sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

.: Janis Joplin, a eterna redescoberta da pérola do blues‏

Por Luiz Gomes Otero
Em fevereiro de 2016

O documentário produzido em 2015 por Amy Berg, "Janis: Little Girl Blue" trouxe de volta à tona o mito que foi a cantora Janis Joplin, que morreu precocemente aos 27 anos em 1970, vítima do vício das drogas e seus excessos. 

E a trilha dessa produção, que ainda será exibida em solo brasileiro, é uma ótima oportunidade para conhecer um pouco dessa obra, que apesar do curto espaço de tempo (só lançou três álbuns), deixou uma marca que impressiona até hoje, baseada na incrível força de intérprete que ela tinha.

Quando falamos de força da cantora, parece até que estamos atribuindo isso a questão dos berros nas canções. Na verdade, a força do canto de Janis vem de uma forma muito mais intensa de sua própria alma. Ela teve como escola o blues, com nomes como Bessie Smith e Etta James, só para citar dois exemplos, além da influência folk de Leadbelly. Essa conjunção de fatores, aliadas a força do rock´n roll e da soul music, explicam a fórmula que ela costumava usar ao soltar a voz.

A trilha do documentário tem o mérito de focar em algumas canções menos conhecidas de seu repertório, como "Careless Love", gravada ao vivo no início de carreira, com voz e violão, e as ótimas "Trust Me" (uma balada bem ao estilo do final dos anos 60) e "Get It While You Can" (blues até o último fio de cabelo). 


Há também hits indispensáveis, como "Maybe" (uma das mais belas de seu repertório) e "Me And Bobby McGee" (que se tornou um hit do disco Pearl, lançado depois de sua morte). Ao vivo, Janis era pura nitroglicerina, pronta para explodir logo ao primeiro acorde da canção. Experimente ouvir as faixas energéticas "Tell Mama" e "Raise Your Hand" para ter a certeza disso.

A canção que dá nome ao documentário, "Little Girl Blue", encerra a coletânea de uma forma magistral. É ali que Janis se encontrava com a emoção: frente a frente com o microfone, cantando com o coração e a alma. O timbre forte de sua voz só realçava a força da interpretação, de uma forma única, singular. Por muitos anos surgiram cantoras que tentavam imitá-la ou chegar aos seus pés. Mas é preciso sempre relembrar que Janis era única. Inimitável. Uma joia rara do blues e do rock.


"Little Girl Blue"

"Maybe"

"Me And Bobby McGee"

Sobre o autor
Luiz Gomes Otero é jornalista formado em 1987 pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Trabalhou no jornal A Tribuna de 1996 a 2011 e atualmente é assessor de imprensa e colaborador dos sites Juicy SantosLérias e Lixos e Resenhando.com. Recentemente, criou a página Musicalidades, que agrega os textos escritos por ele.





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