carregam uma ideia que mistura desde a agressividade do punk aliado a melodiosas formas e possibilidades rítmicas do axé, resultando naquilo que o músico costuma chamar de “Axé Punk”.
O álbum finalizado no ATM Estúdio em Teresina foi captado pelo músico Arthur Raulino, direção e arranjos do próprio Valciãn, que gravou todos os instrumentos de harmonia como guitarras, baixo e teclados, tendo a bateria ficado a cargo de seu irmão, Marciano Calixto.
Gravado da maneira mais independente possível, sem gravadora, edital, lei de incentivo nem nada, Valciãn lembra que precisou vender guitarras e alguns pedais para pagar as gravações, esforço que nos diz muito sobre o artista do Piauí que começa a aparecer para o Brasil da melhor maneira possível, produzindo muito.
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