Era uma vez uma moda: falar mal do cinema brasileiro. Se tivesse sucesso de bilheteria, aí então a maledicência, principalmente de alguns intelectuais, só aumentava. Esses casos se repetem sistematicamente em nossa história e as produções da companhia cinematográfica Atlântida, que produziu filmes entre 1942 e 1962, era um dos alvos favoritos desse embate.
Uma tese de doutorado do Instituto de Artes da Unicamp, entretanto, vai na contramão dos preconceitos e faz uma releitura daquilo que se desprezava: a pesquisa “Canções e Cantores nos Filmes da Atlântida”, da professora Sandra Ciocci, defendida e aprovada em novembro deste ano.
A pesquisadora destaca em especial o trabalho do cineasta Carlos Manga, recentemente falecido, como o pai de uma estética nacional, bem-sucedida comercialmente. “Ao tentar reproduzir o estilo norte-americano de cinema, ele superou limitações técnicas e orçamentárias e terminou não por copiar um modelo, mas sim por construir uma maneira nacional de conquistar plateias e desenvolver um modo brasileiro de fazer cinema”, afirmou Sandra Ciocci.
“Carlos Manga nunca atingiu seu objetivo, e é nesse ‘fracasso’ que reside a maior riqueza de seu trabalho”, expõe a autora no doutorado, que abrangeu o estudo dos mais de 50 filmes produzidos pela companhia. Nem todos puderam ser acessados devido à perda de cópias para pesquisa, mas o estudo revela a história de uma arte que busca, à sua maneira, um modelo de sustentabilidade econômica e sua aceitação junto ao grande público brasileiro.
Sobre a autora
Sandra Ciocci Ferreira integra o grupo de pesquisa em música e sound design aplicados à dramaturgia e ao audiovisual na Unicamp e pesquisa a trilha musical do cinema brasileiro nas décadas de 1940 e 1950. Formou-se em Artes pela PUC - Campinas e em Música pela Unicamp. Em 2008, concluiu o mestrado em Música pela Unicamp sobre o mesmo tema: a trilha sonora da cinematografia brasileiras nas décadas de 1940 e 1950.
Ela é voluntária da Cia Florada, do Grupo Primavera, na região do bairro São Marcos de Campinas. No projeto social, 700 crianças são acolhidas diariamente e têm acesso a aulas de artes cênicas, dança, música e línguas, além de informática e reforço escolar. A autora é casada com o prefeito de Campinas, Jonas Donizette Ferreira.
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
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