Por André Araújo
Em janeiro de 2016
Para atrair público antes da estreia, “A Regra do Jogo” foi "vendida" para o telespectador como “a novela do mesmo autor de “Avenida Brasil”, o grande sucesso das novelas de 2012.
De fato, chamariz melhor não poderia haver,uma vez que sua antecessora, ”Babilônia”, de Gilberto Braga, fez a Rede Globo puxar os próprios cabelos desde seu segundo capítulo, despencando dia após dia, piorando ainda mais quando o telespectador resolveu, de vez, escolher “Os Dez Mandamentos”, de Vívian de Oliveira, na Rede Record, como a “real novela das nove”.
Enfim, ”Babilônia” fez com que todo mundo mudasse de canal em seu horário de exibição e a emissora dos Marinho teve de "rebolar" para colocar no ar algo que trouxesse esses telespectadores de volta. Acontece que quando a nova novela do autor João Emanuel Carneiro estreou em 31 de agosto 2015, a trama da emissora do Bispo Edir Macedo estava no auge. A Vênus Platinada foi mesmo ingênua em acreditar que a substituta da novela do autor de “Vale Tudo” fosse “reerguer” o velho horário nobre em um simples estalar de dedos. Esse foi o erro número um.
Se “Os Dez Mandamentos” estava no auge, e faltavam 60 capítulos para seu término, dava para esperar mais um pouco. Certamente o público teria voltado para a Rede Globo. Em 1999, a novela “Suave Veneno” (alguém lembra?), de Aguinaldo Silva foi um grande fiasco desde sua estreia, em 18 de janeiro, mas “Terra Nostra”, de Benedito Rui Barbosa, só estreou mesmo quando estava verdadeiramente pronta. E deu certo, mesmo sendo uma história que tenha dado sono logo após a primeira fase, mas o Ibope já estava ganho, não havia concorrência e o sucesso foi absoluto.
O erro número dois de “A Regra do Jogo” foi a enxurrada de personagens que ninguém sabia conseguia definir. Afinal, quem era vilão e quem era mocinho da trama? Se a favela “Morro da Macaca” poderia ter sido vista como uma “parte do Brasil”, o telespectador se mostrou cansado com a “novidade”, uma vez que o enredo ali apresentado no trama do elogiado autor podia ser vista em todos os telejornais sensacionalistas que costumam explorar a desgraça alheia. Manhã, tarde ou noite, o que não falta na TV são “telejornais” como o “Brasil Urgente!”. Quer ver desgraça? Liguem em qualquer canal e lá está história infeliz para todos os gostos. Como dizia Janete Clair, seu compromisso era com o “sonho”. E sempre foi isso que os telespectadores queriam ver nas novelas, mesmo que vez ou outra uma trama “realista” conseguisse algum sucesso. Apresentar um “Universo” cheio de realismo sujo como esse de “A Regra do Jogo” deu mesmo uma grande “embrulhada” no estômago de todo mundo que decidiu optar pela novela da Rede Globo.
Erro número três: trama totalmente masculina. Por mais que homens e mulheres acompanhem novelas quase no mesmo nível, telenovelas sempre foram escritas para mulheres. E do que as mulheres gostam na TV? De histórias de amor,vingança e embate entre vilã e mocinha pelo amor do grande herói da história que, em geral, tem personalidade definida, mesmo que em certos capítulos se revele dúbio. Mas é aí onde entra a magia da coisa: o telespectador precisa torcer por alguém.
Erro número quatro: anti-herói não dá mais ibope como já deu nas novelas do passado, a não ser que seja uma comédia pastelão bem nos moldes das novelas do Carlos Lombardi. E o excesso de tramas paralelas chatas fizeram com que a trama central ficasse quase em segundo plano. Afinal, quem é Atena (Giovana Antonelli)? Tóia (Vanessa Giácomo) é de fato a mocinha da trama? E o mocinho, quem é? Juliano (Cauã Reymond) ou Romero (Alexandre Nero)?
Quando anunciou-se “A Regra do Jogo”, todo o público esperou por uma mistura de “A Favorita”(2008) com “Avenida Brasil(2012), mesmo que isso não fosse dito, mas o que temos visto na novela tem ficado muito aquém do que se esperou. E, por falar em “Avenida Brasil”, o autor João Emanuel Carneiro apostou mesmo todas as suas fichas na trama central, uma vez que as tramas paralelas da novela não diziam nada. Em “A Regra do Jogo”, temos o inverso, pois a novela conta com excessivas histórias secundárias, deixando a história central meio “vazia”.
Ainda dá tempo de dar uma "melhorada" e fechar a novela com uma audiência incrível,uma vez que o interesse do telespectador pela trama tem crescido em todo o Brasil. Fica a dica, João Emanuel Carneiro!
André Araújo é um apaixonado por novelas. Tanto que ele escreve algumas por aí e publica pela internet, arrebatando fãs e distribuindo inspiração. Da cabeça dele já saíram grandes personagens. Entre as novelas virtuais, é autor de "Uma Vez Na Vida! e "Flor de Cera", que será lançada em breve e tem até grupo no Facebook - neste link.
Em janeiro de 2016
Para atrair público antes da estreia, “A Regra do Jogo” foi "vendida" para o telespectador como “a novela do mesmo autor de “Avenida Brasil”, o grande sucesso das novelas de 2012.
De fato, chamariz melhor não poderia haver,uma vez que sua antecessora, ”Babilônia”, de Gilberto Braga, fez a Rede Globo puxar os próprios cabelos desde seu segundo capítulo, despencando dia após dia, piorando ainda mais quando o telespectador resolveu, de vez, escolher “Os Dez Mandamentos”, de Vívian de Oliveira, na Rede Record, como a “real novela das nove”.
Enfim, ”Babilônia” fez com que todo mundo mudasse de canal em seu horário de exibição e a emissora dos Marinho teve de "rebolar" para colocar no ar algo que trouxesse esses telespectadores de volta. Acontece que quando a nova novela do autor João Emanuel Carneiro estreou em 31 de agosto 2015, a trama da emissora do Bispo Edir Macedo estava no auge. A Vênus Platinada foi mesmo ingênua em acreditar que a substituta da novela do autor de “Vale Tudo” fosse “reerguer” o velho horário nobre em um simples estalar de dedos. Esse foi o erro número um.
Se “Os Dez Mandamentos” estava no auge, e faltavam 60 capítulos para seu término, dava para esperar mais um pouco. Certamente o público teria voltado para a Rede Globo. Em 1999, a novela “Suave Veneno” (alguém lembra?), de Aguinaldo Silva foi um grande fiasco desde sua estreia, em 18 de janeiro, mas “Terra Nostra”, de Benedito Rui Barbosa, só estreou mesmo quando estava verdadeiramente pronta. E deu certo, mesmo sendo uma história que tenha dado sono logo após a primeira fase, mas o Ibope já estava ganho, não havia concorrência e o sucesso foi absoluto.
O erro número dois de “A Regra do Jogo” foi a enxurrada de personagens que ninguém sabia conseguia definir. Afinal, quem era vilão e quem era mocinho da trama? Se a favela “Morro da Macaca” poderia ter sido vista como uma “parte do Brasil”, o telespectador se mostrou cansado com a “novidade”, uma vez que o enredo ali apresentado no trama do elogiado autor podia ser vista em todos os telejornais sensacionalistas que costumam explorar a desgraça alheia. Manhã, tarde ou noite, o que não falta na TV são “telejornais” como o “Brasil Urgente!”. Quer ver desgraça? Liguem em qualquer canal e lá está história infeliz para todos os gostos. Como dizia Janete Clair, seu compromisso era com o “sonho”. E sempre foi isso que os telespectadores queriam ver nas novelas, mesmo que vez ou outra uma trama “realista” conseguisse algum sucesso. Apresentar um “Universo” cheio de realismo sujo como esse de “A Regra do Jogo” deu mesmo uma grande “embrulhada” no estômago de todo mundo que decidiu optar pela novela da Rede Globo.
Erro número três: trama totalmente masculina. Por mais que homens e mulheres acompanhem novelas quase no mesmo nível, telenovelas sempre foram escritas para mulheres. E do que as mulheres gostam na TV? De histórias de amor,vingança e embate entre vilã e mocinha pelo amor do grande herói da história que, em geral, tem personalidade definida, mesmo que em certos capítulos se revele dúbio. Mas é aí onde entra a magia da coisa: o telespectador precisa torcer por alguém.
Erro número quatro: anti-herói não dá mais ibope como já deu nas novelas do passado, a não ser que seja uma comédia pastelão bem nos moldes das novelas do Carlos Lombardi. E o excesso de tramas paralelas chatas fizeram com que a trama central ficasse quase em segundo plano. Afinal, quem é Atena (Giovana Antonelli)? Tóia (Vanessa Giácomo) é de fato a mocinha da trama? E o mocinho, quem é? Juliano (Cauã Reymond) ou Romero (Alexandre Nero)?
Quando anunciou-se “A Regra do Jogo”, todo o público esperou por uma mistura de “A Favorita”(2008) com “Avenida Brasil(2012), mesmo que isso não fosse dito, mas o que temos visto na novela tem ficado muito aquém do que se esperou. E, por falar em “Avenida Brasil”, o autor João Emanuel Carneiro apostou mesmo todas as suas fichas na trama central, uma vez que as tramas paralelas da novela não diziam nada. Em “A Regra do Jogo”, temos o inverso, pois a novela conta com excessivas histórias secundárias, deixando a história central meio “vazia”.
Ainda dá tempo de dar uma "melhorada" e fechar a novela com uma audiência incrível,uma vez que o interesse do telespectador pela trama tem crescido em todo o Brasil. Fica a dica, João Emanuel Carneiro!
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André Araújo é um apaixonado por novelas. Tanto que ele escreve algumas por aí e publica pela internet, arrebatando fãs e distribuindo inspiração. Da cabeça dele já saíram grandes personagens. Entre as novelas virtuais, é autor de "Uma Vez Na Vida! e "Flor de Cera", que será lançada em breve e tem até grupo no Facebook - neste link.
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