Em 1855, apenas 16 anos após a invenção oficial da fotografia, o alemão Franz Seraph Hanfstaengl espantou o mundo ao apresentar na "Exposição Universal de Paris", a primeira em que fotografias foram expostas, a técnica de retocar imagens. Ao mostrar a mesma fotografia com e sem retoque, Hanfstaengl descortinou a possibilidade desse “espelho mágico” simular uma situação, ou seja, criar uma nova “realidade”.
Uma fotopintura, portanto, traz nas suas duplas camadas o embate histórico da representação que tem a pintura e a fotografia como protagonistas. De Disdéri, no século XIX, aos fotopintores da região do Cariri da segunda metade do século XX, pouca coisa mudou do ponto de vista conceitual.
A coleção de fotopinturas de Titus Riedl possui, sobretudo, obras produzidas entre 1950 e o final dos anos 90, ou seja, no período em que a fotografia digital ainda não havia massificado e expandido a circulação de imagens como nos dias de hoje. Em diversas imagens das 34 expostas nesta exposição, sem que nos apercebamos, estamos diante de retratos de pessoas mortas fotografadas no seu leito mortuário. Eles retornam à vida pela destreza de alguns fotopintores que habilmente reabrem seus olhos, já fechados para sempre no original fotográfico. A pintura ressuscita aquilo que a fotografia atestou como morto.
É na diversidade de estilos, na riqueza contida na recriação do povo nordestino, nos laços de afetividade visíveis, nos detalhes do vestuário, das texturas, nos contrastes de cores saturadas e no embate entre verossimilhança e criação artística que repousa um testemunho belo e pulsante da cultura popular sobre nossa identidade. A exposição estará aberta ao público até 16 de janeiro de 2016 na Galeria de Arte Patrícia Galvão, à Av. Senador Pinheiro Machado, 48, 3º piso, de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h, e aos sábados, das 13h às 18h.
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